‘É uma nova oportunidade de vida’, diz líder de povos extrativistas que pede cumprimento da imunização de Covid-19 no AM

A região seringueira possui cerca de 180 famílias e 1.077 e recebeu as primeiras doses do imunizante contra Covid-19.(Reprodução/Walben Ferreira)

Carolina Givoni – Da Revista Cenarium

MANAUS – Um pedido para manter a prioridade e cumprimento do plano de vacinação contra Covid-19 nas comunidades tradicionais do Amazonas foi enviado pelo Conselho Nacional das Populações Extrativistas (CNS) às autoridades federais e estaduais. Em entrevista à REVISTA CENARIUM nesta quarta-feira, 24, o coordenador regional da CNS, Dione Torquato, afirma que a medida deve garantir um direito fundamental: a vida.

“As populações tradicionais historicamente são grupos considerados vulneráveis e um dos fatores que contribui para essa relação é a dificuldade do acesso ao atendimento de saúde ocasionado pela ausência de atendimento aos povos, que por sua vez sofrem também com o distanciamento logístico de acesso aos municípios”, detalha Torquato.

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Morador da Resex do rio Gregório sendo imunizado pelo agente de Saúde. (Reprodução/Walben Ferreira)

Dione é um dos signatários do reforço no cumprimento de medidas endereçadas ao Ministério Público Federal (MPF), ao governo estadual e às prefeituras dos municípios do interior do Amazonas. “A vacinação às populações extrativistas é como uma luz no fim do túnel. Uma sensação de inclusão, é uma nova oportunidade de vida”, completa Torquato.

Pedido

A CNS se baseou na Lei Federal 13.979 de 2020 que define as prioridades na aplicação e distribuição da vacina da Covid-19, para que o MPF monitore a cada 15 dias a quantidade de pessoas das comunidades já vacinadas com base nas determinações da agenda estadual e municipal.

Equipe de profissionais de Saúde na Resex do rio Gregório, localizada na bacia do rio Juruá, entre os municípios de Ipixuna e Eirunepé. (Reprodução/Walben Ferreira)

Um exemplo do início da vacinação aconteceu na Reserva Extrativista (Resex) do rio Gregório, localizada na bacia do rio Juruá, entre os municípios de Ipixuna e Eirunepé. Alguns moradores da região seringueira, que possui cerca de 180 famílias e 1.077 moradores, receberam as primeiras doses do imunizante contra Covid-19.

O pedido de manutenção foi acatado pelo governo do Amazonas, que por meio do Comitê-Crise-Covid-19, recepcionado pela secretaria de Estado do Meio Ambiente (Sema) propôs o monitoramento da vacinação nas Unidades de Conservação (UC).

Doses do imunizante contra Covid-19 aplicados na comunidade extrativista. (Reprodução/Walben Ferreira)

“É muito importante que os senhores prefeitos orientem a secretaria de Saúde dos seus munícipios, para entrarem em contato com a Sema e traçarem em conjunto as estratégias para o atendimento das comunidades localizadas nas UCs do Estado do Amazonas”, diz trecho da nota.

MPF

Também em ofício favorável ao pedido da CNS, o MPF e a Defensoria Pública da União (DPU) reforçam que a relevância dos conhecimentos tradicionais dos povos indígenas e outras comunidades têm sido observados como critérios prioritários pela Agência Nacional de Vigilância Sanitária (Anvisa).

Ação na comunidade do rio Gregório, localizada na bacia do rio Juruá. (Reprodução/Walben Ferreira)

“O MPF e a DPU reforçam a importância de que toda e qualquer informação ou notícia, no sentido de desacreditar ou contestar a garantia e a segurança das vacinas, compartilhada principalmente por meio de aplicativos de mensagens e mídias, seja verificada junto aos profissionais da saúde e autoridades responsáveis pela vacinação de indígenas, quilombolas e ribeirinhos, de modo a evitar a propagação das denominadas fake news”, finaliza nota.

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