EDITORIAL – País em chamas: por que passamos por tudo de novo?, por Márcia Guimarães
02 de setembro de 2024
Imagem da Bandeira do Brasil em chamas na floresta (Composição: Weslley Santos/CENARIUM)
A densa camada de fumaça que encobriu Manaus nos primeiros dias de agosto trouxe, mais uma vez, mal-estar à população, acompanhado da pergunta: passaremos por tudo isso de novo? Bastaram alguns dias convivendo com a nuvem insalubre para reavivar a memória das longas semanas de tormento de 2023.
Verão amazônico, altas temperaturas, baixa umidade do ar, poucas chuvas, fenômeno El Niño e queimadas criminosas são os ingredientes inflamáveis dos incêndios florestais. Nada que as autoridades, alertadas por cientistas e órgãos de controle, já não soubessem. Manaus é uma das cidades que mais sofre, mas não a única, já que os incêndios se espalharam pelo País. Assim, ao chegarmos à nossa 50ª edição, nos perguntamos: serão as medidas governamentais suficientes para enfrentar a crise?
De acordo com o Instituto de Proteção Ambiental do Amazonas (Ipaam), até o dia 18 de agosto, já haviam sido registrados 3.968 focos de calor em todo o Estado. A maior concentração das queimadas, segundo o Ipaam, está na região Sul do Amazonas, de onde vem grande parte da nuvem de fumaça que encobre Manaus. Em toda a Amazônia, houve um aumento de 111% no número de queimadas entre janeiro e 13 de agosto, em comparação com o mesmo período de 2023, conforme dados do Instituto Nacional de Pesquisas Espaciais (Inpe).
Nos piores dias de fumaça, de acordo com programas de monitoramento, o ar em Manaus apresentou uma concentração média de partículas finas de 125 μg/m³ (microgramas por metro cúbico), 25 vezes maior que o índice recomendado pela Organização Mundial da Saúde (OMS), que sugere não ultrapassar 5 μg/m³. Esses altos níveis de poluição do ar representam um risco maior para uma série de doenças.
Manaus chegou a ser a cidade com a pior qualidade de ar do País. Mas o problema não é exclusivo da capital. Levada pelos ventos, com a ajuda dos chamados “rios voadores” da Amazônia, e somada às queimadas de outros biomas, a nuvem tóxica se espalhou pelo País, alcançando ao menos dez Estados e aumentando a preocupação.
Enquanto a população sofre as consequências, os governos estaduais e federal anunciam medidas que incluem a criação de comitês, forças-tarefas, reforço nas equipes de combate às queimadas e repasses financeiros. Aproveitam também para dividir responsabilidades. Resta saber se as medidas adotadas serão capazes de conter o fogo na floresta e a fumaça que sufoca.
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