Economista faz ‘dieta’ com dez dicas para livrar famílias do endividamento

Endividamento das famílias brasileiras bateu recorde durante a pandemia. (George Doyle/Thinkstock)

Marcela Leiros – Da Revista Cenarium

MANAUS – O endividamento das famílias com bancos alcançou a marca 51% e bateu recorde de 2020 em meio à pandemia de Covid-19. Para sair desta estatística, a especialista entrevistada pela REVISTA CENARIUM nesta quarta-feira, 17, faz dez recomendações de “dietas” para sair do “vermelho”.

A economista e vice-presidente do Conselho Federal de Economia (Cofecon), Denise Kassama, detalha a fragilidade do atual cenário. “Muitos brasileiros ficaram desempregados ou sem poder trabalhar por conta das medidas de distanciamento social. Com menos dinheiro e os mesmos gastos, a dívida subiu”, destacou.

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Com a alta do endividamento e a consequente inadimplência, a economista reforçou que a “educação financeira é algo fundamental na vida das famílias, mas pode ser tão difícil quanto fazer um regime: exige mudança de comportamento e disciplina”, defende a especialista

Confira as dez dicas para ‘sair do vermelho

1 – Conversar com a família. Segundo a economista, a primeira coisa a ser feita é conversar com as pessoas que compõem o núcleo familiar para que todos estejam conscientes e apoiem as ações a serem tomadas em prol das metas.

2 – Estabelecer uma meta, como melhorar a saúde financeira da família, quitar as dívidas, comprar um bem de consumo durável ou fazer uma viagem. A fixação de metas estimula as ações para alcançá-las, elas devem ser mensuradas em reais. Por exemplo: quitar uma dívida de R$ 100.

4. Começar a cortar os gastos. Para isso, é bom listar por ordem de prioridades ou importância. Em seguida, analisar itens que podem ser cortados ou diminuídos. Normalmente a redução se dá por meio de pequenos cortes e dificilmente em grandes.

5. Pesquisar antes de comprar. Essa consulta de preços antes de realizar compras serve para quaisquer itens, sejam eles de bem duráveis ou de dispensa mensal. O guia ajuda a poupar e orientar o bom uso do dinheiro disponível.

6. Negociar as dívidas. Está devendo o banco? O cartão está estourado? Não ignore. É preciso encarar o problema de frente: negociar e estabelecer uma parcela que caiba no orçamento. Mesmo que demore muito para pagar.

7. Supermercado. Fazer uma lista com base no consumo do período e ser fiel a ela. Resistir ao “vou levar só mais isto aqui”. Experimentar marcas diferentes e mais baratas. Não levar crianças nas compras, pois, às vezes, é impossível fugir de seus pedidos.

8. Fugir do cartão de crédito e do cheque especial. Comprar à vista sempre que puder, além de evitar o uso do cartão para gastos simples e evitar adquirir uma dívida difícil de pagar.

9. Reduzir gastos com água e energia. Desafiar a redução mensal dessas contas. Evitar desperdício de água na torneira, apagar a luz ao sair do quarto, não abrir e fechar a geladeira toda hora. Evitar uso constante de ar-condicionado, máquina de lavar, chuveiro elétrico e ferro de passar roupa. Assim como vazamentos, banhos demorados, muitas lavagens na máquina de lavar.

9 – Buscar uma renda extra. Se mesmo assim, a situação continuar ruim, busque uma renda complementar. Faça bolos para vender, artesanato ou uma atividade que esteja dentro de sua capacidade. Não tenha vergonha. Pode até ser que você acabe se descobrindo em uma nova profissão.

10 – Conhecer/entender o tamanho do orçamento familiar. Somar todas as rendas da família (salários de todos que participam economicamente, receita de vendas em caso de empreendedores, receita de aluguéis se houver, pensão etc.). Depois, começar a enumerar os gastos mensais (alimentação, aluguel, transporte).

É fundamental listar e quantificar em reais todas as ‘despesas da família’. Essas informações devem constar em um caderno ou planilha, e precisam ser analisadas todos os meses.

  • Se receita > despesa, a família está de parabéns. Não tem dívidas, mas precisa avaliar se com o excedente gerado em quanto tempo irá chegar na meta;
  • Se receita = despesa, a família está no equilíbrio, mas não está sobrando. Qualquer despesa não prevista poderá desequilibrar o orçamento;
  • Se receita<despesa, a família está em desequilíbrio e com dívidas. Ações precisam ser tomadas.

Endividamento

Em novembro do ano passado, o endividamento das famílias com os bancos atingiu 51% da renda acumulada nos doze meses anteriores — novo recorde da série histórica, que tem início em janeiro de 2005, segundo o BC. Todas as dívidas com os bancos entram no cálculo, incluindo crédito para a compra da casa própria.

Inadimplência

Apesar da alta no endividamento das famílias em 2020, números do Banco Central e da CNC ainda não confirmam um quadro claro de aumento da inadimplência. De acordo com o Banco Central, a inadimplência das pessoas físicas com os bancos (atrasos superiores a 90 dias) terminou o ano passado em 2,8%, abaixo dos 3,5% registrados no fim de 2019.

Ainda segundo números do BC, o comprometimento da renda das famílias com os empréstimos bancários ficou em 20,87% em novembro do ano passado, último dado disponível. Esse percentual, porém, não é recorde da série histórica.

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