‘É um marco na nossa história’, diz amazonense sobre nível do rio Negro que se iguala à cheia de 2012

Nesta quarta-feira, 16, o nível do rio Negro subiu dois centímetros. (Gabriel Abreu/Revista Cenarium)

Gabriel Abreu – Da Revista Cenarium

MANAUS – “É um marco na nossa história”, afirma a técnica de laboratório Lizandra Lira no dia em que o nível do rio Negro igualou a cheia recorde de 2012 neste domingo, 30, e chegou à marca de 29,97 centímetros. É a segunda maior cheia da história dos últimos 118 anos, ou seja, desde 1902, quando a cota da água começou a ser registrada. Ao todo, 15 bairros da capital foram afetados e aproximadamente 24 mil pessoas.

A subida da água impactou diretamente a vida da população mudando a paisagem e levando milhares de pessoas ao Centro da capital para registrar o fenômeno natural. A praça do Relógio, na avenida Eduardo Ribeiro, e a ponte de madeira improvisada na avenida Floriano Peixoto, são os principais pontos, além da régua situada no porto de Manaus.

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A técnica de laboratório, Lizandra Lira, dedicou o domingo com a família para registrar o fenômeno e resumiu bem o que muitos amazonenses estão fazendo nesses últimos dias em que o nível da água começou a invadir as ruas.

“Neste momento, é muito importante verificar esse processo todo da natureza, mostrando para gente que ela tem um grande poder e que a gente tem que respeitar. É um marco na nossa história, na nossa cidade e a gente pode sim vir visitar. Acabou virando um ponto turístico. Uma forma da gente olhar o que a natureza tem”, disse Lizandra.

Lizandra Lira aproveitou o domingo em que o rio Negro igualou a cheia de 2012. (Gabriel Abreu/Revista Cenarium)

Além da capital, outras 58 das 62 cidades do Amazonas também foram afetadas pela enchente. Segundo a Secretaria Executiva de Ações de Proteção e Defesa Civil, o Estado tem 455.573 pessoas acometidas e 111.096 famílias atingidas pelo desastre.

O mês de janeiro foi muito chuvoso na região de Manaus em toda bacia do rio Negro, e as chuvas continuaram volumosas nas bacias dos rios Negro, Branco, Purus e Juruá. Segundo Renato Cruz Senna, meteorologista do Sistema de Proteção da Amazônia (Sipam), essas bacias contribuem especialmente para a cheia do rio Negro em Manaus. Além disso, está em curso o fenômeno La Niña, que resfria os oceanos e faz com que a zona de formação de nuvens seja empurrada para áreas mais ao norte da região, onde se concentra o fluxo de umidade. “O La Niña está terminando, mas isso não garante que as formações de nuvens se encerrem imediatamente”, afirmou o meteorologista.

Segundo Luna Gripp, pesquisadora em geociências responsável pelo Sistema de Alerta Hidrológico (SAH) da Bacia do Amazonas, o grande volume de chuvas observado no princípio do ano fez com que o nível dos rios amazônicos subisse rapidamente, padrão este que está atuante até agora. Assim, mesmo que o padrão de chuvas observados se mantenha dentro do esperado para o período daqui para frente, o fato dos níveis dos rios já estarem expressivamente altos contribui para as altas probabilidades apresentadas, de observamos cheias de grandes magnitudes nesses rios em 2021.

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