Em depoimento, Mayra Pinheiro contradiz Pazuello sobre alerta da crise de oxigênio em Manaus


25 de maio de 2021
Ao colegiado, Pazuello insistiu que só soube do problema na noite do dia 10, quando chegou pessoalmente a Manaus (Pablo Jacob/O Globo)
Ao colegiado, Pazuello insistiu que só soube do problema na noite do dia 10, quando chegou pessoalmente a Manaus (Pablo Jacob/O Globo)

Com informações do O Globo

BRASÍLIA – Em contradição ao que foi dito pelo ex-ministro Eduardo Pazuello, a secretária do Ministério da Saúde Mayra Pinheiro afirmou à CPI da Pandemia que a pasta teve conhecimento da iminente crise de oxigênio no Amazonas em 8 de janeiro, confirmando o que foi dito anteriormente por ela em depoimento à Polícia Federal. Ao colegiado, Pazuello insistiu que só soube do problema na noite do dia 10, quando chegou pessoalmente a Manaus.

“Tem uma falha aí de informação. Eu estive em Manaus até o dia 5 (de janeiro), eu voltei, o Ministro teve conhecimento do desabastecimento de oxigênio em Manaus creio que no dia 8, e ele me perguntou: “Mayra, por que você não relatou nenhum problema de escassez de oxigênio?”. Porque não me foi informado”, justificou Mayra.

Ela relatou que possui prova, através da uma gravação telefônica, que questionou o secretário de Saúde do Amazonas, Marcellus Campêlo, sobre não ter sido informada durante sua ida a Manaus.

“Eu confirmei a informação com o secretário estadual de Saúde, perguntando: “Secretário, por que, durante o período da minha prospecção, não me foi informado?”. Ele disse: “Porque nem nós sabíamos”, contou Mayra após questionamentos do relator Renan Calheiros (MDB-AL).

Em momento anterior, a secretária disse que “não houve uma percepção que faltaria” oxigênio durante a sua missão a Manaus, no início de janeiro. Dias depois, em 8 de janeiro, a secretaria estadual de Saúde do Amazonas encaminhou uma mensagem relatando o problema à pasta.

“Pelo que eu tenho de provas, é que nós tivemos uma comunicação por parte da secretaria estadual, que transferiu para o Ministro um e-mail da White Martins dando conta de que haveria um problema de abastecimento, segundo eles mencionado como um problema na rede”, declarou Mayra.

Como mostrou o GLOBO, outros documentos produzidos pelo Ministério da Saúde e pela Secretaria de Saúde do Amazonas (SES-AM) também contradizem o depoimento de Pazuello à CPI sobre a data em que foi alertado pelas autoridades amazonenses a respeito de problemas no abastecimento de oxigênio hospitalar. Ofícios mostram que a pasta tinha sido informada no dia 7 de janeiro, um dia antes do que foi relatado pela secretária.

Um ofício produzido pela SES-AM diz que o secretário ligou pessoalmente para Pazuello e o informou sobre problemas enfrentados pela fornecedora de oxigênio hospitalar White Martins.

“Assim, na mesma noite do dia 07.01.2021, entramos em contato por meio de ligação telefônica com o Ministro da Saúde para comunicar quanto às dificuldades apresentadas pela empresa White Martins referente ao seu abastecimento, bem como noticiar de que essa teria cilindros para trazer de Belém-PA, sendo necessário auxílio para seu transporte. Desta forma, foi informado pelo Ministro que o Comando Conjunto estava à disposição desta Secretaria”, diz o ofício da SES-AM.

O outro documento que indica que o governo teria sido alertado no dia 7 de janeiro sobre problemas no abastecimento de oxigênio no estado é assinado pelo ex-secretário-executivo do Ministério da Saúde em resposta a um requerimento de informação feito pelo deputado federal José Ricardo (PT-AM). O ofício foi elaborado no dia 15 de março.

“Esclareço que, na noite de 7 de janeiro de 2021, este ministério tomou ciência de problemas relacionados ao abastecimento de oxigênio na rede de saúde do Amazonas”, afirma o ofício assinado pelo ex-secretário-executivo do Ministério da Saúde Élcio Franco.

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