Início » Central da Política » Eleições 2022: inexperiência de Moro prejudica Amazônia e preocupa especialistas
Eleições 2022: inexperiência de Moro prejudica Amazônia e preocupa especialistas
Sergio Moro a frente de uma bandeira brasileira. (Divulgação)
Compartilhe:
07 de novembro de 2021
Marcela Leiros – Da Revista Cenarium
MANAUS – As articulações em torno da disputa presidencial para a eleição de 2022 começam a movimentar a política nacional, e a Amazônia deverá estar na pauta dos candidatos. Um deles é o ex-juiz e ex-ministro da Justiça Sergio Moro, que retornou ao Brasil na segunda-feira, 1º, para, segundo a imprensa nacional, dar início à movimentação política de pré-campanha. A CENARIUM conversou com especialistas em economia e política sobre o que esperar do candidato sobre temas relacionados a maior região do País, pois a falta de experiência de Moro na gestão pública preocupa.
Moro foi ministro da Justiça do governo de Jair Bolsonaro (Sem partido). Deixou o cargo em abril do ano passado, após acusar Bolsonaro de tentativa de interferência na direção da Polícia Federal, subordinada ao Ministério da Justiça e Segurança Pública (MJSP). O ex-juiz foi trabalhar como consultor em uma empresa nos Estados Unidos, vínculo que encerrou no final de outubro deste ano. No Brasil, a previsão é que se filie ao Podemos, na quarta-feira, 10.
O cientista político Carlos Santiago analisa que os futuros candidatos não parecem ter respostas sólidas para os problemas do Brasil, tanto na esfera socioeconômica (com a alta da inflação e o aumento da insegurança alimentar, por exemplo) quanto no desenvolvimento sustentável. Para ele, o perfil de Moro é de alguém sem experiência em gestão pública e que, portanto, poderá enfrentar dificuldades “enormes para entender e dar à Amazônia a sua devida importância”.
PUBLICIDADE
“É um absurdo que em pleno processo eleitoral, a Amazônia não tenha destaque na agenda do governo federal e dos pré-candidatos. É muito mais fácil encontrar, fora do Brasil, debates sobre a importância da Amazônia. Candidatos como Sergio Moro e outros, com o perfil burocrático, insensível, dificilmente vai entender a Amazônia”, destaca o especialista.
O Brasil tem se tornado destaque internacional pela falta de governança no enfrentamento a crimes ambientais, como o desmatamento ilegal dos biomas, principalmente, da Amazônia. Recordes históricos da perda da vegetação natural são alcançados quase mensalmente, um problema ambiental que precisa de política nacional e efetiva para a região. Esses são alguns dos problemas que deverão ser enfrentados pelo futuro presidente da República.
“O, atualmente, presidente da República e nem seus opositores indicaram caminhos ou propostas para resolver os grandes dilemas e conflitos da Amazônia, que envolvem comunidades tradicionais, a questão indígena, as fronteiras, a posse de terras, queimadas e a busca de um desenvolvimento sustentável que respeite a diversidade cultural e ambiental da região”, destaca Santiago.
O professor coordenador do Núcleo de Cultura Política – Ciências Sociais, da Universidade Federal do Amazonas (Ufam), Ademir Ramos, destaca que a bandeira de Moro é pautada no combate à corrupção, mas que essa “velha bandeira” já foi levantada em governos anteriores, como o do ex-presidente Fernando Collor de Mello – com a “caça aos marajás” – e do próprio Bolsonaro.
“Isso é uma postura antiga que, na verdade, não prospera, porque quem combate a corrupção não é o Executivo, mas o Judiciário e o Executivo. Se ele vier com esse discurso do combate à corrupção, será esvaziado, não prosperará, com absoluta certeza, porque, na verdade, ele não é do ramo (político), ele é do campo jurídico, o que ele fez foi, exatamente, isso com a questão da Lava Jato”, destaca o professor.
Referente à formulação de propostas relacionadas à Amazônia, o professor reitera a análise do cientista Carlos Santiago sobre não haver “nenhuma possibilidade” de Moro dar atenção especial à Amazônia, mas que a disputa do ex-juiz, no pleito, é importante para se tornar mais uma opção aos brasileiros.
“Sobre a Amazônia é uma proposta inócua, nem sei se tem proposta. Não se alimenta muita esperança dessa perspectiva. Eu acho importante a presença dele na disputa política, porque faz com que o eleitor tenha mais alternativa para escolher”, destaca.
Economia amazônica
A economia da região também é vista com preocupação por parte dos especialistas, já que o desenvolvimento econômico se relaciona, diretamente, com o desenvolvimento sustentável, valorização da cultura e atenção aos povos tradicionais e à biodiversidade. Uma “boa assessoria” nas áreas científicas e ambientais são opções para que Moro se destaque na campanha eleitoral.
“O desafio consistirá em como conciliar a ocupação já feita, da região, com as necessidades recentes, ambiental e reinserção nas cadeias globais de valor”, destaca o professor do Departamento de Economia e Análise da Ufam, Mauro Thury de Vieira Sá. “Se ele se mostrar disposto a recompor o aparato relativo ao meio ambiente, dentro de um caráter constitucional, talvez transmita maior segurança sob o prisma internacional. Resta saber como, internacionalmente, o mesmo será visto, devido ao ‘Vaza Jato'”.
A CENARIUM tentou contato com o Podemos, por intermédio do presidente regional da sigla, deputado Abdala Fraxe, sobre quais expectativas podem ser esperadas da candidatura de Sergio Moro ao partido. No entanto, não obteve retorno até a publicação desta matéria.
Os comentários são de responsabilidade exclusiva de seus autores e não representam a opinião deste site. Se achar algo que viole os termos de uso, denuncie. Leia as perguntas mais frequentes para saber o que é impróprio ou ilegal.
Este site usa cookies para que possamos oferecer a melhor experiência de usuário possível. As informações dos cookies são armazenadas em seu navegador e executam funções como reconhecê-lo quando você retorna ao nosso site e ajudar nossa equipe a entender quais seções do site você considera mais interessantes e úteis.
Cookies Estritamente Necessários
O cookie estritamente necessário deve estar ativado o tempo todo para que possamos salvar suas preferências de configuração de cookies.
Se você desativar este cookie, não poderemos salvar suas preferências. Isso significa que toda vez que você visitar este site, precisará habilitar ou desabilitar os cookies novamente.