EDITORIAL – A Bioeconomia e o exílio científico

Paula Litaiff – Da Cenarium

MANAUS – O mês de setembro é marcado por polêmicas envolvendo aliados do governo federal e pesquisadores da área de Bioeconomia, que tem como centro de existência a expansão do uso de produtos de base biológica, em substituição a insumos tradicionais, produzidos com respeito aos ecossistemas.

Do mesmo autor de “passando a boiada” sobre regras de proteção às florestas, Ricardo Sales, ex-ministro do Meio Ambiente, declarou que a “Bioeconomia deve ser entregue ao setor privado” e “retirada” dos pesquisadores, a quem ele classificou de “bando de comunistas” que “não geram resultados”.

As declarações de Salles foram feitas durante a Conferência de Ação Política Conservadora (CPAC Brasil), no dia 3 de setembro, evento, chamado de “trompista”, pela imprensa sulista, liderado no País pelo deputado federal Eduardo Bolsonaro (PSL-SP), o filho “03” de Jair Bolsonaro.

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Como a maioria das teses infundadas da ala bolsonarista, Sales – investigado por relações ilícitas com madeireiros ilegais – mostra, mais uma vez, sua total ignorância propositalmente ou não sobre o segmento, responsável por injetar R$ 7 trilhões ao ano no Produto Interno Bruto (PIB).

Tão falados por Salles, os resultados de pesquisas em Bioeconomia, estavam em ascensão e estagnaram. A Coordenação de Aperfeiçoamento de Pessoal de Nível Superior (Capes) perdeu 24,4% de recursos em cinco anos. No Conselho Nacional de Desenvolvimento Científico e Tecnológico (CNPq), o orçamento para bolsas caiu 40,6% no mesmo período e o Ministério da Educação cortou 3,4 mil bolsas de estudo da Capes.

A redução sistemática em pesquisa gerou o êxodo de cientistas. Não há um estudo específico sobre o número de pesquisadores que deixaram o País, mas sabe-se que eles se foram não por opção, mas por ser a chance de continuar fazendo o seu trabalho.

Os resultados de pesquisa em Bioeconomia que Ricardo Salles tanto reclama podem ser encontrados em artigos científicos das universidades, entre eles a utilização do bagaço da cana-de-açúcar para a produção de etanol, combustível relativamente mais limpo e que se tornou “amigo” do brasileiro com o aumento desproporcional da gasolina, gerado no governo que ele defende.

O material completo está disponível na nova edição da Revista Cenarium. Acesse em: https://bit.ly/3ltW9uL.

Capa da nova edição da Revista Cenarium (Arte: Hugo Moura/Cenarium)
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(*)Graduada em Jornalismo, Paula Litaiff é diretora executiva da Revista Cenarium e Agência Amazônia, além de compor a bancada do programa de Rádio/TV “Boa Noite, Amazônia!”. Há 17 anos, atua no Jornalismo de Dados, em Reportagens Investigativas e debate de temas sociais. Escreveu para veículos de comunicação nacional, como Jornal Estado de S. Paulo e Jornal O Globo com pautas sobre Amazônia. Seu trabalho jornalístico contribuiu na produção do documentário Killer Ratings da Netflix.

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