‘É igual a um casamento’, diz Bolsonaro sobre encontro com Biden após os dois lados terem acertado agenda

Presidente da República, Jair Bolsonaro (Valter Campanato/Agência Brasil)
Com informações do Infoglobo

Los Angeles (LA) – Pouco antes do encontro bilateral nesta quinta-feira, 9, com seu homólogo americano Joe Biden, o presidente brasileiro, Jair Bolsonaro, afirmou que só aceitou ir à reunião, que acontece às margens da Cúpula das Américas, nesta quinta-feira, após os dois lados terem acertado uma agenda durante visita ao Brasil, de um enviado americano, em maio, e comparou a relação entre os dois países a um casamento.

— Não aconteceria. Eu não estava previsto para vir aqui. Ele mandou um enviado especial para lá [Brasil] e acertamos a agenda — disse o presidente, que reclamara, anteriormente, que, em outubro do ano passado, no encontro do G20, Biden “passou como se eu não existisse”. — É igual a um casamento: você vai aceitar os meus defeitos, eu vou aceitar os seus e vamos ser felizes.

A caminho do encontro com Biden, Bolsonaro foi questionado por jornalistas sobre os temas que seriam tratados no encontro, mas não deu detalhes, citando apenas como assuntos importantes “Rússia, fertilizantes” e o Brasil “cada vez mais [como] um ator importante para a humanidade”.

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— Vai ter uma conversa reservada também e cada um suscitará seus interesses nessas partes. Nós precisamos aprofundar nosso relacionamento. Eu sempre tive uma enorme consideração com o povo americano, temos valores em comum, como democracia, liberdade, e eu tenho certeza de que será um bom encontro com o presidente americano Biden — disse Bolsonaro. Tem muita coisa para falar, vocês já sabem que o mundo, sem o Brasil, passa fome. É um grande parceiro comercial nosso.

O chefe de Estado Brasileiro não confirmou se os líderes falariam sobre a eleição brasileira. Questionado por uma repórter sobre o que ele diria caso Biden declarasse que confia no pleito brasileiro, disse que não ía responder e devolveu a pergunta à repórter da BBC:

— Não vou responder sobre isso. Você confia na eleição?

— Confio — ela respondeu.

— Então, meus parabéns a você — disse o presidente.

Como Donald Trump nos EUA — de quem o presidente é um grande admirador —, Bolsonaro alega, sem provas, que poderia haver uma fraude orquestrada, através do sistema de urna eletrônica, para favorecer o ex-presidente Lula, que, atualmente, é o favorito para vencer as eleições presidenciais de outubro, segundo pesquisas.

Apesar de se negar a responder se o pleito será tratado no encontro com Biden, um conselheiro do presidente americano disse na quarta-feira, 8, que o líder americano “discutirá eleições abertas, livres, justas, transparentes e democráticas” com Bolsonaro.

Além de ter sido um dos últimos líderes mundiais a reconhecer a vitória de Biden sobre Trump, o presidente brasileiro na terça-feira, 7, voltou a duvidar da vitória do chefe de Estado americano. Perguntado sobre o tema nesta quinta-feira, disse que não foi aos EUA “tratar desse assunto”:

— É o passado, vocês sabem que eu tinha uma excelente relação com o presidente Trump. Isso é passado, o presidente agora é Joe Biden.

Bolsonaro também foi questionado sobre o indigenista Bruno Araújo Pereira e o jornalista britânico Dom Phillips, que estão desaparecidos na Amazônia, e repetiu que eles estavam fazendo uma “aventura” e que não tinha informações sobre o paradeiro deles.

— A gente pede a Deus que sejam encontrados vivos, mas sabemos que a cada dia que passa essas chances diminuem — citando que há quase 300 pessoas na procura, apesar de o trabalho de resgate das autoridades ser criticado pela demora e pela falta de meios de transporte mais adequados. — Eles entraram numa área, não participou a Funai. Tem protocolos a serem seguidos, naquela região, geralmente, você anda escoltado. Foram para uma aventura, a gente lamenta pelo pior.

Democracia em risco na região?

Um dia após Biden fazer uma contundente defesa da democracia, na abertura da cúpula, dizendo que ela é um “ingrediente essencial” da região, Bolsonaro foi questionado se a democracia estava em risco na América Latina.

— Na Venezuela ninguém discute o que está acontecendo. A Argentina está com problemas econômicos sérios, a notícia, agora, é que falta óleo diesel e que isso seria em função da política mais à esquerda do Fernández [presidente do País] — disse Bolsonaro, citando governos de dois chefes de Estados com quem o líder brasileiro já trocou críticas. — O Chile também começa a enfrentar problemas, mas era, talvez, o País mais arrumado da América do Sul. São escolhas, nós somos escravos das escolhas que fizemos.

Ele aproveitou, ainda, para dizer que seus ministros e a liberdade são melhores no seu governo do que em anteriores, afirmando que ele quer aproximação com países democráticos, “como os EUA” — apesar de, basicamente, não ter relação com Biden —, enquanto o “outro lado” — que seria uma referência ao PT, do ex-presidente Lula — quer “exatamente o contrário”.

Durante a conversa com os jornalistas, o presidente brasileiro também disse esperar o fim da guerra na Ucrânia “porque o mundo todo está sofrendo com isso”, voltando a defender seu discurso contrário à quarentena durante a pandemia — estratégia criticada por especialistas.

— O mundo todo está sofrendo com isso, além das consequências do, apoiado pela mídia brasileira, ‘fica em casa e a economia a gente vê depois’. Então, esse fenômeno de inflação, alimentos, combustíveis altos está no mundo todo. O Brasil não está fora desse setor. Se nós tivéssemos refinaria, não estaríamos nessa situação. Jogaram no lixo mais de R$ 100 bilhões de reais.

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