Em Aparecida, devotos lotam Basílica de Nossa Senhora para celebrar a Padroeira do Brasil

Este ano os devotos podem entrar na Basílica para celebrações, mas com número limitado de 2,5 mil pessoas por missa (Wesley Diego/CENARIUM)

Wesley Diego – Da Cenarium

APARECIDA (SP) – O dia começou cedo para os fiéis da Virgem Maria no Santuário Nacional de Nossa Senhora Aparecida, em Aparecida, São Paulo, com missas iniciando às 5h. Acostumados a agradecer pelas graças atendidas, este ano muitos tinham um motivo a mais para glorificar: a cura da Covid-19. É o caso de Cleusa Nogueira do Carmo que após se livrar de um câncer contraiu o coronavírus. 

“Fui pega de surpresa, em cima da pandemia. Tive que fazer duas pontes de safena no coração e seis meses depois a Covid me abraçou. Eu pedi a Nossa Senhora que se saísse dessa viva, eu atravessava a passarela de joelhos”, contou à CENARIUM.

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Cleusa do Carmo cumprindo promessa. (Wesley Diego/CENARIUM)

Cleusa cumpriu a promessa e atravessou, de joelhos, os 389 metros da famosa Passarela da Fé, que une a Matriz Basílica Antiga e o Santuário Nacional.

Na Capela das Velas, dezenas de devotos colocam parafina para queimar. Uma delas é Marisa Martins Vicência, de Criciúma, Santa Catarina. Ela conta que só tem a agradecer e faz apenas um pedido: “Estou pedindo uma graça para uma tia minha que está com câncer”, disse. Marisa acrescenta que “acredita totalmente” que a santa vai atendê-la. 

Marisa acende vela em agradecimento. (Wesley Diego/CENARIUM)

Mas não é só por saúde que os peregrinos suplicam. O casal Maguila Júnior e Maycon Simões que vivem em Santos, São Paulo, clamam para que o Palmeiras, time do coração deles, alcance o tão esperado campeonato mundial. Dos times paulistas apenas o alviverde nunca venceu o campeonato Mundial de Clubes disputado no Japão. 

Casal pede a Nossa Senhora o mundial para o Palmeiras. (Wesley Diego/CENARIUM)

“Estou crendo com fé que Nossa Senhora Aparecida vai trazer o Mundial esse ano para nós”, diz Maguila, contando também que ele e o marido completam 23 anos de casados nesta terça-feira, 12.

Maguila comemorando 23 anos de casado com esposo, em Aparecida. (Wesley Diego/CENARIUM)

Romaria na Via Dutra

A peregrinação de fiéis pela Via Dutra, rodovia que liga a capital São Paulo e a cidade de Aparecida, teve aumento de 43% em relação a 2019, segundo dados da NovaDutra, concessionária que administra a estrada. Em 2020, a Basílica suspendeu as atividades, mas, mesmo assim, 1,3 mil pessoas andaram até Aparecida.

A caminhada até o Santuário é uma tradição e milhares de pessoas se mobilizam nesse ato de fé todos os anos. Lourdes Nunes é dessas pessoas. Ela saiu de Mogi das Cruzes (Grande SP) com um grupo de 150 pessoas e caminharam durante quatro dias até Aparecida. O percurso tem pouco mais de 140 quilômetros. Lourdes diz que vale a pena. “A fé é a coisa que me faz viver. Há 46 anos eu sou devota de Nossa Senhora e a gratidão segue até hoje”, conta, emocionada. 

Lourdes acompanhou grupo durante caminhada. (Wesley Diego/CENARIUM)

Para acolher todos com segurança, o Santuário segue o protocolo de combate à Covid-19 com distanciamento social e uso de máscara obrigatório. Este ano os devotos podem entrar na Basílica para celebrações, mas com número limitado de 2,5 mil pessoas por missa. Também foram organizados cultos no Centro de Eventos, que acolhe até 5 mil pessoas simultaneamente. A expectativa é que passem por Aparecida 60 mil fiéis. 

Homilia desarmamentista

“Para ser pátria amada seja uma pátria sem ódio. Para ser pátria amada, uma república sem mentira e sem fake news. Pátria amada sem corrupção. E pátria amada com fraternidade. Todos irmãos construindo a grande família brasileira” falou dom Orlando Brandes, arcebispo de Aparecida, durante a tradicional missa no Santuário.

Esse foi o tom do arcebispo em sua reflexão no dia da Padroeira do Brasil. Questionado por jornalistas em coletiva de imprensa após a missa, dom Orlando negou que a fala foi direcionada ao presidente Jair Bolsonaro e disse que o sermão foi “para todos os brasileiros”. 

O arcebispo ainda lembrou dos povos indígenas, negros e família que perderam parentes para Covid-19. “Abrace o Brasil, abrace o nosso povo a começar pelos índios. Vamos abraçar os negros. Abracemos o Brasil enlutado pelas 600 mil mortes. Vamos abraçar nossos pobres. E abraçarmos também as autoridades para que juntos construamos um Brasil, pátria amada”, concluiu. 

Dom Orlando em coletiva com jornalistas após missa. (Wesley Diego/CENARIUM)

Veja mais imagens da celebração no Santuário de Nossa Senhora Aparecida:

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