‘É a maior estação de pesquisa do planeta’, diz governador do AM sobre barco que vai monitorar qualidade dos rios

Estrutura está montada no barco de pesquisa Roberto dos Santos Vieira, que conta com laboratórios e equipe de pesquisadores (Ricardo Oliveira/Cenarium)

Bruno Pacheco – Da Revista Cenarium

MANAUS — Em uma estrutura montada no barco de pesquisa Roberto dos Santos Vieira, inaugurado nesta terça-feira, 15, pelo governador Wilson Lima (União Brasil), no Estaleiro Juruá, em Iranduba, pesquisadores vão estudar a qualidade das águas dos rios do Amazonas em uma das maiores ações de monitoramento ambiental do Brasil. A iniciativa faz parte do Programa de Monitoramento de Água, Ar e Solos do governo estadual (ProQAS/AM).

“Estamos entregando um barco-laboratório para analisar a qualidade da água, do ar e do solo. Isso é algo inédito. É a maior estação de pesquisa do planeta e não poderia ser diferente no Estado do Amazonas, que tem a maior reserva de água doce do mundo. Inicialmente, o trabalho ficará focado em Manaus, nas regiões do Tarumã, Tarumã-mirim, Puraquequara, Bacia do São Raimundo; depois o projeto fará algumas expedições pelo Estado”, destacou o governador Wilson Lima.

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Segundo o governador Wilson Lima, o barco é a maior estação de pesquisa do planeta (Ricardo Oliveira/Cenarium)

O barco foi cedido à Universidade do Estado do Amazonas (UEA), por meio de Acordo de Cooperação Técnica (ACT) com o Instituto de Proteção Ambiental do Amazonas (Ipaam), para o trabalho de monitoramento do ProQAS/AM.

Segundo o governador, a embarcação foi doada pela Distribuidora Atem e conta com quatro laboratórios para as pesquisas que pretendem analisar as variações que ocorrem nos efeitos físicos, químicos e biológicos da água por ação das atividades humanas e de fenômenos naturais.

“Não tem como a gente preservar a floresta se a gente não preservar o homem e não der condições mínimas de sobrevivência para quem está lá no Juruá, Purus, por exemplo. A floresta só está em pé por causa desses homens e ela só faz sentido estar em pé se a gente estiver água potável para dar a essas pessoas”, reforçou Wilson Lima.

Equipamento

O equipamento de monitoramento está sendo montado com recursos do Fundo Estadual de Meio Ambiente (Fema), vinculado à Secretaria de Estado do Meio (Sema), que tem cerca de R$ 40 milhões para desenvolver programas voltados para pautas ambientais. Com a iniciativa, os pesquisadores analisarão as águas dos rios do Amazonas para saber quais são próprias para o consumo. Os estudos servirão para indicar quais políticas públicas de preservação que o governo do Estado deve tomar.

“Esse barco vai ser fundamental na questão ambiental e dizer qual caminho temos que seguir, quais políticas públicas temos que implementar para a proteção ao meio ambiente. O projeto vai além, porque perpassa por questões para nossa sobrevivência, como as econômicas, sociais e de saúde. É importante sabermos a qualidade das águas desses rios e sabermos se são próprias para consumo”, salientou o governador do Amazonas.

Embarcação custou cerca de R$ 8 milhões (Ricardo Oliveira/Cenarium)

O barco custou cerca de R$ 8 milhões com recursos do Grupo Atem, do Fundo Estadual do Meio Ambiente e do Instituto de Proteção Ambiental do Amazonas (Ipaam). A primeira fase de monitoramento deve iniciar no final do mês de abril, segundo o professor Sérgio Duvoisin, coordenador do grupo de pesquisa de Química Aplicada à Tecnologia da UEA.

“Esse primeiro projeto vai começar agora no final de abril, quando faremos o monitoramento da qualidade dessas cinco bacias de banham Manaus e a cada três meses teremos uma campanha nova. A ideia é, a cada ano que passar, ter quatro coletas para gerar dados. Quando estamos resolvendo um problema, precisamos saber a extensão dele. E a partir de agora, esses projetos de monitoramento do programa vão subsidiar a gestão pública para melhores ações nessas bacias”, destacou Sérgio Duvoisin.

Debate mundial

A inauguração do barco e o lançamento do programa de monitoramento ambiental no Amazonas, para o governador Wilson Lima, tem importância mundial e surgem num contexto que antecede os debates sobre problemáticas e soluções para as mudanças climáticas e o desmatamento em Estados e províncias de florestas tropicais do mundo, que serão promovidas em Manaus, entre os dias 16 a 18 de março, na Reunião Anual da Força-Tarefa de Governadores pelo Clima e Florestas (GCF Task Force).

O evento, organizado em parceria com o governo do Estado, por meio da Secretaria de Meio Ambiente (Sema), terá a participação de mais de 300 autoridades, lideranças e convidados de dez países, como Colômbia, Costa do Marfim, Equador, Indonésia, México, Nigéria e Peru. A reunião também será transmitido simultaneamente no site: www.gcftf.org.

“É o primeiro evento do GCF desde o início da pandemia e o primeiro grande evento ambiental da Amazônia, onde o mundo estará com suas atenções voltadas para o Amazonas. Na reunião, iremos divulgar a Carta de Manaus: o Manaus Action Plan, que inclui estratégias de combate ao desmatamento, queimadas e sobretudo, a pobreza. Será um evento muito importante para discutirmos esses caminhos para questões de desenvolvimento sustentável e a conciliação com a preservação da floresta”, ressaltou Wilson Lima.

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