Em ação de combate ao tráfico ilegal de animais, Ibama resgata serpentes, lagartos e até tubarões

Prática de criar animais exóticos sem autorização no Brasil, pode render multas pesadas a quem for pego pelo Ibama (Reprodução/Agência Brasil)

Da Revista Cenarium *

BRASÍLIA – O caso do jovem que foi picado por uma naja no Distrito Federal (DF), na semana passada, desencadeou uma série de ocorrências relacionadas à criação ilegal de cobras na região. Por conta do caso, uma operação de resgate recuperou 32 serpentes e aplicou mais de R$ 300 mil em multas. Além das cobras, outros animais também foram localizados, como tubarões e lagartos.

Em balanço divulgado pelo Instituto Brasileiro do Meio Ambiente e dos Recursos Naturais Renováveis (Ibama), o dono de um haras em Planaltina (DF), onde 16 cobras foram encontradas, será multado em R$ 68 mil por dificultar a ação dos fiscais, promover maus-tratos e por manter animais nativos e exóticos sem autorização.

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Cobras como a Jibóia, são geralmente encontradas em operações de combate ao tráfico de animais ou criação ilegal (Reprodução/Agência Brasil)

Das serpentes resgatados neste local, dez eram exóticas, de origem norte-americana e seis nativas da Amazônia e do Cerrado. Como o fato mostrou ligação com o estudante picado pela naja, conhecido como Pedro Henrique Lehmkul, este também responderá pelas 16 cobras.

Ao todo, segundo o Ibama, o jovem de 22 anos será multado em mais de R$ 61 mil, também por maus-tratos e por manter serpentes nativas e exóticos em cativeiro sem autorização.A mãe e o padrasto também serão multados, em R$ 8.500 cada, por terem dificultado a ação de resgate.

Ainda será multado em R$ 81.300 pelo Ibama um amigo do estudante por dificultar a ação do instituto, manter animais nativos e exóticos em locais inapropriados e sem autorização, além de maus-tratos.

Serpentes exóticas são bastante procuradas por colecionadores de animais, mas, em caso de acidentes, seu veneno pode ser fatal (Reprodução/Internet)

Acidente quase fatal

Pedro Henrique foi picado pela naja no último dia 7 deste mês, e foi internado logo após o episódio em um hospital privado na região administrativa do Gama, a 30 quilômetros do centro de Brasília. O quadro do rapaz evoluiu para estado grave e ele chegou a ser colocado em coma induzido, mas se recuperou e recebeu alta na segunda-feira, 13.

Seu tratamento exigiu que o Instituto Butantan remetesse de São Paulo para Brasília, o soro antiofídico que tinha armazenado para o caso de um de seus pesquisadores que estudam a espécie naja fosse picado.

Após o incidente, agentes do Batalhão da Polícia Militar Ambiental encontraram a naja dentro de uma caixa abandonada na região central de Brasília. O animal foi então entregue ao Ibama, que o repassou para o Zoológico de Brasília.

Da espécie kaouthia, de origem dos continentes asiático e africano, a naja possui um dos venenos mais mortais do mundo. Como não é nativa do Brasil, o país não costuma produzir soro antiofídico de espécies exóticas.

Espécie de tartaruga, o Tigre D’água chama atenção pela beleza de suas cores (Reprodução/Internet)

Lagartos, cobras e tubarões

Em outro desdobramento da investigação, a Polícia Civil do DF e o Ibama também interceptaram outra criação ilegal de répteis, dessa vez em uma residência na região administrativa de Vicente Pires, onde estavam seis serpentes: duas jiboias arco-íris da Caatinga, duas da espécie píton (Ásia) e duas jiboias de Madagascar (África).

Os animais foram encaminhados aos cuidados do Zoológico de Brasília. No mesmo local, uma jiboia nativa do cerrado e um lagarto do tipo teiu foram encontrados, mas o dono apresentou a documentação dos animais, segundo o Ibama.

A autarquia informou que o ambiente onde os bichos foram encontrados foi considerado inadequado. Por isso, o responsável foi multado por maus-tratos, no valor total de R$ 12 mil.

Pelas serpentes mantidas de forma ilegal, o homem foi multado em mais R$ 27 mil. A casa ainda abrigava três tubarões do tipo bambu, espécie oriunda de países da Oceania, além de um peixe moreia. O Ibama aguarda a apresentação de documento sobre a origem deles. Caso contrário, o responsável também será multado em R$ 2,6 mil por manter animal exótico sem autorização. 

Com a repercussão das apreensões dos últimos dias, um homem que criava em casa duas cobras peçonhentas, uma jararacuçu, natural da Mata Atlântica, e uma víbora-verde-de-vogel (Ásia), entregou as serpentes espontaneamente ao Ibama. Os animais estão de quarentena no Zoológico.

Um lagarto da espécie Gecko, natural do oriente médio, também foi entregue ao Ibama do DF (Reprodução/Internet)

No último sábado, o Ibama e a polícia foram até a residência do pai do amigo da vítima da naja, no Guará (DF), onde apreenderam uma jiboia arco-íris (que pertencia à vítima), peles de jiboia e de cobra surucucu, penas de arara canindé e carapaça de tatu. A investigação apontou que o homem tem participação nos fatos e as multas imputadas chegam a R$ 33.500.

Entrega voluntária

No mesmo dia, houve uma entrega voluntária de duas jiboias arco-íris, naturais do Cerrado, duas cobras rat snakes, de origem norte-americana, e um lagarto gecko, oriundo do Oriente Médio.

Os animais foram recebidos no Centro de Triagem e Reabilitação de Animais (Cetas-DF), do Ibama. Com exceção das jiboias, que serão devolvidas à natureza nos próximos dias, a autarquia informou que os demais ficarão sob a guarda provisória do instituto até a definição do destino.

Já na última terça-feira,14, uma mulher que criava uma cobra jiboia, em Samambaia (DF), decidiu entregá-la voluntariamente ao Ibama, que foi até a residência para buscar o animal. Ela não foi penalizada, já que entregou a serpente de forma espontânea, disse o órgão.

Espécie descoberta na Indonésia, o Bambu é conhecido como o ‘tubarão de aquário’ ou ‘tubarão que anda’ (Reprodução/Internet)

No mesmo dia, o Ibama apoiou uma ação do Instituto do Meio Ambiente e dos Recursos Hídricos do Distrito Federal (Ibram), em uma casa na região de Sobradinho (DF). Foram apreendidos uma jiboia, um jabuti e um tigre d’água. Todos os animais foram levados ao Cetas. O responsável foi multado pelo órgão local.

(*) Com informações da Agência Brasil

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