Economia da América Latina enfrentará desafios em 2022, diz FMI
31 de janeiro de 2022
Em 2021, o IPCA (Índice Nacional de Preços ao Consumidor Amplo) acumulou variação de 10,06%. Esta é a maior alta desde 2015 (Filipe Araujo - 31.dez.2021/AFP)
Com informações da Folha de S. Paulo
SÃO PAULO – Após um ano de relativa recuperação na América Latina, 2022 guarda desafios para a região, segundo o Fundo Monetário Internacional (FMI). Aumento de preços, desaceleração de parceiros econômicos e eleições com grandes chances de agitação social são alguns dos motivos elencados.
Grande parte das questões está ligada à crise sanitária e à altamente transmissível variante Ômicron do coronavírus.
“A incerteza sobre a evolução da pandemia de forma mais ampla continua lançando uma sombra sobre a recuperação global e na América Latina e no Caribe”, disse o fundo nesta segunda-feira, 31, em texto assinado por alguns de seus diretores, entre eles o presidente do Banco Central entre 2016 e 2019 Ilan Goldfajn.
Fruta em promoção em feira na Cidade do México (Luis Cortes – 22.jan.2022/ Reuters)
O texto assinala que gestores públicos devem começar desde já a pensar em políticas que garantam a sustentabilidade das finanças públicas e aumente o crescimento da região.
A projeção de crescimento em 2022 da América Latina feita em outubro, de 3%, foi reajustada para baixo e chegou a 2,4%. A estimativa é que a região tenha crescido 6,8% no ano passado, quando os países se recuperavam do tombo de 6,9% em 2020.
Ainda que a desaceleração seja esperada à medida que as economias entrem no ritmo pré-pandemia novamente, o número reflete as adversidades que a região deve enfrentar, segundo o FMI.https://s.dynad.net/stack/928W5r5IndTfocT3VdUV-AB8UVlc0JbnGWyFZsei5gU.html
O ano passado foi marcado pela alta inflação na região, seguida de apertos monetários pelos bancos centrais do País. Nas principais economias da região, a inflação chegou a 8,3%.
No Brasil, o índice estourou a meta do Banco Central e bateu os dois dígitos: 10,06% no acumulado do ano, maior alta desde 2015.
Adversidades climáticas, como a geada e a seca, interferiram no preço dos alimentos e da energia, altamente dependente de usinas hidrelétricas. A alta de preços das commodities e o aumento do dólar, que fechou 2021 em R$ 5,58, também incentivaram a exportação e inflacionaram os alimentos no mercado interno.
Em resposta, os bancos centrais da região aumentaram suas taxas de juros para desacelerar a economia e segurar os preços. Em algumas das principais economias, o aumento ficou entre 1,25 e 7,25 ponto percentual, o último sendo o patamar brasileiro.
“Se a inflação crescente ameaçar desancorar as expectativas pelo índice, os bancos centrais terão que aumentar ainda mais as taxas de juros para sinalizar compromisso contínuo com as metas e evitar persistentes aumentos de preços”, afirma o texto do FMI.
Os Estados Unidos, importante parceiro econômico da América Latina, lidam com uma inflação inédita em 40 anos e devem seguir o mesmo caminho. No último sábado, o Goldman Sachs calculou cinco altas de juros pelo BC dos EUA em 2022. Atualmente, o País sustenta uma política de estímulo com a taxa zerada.
Já a China, cujo crescimento impulsionou as exportações do Brasil em 2021, está imponto medidas restritivas de circulação enquanto vive nova onda de infecções por coronavírus.
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