Economistas apontam os perigos da redução do imposto de bicicletas para as empresas do PIM

Redução da alíquota será de até 15%. (Reprodução/Suframa)

Marcela Leiros – Da Revista Cenarium

MANAUS – Economistas entrevistados pela REVISTA CENARIUM nesta quinta-feira, 18, apontam os perigos que a redução de 15% do imposto sobre importação das bicicletas representa para o Polo Industrial de Manaus (PIM).

Segundo a economista Denise Kassama, um imposto alto estimula a implantação de novas empresas na indústria e faz com que investidores prefiram comprar um produto com produção nacional. No entanto, quanto menor a diferença tributária entre fabricar e importar o produto pronto, menor será o estimulo à produção no PIM.

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“Quanto menor for a diferença tributária entre fabricar e importar o produto pronto, menor será o estimulo à produção. Afinal, na importação do produto acabado, o investidor não tem custos operacionais, gerenciamento de estrutura fabril, mão de obra. Menos trabalho, menos cobrança do governo e bom retorno”, afirmou.

Publicação de Jair Bolsonaro sobre a redução do imposto. (Reprodução/Instagram)

Perigo

Para o economista Orígenes Martins Junior, a redução do imposto se tornará um perigo para as empresas da Zona Franca de Manaus (ZFM). “A questão é que os importadores de outros Estados, sem pagar este imposto, podem adquirir as bicicletas mais barato da China. Isto é um perigo caso nossas empresas não se mobilizarem”, indicou o economista.

A fabricação nacional de bicicletas tem as principais fábricas instaladas no PIM, colocando o Brasil na quarta posição entre os principais produtores mundiais. Em 2020, o segmento de bicicletas, inclusive elétricas, faturou R$ 847.585.041 até novembro, de acordo com a Superintendência da Zona Franca de Manaus (Suframa). Este foi um dos poucos segmentos que apresentou alta no 2º semestre de 2020.

Repercussão no AM

O anúncio repercutiu no Estado e gerou manifestações pelas divergências de ponto de vista econômico. “O governo deveria estar implantando medidas de estímulo à atividade industrial, que é uma das maiores geradoras de emprego no País e não o oposto”, diz Kassama.

O senador Omar Aziz (PSD-AM) publicou uma carta direcionada a Bolsonaro pedindo sensibilidade e bom senso. “A Camex [Secretaria-Executiva da Câmara de Comércio Exterior], com a redução da alíquota de impostos para o setor de bicicletas, sufoca ainda mais o Amazonas, extinguindo cinco mil empregos diretos e indiretos”, diz trecho.

Omar Aziz escreveu carta aberta direcionada a Jair Bolsonaro (Reprodução/Facebook)

A mudança também gerou indignação no deputado federal Marcelo Ramos (PL-AM). O deputado destacou que “baixar o imposto de importação das bicicletas, significa gerar mais desemprego no Amazonas onde estão as indústrias de bicicletas”.

Marcelo Ramos também criticou decisão. (Reprodução/Twitter)

A medida foi anunciada pelo presidente Jair Bolsonaro (Sem partido) e publicada na edição do Diário Oficial da União (DOU) desta quinta-feira, 18. Atualmente, o imposto é de 35% sobre o valor do produto. E a redução progressiva será dividida em três meses até a alcançar a porcentagem de 20%. Em julho, a alíquota deverá ser de 30%; em julho 25%; e em dezembro, 20% respectivamente.  

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