Dulce Almeida repassa R$ 9,6 milhões a duas empresas de merenda escolar

MANAUS (AM) – A secretária municipal de Educação, Dulce Almeida, irmã do prefeito de Manaus e candidato à reeleição, David Almeida (Avante), gastou um valor que ultrapassa R$ 9, 6 milhões, no período de 2021 a 2024, com o fornecimento de merenda escolar, conforme apuração da CENARIUM. Os valores são referentes a contratos firmados com apenas duas empresas que mais receberam os repasses, são elas: TL Comércio de Produtos Alimentícios LTDA. e VIP Comércios, que mudou o nome para JK Serviços e Comércio de Gêneros Alimentícios LTDA.

O fornecimento feito pelas empresas tem a carne bovina como alimento predominante entre os principais fornecidos, segundo os contratos disponibilizados no Portal da Transparência do município. Os documentos acessados pela CENARIUM apontam que a quantidade de carne bovina fornecida por duas dessas empresas chegou a 170 mil unidades, com valor unitário entre R$ 20,15 e R$ 20,99, totalizando um gasto de R$ 3.509.500,00.

TL Comércio de Produtos Alimentícios LTDA 

A empresa TL Comércio de Produtos Alimentícios LTDA-ME garantiu contrato milionário com a Semed entre 2023 e 2024. Os dados que constam no Portal da Transparência apontam que a contratação do serviço prevê o fornecimento de itens para merenda escolar dos alunos com produtos como açúcar, macarrão e óleo de soja. Desse fornecimento, os valores chegaram a um total de R$ 5.844.500,00 com fornecimento previsto para o período de um ano, iniciado em 29 de abril de 2023 até 29 de abril de 2024.

Já no período de 23 de fevereiro de 2023 a 23 de fevereiro de 2024, a empresa também foi a responsável pelo fornecimento de 100.000 unidades de carne bovina e os valores chegaram a R$ 2.099.000,00 pagos pela Secretaria de Educação (Semed).

Contratações pela Semed

Os dados consultados pela CENARIUM apontam que, ao todo, a empresa JK Serviços e Comércio de Gêneros LTDA firmou contratos milionários com a Semed. O documento não especifica quais são os serviços fornecidos pela empresa cujos valores contratados apenas em 2021 somam mais de R$ 2.555.296,20. Em 2022, a empresa passou a atender outras secretarias municipais, mas manteve a Semed como cliente predominante, totalizando contratos em R$ 170.501.852,00.

No ano seguinte, o valor recebido pela empresa por meio de contratos chegaram a R$ 357.415.50,00 conforme cálculos feitos.

Outros contratos

Além disso, em agosto, a titular da Semed, Dulcineia Almeida, irmã do prefeito de Manaus, David Almeida (Avante), voltou a renovar contratos milionários para o aluguel de equipamentos de sonorização que ficarão à disposição da pasta. Mesmo após denúncias sobre a má qualidade das refeições oferecidas nas unidades de ensino da capital.

Ao todo, foram assinados, em 31 de maio deste ano, três aditivos com empresas diferentes que somam em valor global mais de R$ 3,6 milhões, conforme divulgação feita na reportagem da CENARIUM.

De acordo com o extrato publicado no Diário Oficial da Prefeitura de Manaus, em 31 de maio, a FM Indústria Gráfica e Locação de Máquinas e Equipamentos LTDA., empresa contemplada com a manutenção do contrato, receberá mais de R$ 1.2 milhão em valor global para a prestação do serviço. O documento, porém, não especifica onde os serviços serão empregados. 

Qualidade da merenda

Os contratos assinados pela pasta da Educação municipal contrastam com a qualidade do ensino escolar ofertado nas escolas municipais de Manaus. Em maio deste ano, vereadores da capital amazonense criticaram a alimentação oferecida às crianças em unidades de ensino da capital amazonense. Na época, a vereadora Professora Jacqueline (UB) e o vereador Elissandro Bessa (PSB) denunciaram que os alunos estavam recebendo suco com bolacha.

De acordo com Bessa, na época, o município distribui biscoitos e suco de caju como lanche. “O valor que vem para as merendas é vultuoso”, disse Bessa.

Após as críticas, o vereador professor Samuel (PSD), que integra a base de sustentação de David Almeida na Câmara Municipal, defendeu o sistema de distribuição de merenda do município. “É lógico que a merenda escolar de mais de 500 escolas nunca vai ser uma distribuição perfeita (sic)”, alegou. 

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