Menino sentado no chão seco e rachado observa uma pequena poça d'água (Divulgação)
“Cuidar da natureza é para hoje. Não é para o futuro. A cultura nos lembra que somos mais frágeis do que o restante da natureza. Não perguntamos a uma onça o que ela vai ser quando crescer. A natureza já está pronta e precisa ser respeitada. Nós humanos sempre achamos que as respostas estão no futuro. A questão é o hoje, o que estamos fazendo agora?”.
A reflexão do escritor indígena e doutor Daniel Munduruku, em reunião do G20-2024, no Rio de Janeiro (RJ), aponta para um dos vieses da ecoansiedade, sensação que tomou o mundo em meio aos efeitos da crise climática global e juntou-se à ansiedade do cotidiano, comprometendo ainda mais a saúde mental da sociedade, principalmente daqueles que estão na linha de frente da defesa dos biomas, como mostra o especial desta edição da REVISTA CENARIUM.
Autor de “Vozes Ancestrais” (2016), Daniel Munduruku palestrou no G20, no painel “Cultura, cosmologias e clima: construindo pontes entre cosmovisões para um futuro sustentável”, quando provocou a sociedade sobre a importância de buscarmos nos ancestrais a forma e o respeito ao planeta para que possamos estar menos angustiados com o futuro da vida na Terra. “Chegamos a uma situação limite, enquanto planeta. Chama-nos a urgência de pensar e repensar as raízes dessa crise e caminhos que podem nos conduzir a caminhos melhores”, observa.
A American Psychological Association (APA) descreve a ecoansiedade como “o medo crônico de sofrer um cataclismo ambiental que ocorre ao observar o impacto, aparentemente irrevogável, das mudanças climáticas, gerando uma preocupação associada ao futuro de si mesmo e das gerações futuras”. Uma pesquisa realizada pelo Programa das Nações Unidas para o Desenvolvimento (Pnud) com a Universidade de Oxford e o instituto GeoPoll apontou que 56% das pessoas pensam nos problemas relacionados ao clima pelo menos uma vez por semana. O número aumenta quando nos referimos aos países em desenvolvimento, como o Brasil, onde a porcentagem sobe para 63%.
Embora seja um neologismo, a ecoansiedade é apontada como agravante para doenças como depressão e síndrome do pânico, enfermidades que demonstram o que o pensador Daniel Munduruku constatava há mais de uma década, quando ponderou que “ao dominar a natureza, o homem ocidental pensa que pode chegar à felicidade”, mas chegou-se à conclusão de que o efeito foi inverso.
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