Educar não é fácil!

Às vésperas do Dia Mundial da Educação, comemorado neste dia 28 de abril, recebi com grande honra convite para participar da abertura do Clube do Livro de uma escola da rede estadual, um projeto de incentivo à leitura. O convite me enobrece por duas grandes razões: em minha carreira literária, sempre que posso, enalteço o papel dos nossos queridos educadores, espelho diário para nossos alunos e que, cotidianamente, não medem esforços em prol do árduo trabalho que é educar; a segunda razão é pelo convite me fazer reviver as memórias do meu “eu menino”, ainda no bairro Praça 14, cheio de sonhos, mas sem enxergar muitas possibilidades de realizá-los pela infância pobre que me foi apresentada.

Porém, ao falar com aquelas crianças eu tive um reencontro com esse “eu, menino”, humilde, picolezeiro, jornaleiro, vendedor de flores, que, agora, com as bênçãos do Criador pode olhar para trás e ter orgulho do caminho trilhado. Tudo isso graças aos bancos escolares que me abrigaram e aos educadores que trouxeram inspiração para os meus dias e renovaram em mim a esperança de um dia conquistar meus sonhos, inclusive os literários.

Educar não é fácil, nunca foi. Lidar com as dificuldades cotidianas no chão de escola, que impõem ao professor, muitas vezes, o dever de se debruçar sobre dezenas de cadernos e tentar, com o máximo de cuidado e comprometimento, cumprir sua missão não é fácil.

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A educação é um processo feito por muitas mãos, mas que depende de políticas públicas de incentivo para que tenha condições de coexistir com a realidade social.

Educar nunca foi só sobre livros ou leituras, ou sobre ensinamentos curriculares. Educar é saber que a escola é o resultado de tudo que se apresenta em nossa sociedade. Sejam as benesses ou mazelas, elas estarão ali estampadas diariamente na rotina escolar.

Educar é moldar caráter, é mostrar alternativas. É mudar percursos que, talvez, sem a escola alcançariam rapidamente um destino trágico. Quantos alunos são salvos através do comprometimento de um educador? Quantos destinos são mudados pelo exemplo que inspira? Um professor entusiasmado e feliz em sua labuta diária consegue motivar seus alunos. Um aluno motivado transforma sua realidade. Um aluno que recebe as instruções corretas consegue enxergar possibilidades para além daquelas de caminho fácil que rapidamente se apresentam.

Educar nunca será um ponto final. Educar é multiplicar conhecimentos. Quantos educadores não passaram a trilhar o caminho da educação motivados pelo exemplo que tiveram em sala de aula? Professores inspiram. Mas, precisam de meios que lhes motivem a prosseguir. É premente que sejam incentivados a se qualificarem ainda mais. Professores também são estudantes vorazes, também podem ser cientistas, pesquisadores, desenvolverem estudos de caso e elaborarem tecnologias que melhorem a educação.

Para isso, precisam de caminhos que se apresentem a eles por meio de projetos e editais, precisam ter opções que lhes permitam investir em seu intelecto e, assim, transbordarem. Políticas públicas voltadas a esta classe são necessárias para que nosso País evolua ainda mais cientificamente, para que, desde a base, nossas crianças recebam a educação de qualidade que merecem.

Educar nunca será um trabalho solo. Quem educa precisa de um interlocutor que demande a sua presença. Ademais, para que a educação exista é preciso que haja pessoas que lutem por ela em todas as esferas. Independente de postos políticos ou carreiras. Por isso, nestas breves palavras, conclamo a todos nós, sociedade, profissionais, que um dia já frequentamos os bancos escolares, para que nos voltemos à educação e à valorização deste importante setor social.

Nossas crianças, neste pós-pandemia, precisam de qualidade educacional, precisam de ações de amparo e apoio para que prossigam nesta jornada intelectual. Nossos professores também precisam ser enxergados como parte do processo educacional, precisam ser valorizados, assistidos, ouvidos em suas dores, para que possam ser ajudados. O corpo administrativo que faz a escola acontecer também não pode ser negligenciado, pois só através dele o sistema caminha e evolui, estas pessoas também pertencem à educação e precisam ser ainda mais lembradas e priorizadas nas políticas sociais que se estabeleçam no segmento.

Educar nunca foi fácil, mas é ciente dos erros do passado e munidos da vontade de mudar e moldar nosso futuro é que conseguimos trilhar novos caminhos, alcançar novas metas, reprogramar escolhas e persistir na trajetória de sucesso na educação tão sonhada por todos nós. Que possamos evoluir e transformar os processos que movem a nossa educação. Este é um compromisso de todos nós.

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(*)Bosquinho Poeta é escritor, compositor e empresário. Formado em Administração e pós-graduado em Gestão Ambiental, atualmente, é membro da Associação Brasileira de Escritores e Poetas Pan-Amazônicos (ABEPPA), da Academia de Letras do Brasil (ALB), da Academia de Letras e Culturas da Amazônia (ALCAMA), Acadêmico Imortal da Academia Intercontinental Sênior de Literatura e Arte (AISLA) e da Academia Amazonense Maçônica de Letras (AAML). E autor dos livros “Memórias Poéticas de Um Sonhador” (2003, 2006), “O Testemunho das Estrelas” (2015) e “Sentimentalidades da Alma” (2021).

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