Em 27 meses, AM registrou mais de 48 mil casos de violência contra a mulher; assunto é tema do ‘Cenarium Entrevista’

Paulo Bahia – Da Revista Cenarium

Entre janeiro de 2019 e o mês de março deste ano, o Estado do Amazonas registrou 48.259 mil casos de violência contra a mulher. No topo da lista das ocorrências estão os crimes de ameaça, injúria, lesão corporal, vias de fato e perturbação da tranquilidade. O quantitativo representa mais de 1.780 casos por mês e uma média de quase 60 por dia.

Os dados estão disponíveis no portal da Secretaria de Estado de Segurança Pública do Amazonas (SSP-AM). O quantitativo de ocorrências preocupa a sociedade e especializadas. Com o objetivo de abordar o tema e conscientizar a população, o “Cenarium Entrevista” desta quinta-feira, 13, recebe a titular da Delegacia Especializada em Crimes contra a Mulher, delegada Deborah Mafra. O programa é comandado pela Jornalista Andréa Vieira.

O programa vai ao ar às 21h nas redes sociais (Facebook, YouTube e Instagram) e no site da Revista Cenarium.

A delegada destaca que é importante combater crimes contra as mulheres, tendo em vista que a maioria das vítimas de feminicídio nunca denunciam por não ter a orientação necessária. Ela ressalta ainda que uma das formas de combater esse crime é a informação, que vai contribuir com o número de denúncias. Deborah acrescenta que a mulher vítima desse tipo de violência precisa da ajuda dos familiares e de toda sociedade, em razão de, em muitos casos, ela estar presa emocionalmente ao agressor e, às vezes, não consegue enxergar que é vítima de violência.

“No Brasil, vergonhosamente nós somos o 5º lugar no ranking mundial do feminicídio. Nossas mulheres morrem dentro de casa, nas mãos de conhecidos, por meios cruéis, como as armas brancas que são encontradas em casa. Por esse motivo, o tempo todo nós temos que estar combatendo a violência doméstica. Temos mulheres ocupando espaços de trabalho, mostrando sua competência e muitas vezes quando ela chega na casa dela, quando ela quer descansar, fecha a porta da casa, encontra um monstro, que acaba com ela tanto psicologicamente quanto fisicamente”, afirmou Mafra.

Mafra acrescenta ainda que a denúncia, seja ela feita pela mulher vítima ou por familiares e amigos, é essencial para o combate aos crimes como o feminicídio. Por meio dos números 180, 181 e do 190, é possível fazer uma denúncia anônima e salvar vidas. Segundo a delegada, há muito casos em que a vítima é tida como culpada pela sociedade.  “Quando nós vemos um homem agredindo uma mulher na rua, a gente acha que a culpada é a mulher. Interessante que se você ver o contrário, uma mulher agredindo um homem na rua, todo mudo vai falar: Nossa, coitado dele, que mulher louca que você foi arrumar”, disse.

Deborah Mafra é graduada em Direito e especialista em Direito Tributário. Em 2001, ingressou na Polícia Civil do Amazonas como escrivã e no ano de 2009 passou no concurso para delegada. Foi delegada titular do 28º Distrito Integrado de Polícia (DIP), atuou como adjunta na Delegacia de Homicídios e também no 1º DIP. Atua, há seis anos, como titular da Delegacia Especializada em Crimes contra a Mulher.