EDITORIAL – O carbono e a dívida da revolução industrial, por Paula Litaiff
26 de junho de 2023
Consequências da fumaça industrial (Foto: Freepik)
A declaração do presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT) sobre a dívida histórica ambiental dos países que fizeram a Revolução Industrial, no século XVIII, durante um discurso no evento “Power Our Planet”, em 22 de junho, no Campo de Marte, em Paris, demonstra ao mundo que o Brasil irá se posicionar nas relações comerciais para evitar boicotes de países que geraram danos ao clima nos últimos 200 anos e se esquivam de pagar a fatura.
Um desses “boletos” pode ser o crédito de carbono, que se caracteriza essencialmente pela venda de ativos do elemento entre um país que os detém, ao ter reduzido a sua emissão de dióxido de carbono, e um país que precisa reduzir suas emissões, mas não atingiu as metas. Esses créditos são oriundos do sequestro de carbono pelas florestas e seu armazenamento na biomassa.
No Campo de Marte, Lula lembrou que os países desenvolvidos deveriam financiar nações em desenvolvimento, como o Brasil, porque não foi o povo africano e nem o povo latino-americano que poluiu o mundo.
Essa cobrança de financiamento a que Lula se refere remete, entre outras potencialidades, ao crédito de carbono. A regulamentação do artigo 6 do Acordo de Paris, que trata dos instrumentos para a criação de um mercado global de carbono, pode gerar um comércio de US$ 167 bilhões ao ano em 2030 e de US$ 347 bilhões ao ano em 2050.
O Brasil é um dos países com maior potencial de venda de créditos de carbono com possíveis receitas líquidas de US$ 16 bilhões a US$ 72 bilhões até 2030. A empresa de consultoria Mckinsey avalia que o País pode ser responsável por até 15% da oferta mundial.
Curiosamente, a França, onde o presidente Lula cobrou a dívida histórica das nações que processaram a Revolução Industrial, foi um dos países do mundo que mais emitiu CO2, no ano passado, após ser atingida por uma das piores ondas de incêndios de sua história. Neste ano, o Parlamento Europeu aprovou reformas abrangentes no mercado de carbono da União Europeia.
No Brasil, a regulação do mercado de carbono ainda está em tramitação no Congresso Nacional. Há prenúncios de comércio em média escala com a aprovação de projetos financiados pela administração pública, principalmente no Amazonas. A REVISTA CENARIUM explica, nesta edição de junho, por que é importante para nós, brasileiros, conhecermos nosso potencial para que possamos cobrar os credores históricos de carbono.
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