Em Belém, cesta básica aumenta 1,93% em fevereiro e compromete quase metade do salário mínimo

Belém é uma das 17 capitais pesquisadas mensalmente pelo departamento. (Tânia Rêgo/ Agência Brasil)
Marcela Leiros – Da Revista Cenarium

MANAUS – O preço da cesta básica em Belém (PA), em fevereiro, aumentou 1,93% em comparação com o mês de janeiro. O valor saiu de R$ 563,97 para R$ 574,86, segundo a Pesquisa Nacional da Cesta Básica de Alimentos do Departamento Intersindical de Estatística e Estudos Socioeconômicos (Dieese). O aumento, apesar de parecer quase irrisório, impacta diretamente no bolso e orçamento das famílias que dependem do salário mínimo de R$ 1.212 para sobreviver.

Belém é uma das 17 capitais pesquisadas mensalmente pelo departamento e a metodologia considera os seguintes produtos: carne; leite; feijão; arroz; farinha; batata; legumes (tomate); pão francês; café em pó; frutas (banana); açúcar; banha/óleo; e manteiga. O valor identificado em fevereiro, na capital paraense, representa um impacto de 47% no salário mínimo. A carne bovina de primeira teve o preço elevado em 14 capitais, entre elas Belém (3,20%).

Essa é a realidade de pessoas como a pensionista Rosa Gonçalves, moradora do bairro Terra Firme, em Belém. Vivendo junto com o marido e os quatro filhos, o valor da pensão, do Auxílio Brasil e o pouco dinheiro recebido pela venda de coxinhas não é suficiente para sustentar a família de seis pessoas.

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“Não dá para fazer nada porque a pessoa vai na feira com R$ 50 e não traz mais nada”, explica ela. “Aí a gente que tem criança, tem que comprar coisa escolar…. tem uma ajudar do governo que dá esse complementação de renda, que dá realmente só para comprar as coisas para as crianças, de uso pessoal. Esse é o dia a dia da gente”.

Apesar de não ter filhos, o autônomo André Luis dos Santos, de 38 anos, compartilha da mesma dificuldade. Casado, ele explicou à CENARIUM como a renda é pouca e os gastos são grandes. “Por enquanto não é suficiente, porque está tudo difícil, fica complicado. A pessoa vai no supermercado fazer umas compras, e quando a pessoa vem de lá tem que pagar outras coisas. É pouco”, disse.

Cesta básica no Brasil

O Dieese apontou que as altas mais expressivas ocorreram em Porto Alegre (3,40%), Campo Grande (2,78%), Goiânia (2,59%) e Curitiba (2,57%). São Paulo foi a capital onde a cesta apresentou o maior custo (R$ 715,65), seguida por Florianópolis (R$ 707,56), Rio de Janeiro (R$ 697,37), Porto Alegre (R$ 695,91) e
Vitória (R$ 682,54). Nas cidades do Norte e Nordeste, onde a composição da cesta é diferente das demais capitais, os menores valores médios foram registrados em Aracaju (R$ 516,82), Recife (R$ 549,20) e João Pessoa (R$ 549,33).

Leia também: Salário mínimo ideal deveria ter sido de quase R$ 6 mil em janeiro, indica Dieese

O departamento também apontou que o salário mínimo ideal para o mês de fevereiro seria de R$ 6.012,18, enquanto em janeiro esse valor seria de R$ 5.997,14. Quanto aos reajustes salarias, o Dieese indicou que na data-base de fevereiro, 60,5% dos 119 reajustes analisados até 9 de março ficaram abaixo da variação do Índice Nacional de Preços ao Consumidor, do Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (INPC-IBGE). São dados preliminares, mas, em termos percentuais, se aproximam do observado em janeiro de 2021, quando foram analisados 2.315 reajustes.

Outros 15,1% dos reajustes de fevereiro tiveram valor equivalente ao da inflação acumulada nos 12 meses anteriores. Os demais 24,4% ficaram acima do índice inflacionário medido pelo IBGE. Quanto ao mês de janeiro de 2022, o quadro melhorou em relação ao divulgado na última edição deste informativo, com queda de quase 9 pontos percentuais (p.p.) nos reajustes abaixo do INPC e aumento em 10 p.p. naqueles iguais à inflação.

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