Em evento com Moro, Dallagnol se filia ao Podemos e sinaliza candidatura à Câmara

O ex-procurador Deltan Dallagnol, durante filiação ao Podemos, nesta sexta-feira. (Divulgação/Podemos)

Com informações do InfoGlobo

SÃO PAULO – Ex-coordenador-geral da Operação Lava-Jato, o ex-procurador da República Deltan Dallagnol assinou sua ficha de filiação ao Podemos, nesta sexta-feira, 10, em Curitiba. Seu plano é concorrer a uma vaga na Câmara dos Deputados pelo Paraná, em 2022.

O ex-juiz e ex-ministro da Justiça e Segurança Pública Sergio Moro, aliado na Lava-Jato, participou da solenidade. Por cerca de quarenta minutos, Dallagnol fez um discurso monotemático sobre combate à corrupção, pauta à qual ficou associado por sua condução da operação, e lembrou, por diversas vezes, de seu trabalho frente ao Ministério Público Federal (MPF). Batista, ele citou o profeta Isaías e ofereceu uma justificativa divina para sua atuação política.

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“O combate à corrupção foi a causa com que Deus me chamou para servir à sociedade e para cuidar dos vulneráveis”, declarou.

Dallagnol pediu demissão do MPF, no mês passado, e mira vaga no Congresso. Já a pretensão de Moro, chamado de “presidente” pelos correligionários, é disputar o Palácio do Planalto.

Moro, que precisou deixar o evento mais cedo em razão de um compromisso, também discursou e mirou tanto no PT quanto no presidente Jair Bolsonaro (PL), de quem foi ministro por um ano e meio, após condenar o ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva por corrupção.

Também colado à pauta anticorrupção, Moro ensaiou discorrer sobre outros temas, e mencionou a preservação do meio ambiente e os direitos humanos como temas importantes, sem dar maiores detalhes. Ele defende “transformar o Podemos numa gigante força-tarefa”, para combater desvios e irregularidades na administração pública.

“Me perguntam qual é o meu programa de governo. Tem muita coisa que a gente pode falar, mas o programa principal é a gente resgatar todos os nossos sonhos perdidos. Isso a gente só pode fazer junto, com coragem, bravura, convicção”, afirmou o ex-juiz.

Renata Abreu, presidente nacional da sigla, os senadores Álvaro Dias, Oriovisto Guimarães e Flávio Arns, o deputado estadual Paulo Roberto da Costa, conhecido como Galo, e o presidente estadual do Podemos no Paraná, César Silvestre Filho, também estiveram presentes e discursaram.

Dallagnol foi alvo de processos no Conselho Nacional do Ministério Público por sua atuação durante a Lava-Jato. No início de outubro, foi condenado a pagar indenização de R$ 40 mil ao senador Renan Calheiros (MDB-AL), em razão de publicações feitas no Twitter durante a eleição para a presidência do Senado.

Em 2019, Dallagnol foi punido com uma advertência pelo CNMP, num processo disciplinar aberto a pedido do então presidente do Supremo Tribunal Federal (STF), Dias Toffoli. O motivo foi uma manifestação em entrevista à rádio CBN no dia 15 de agosto de 2018, em que Dallagnol criticou ministros da Corte.

No mês passado, o ministro Bruno Dantas, do Tribunal de Contas da União (TCU), determinou que procuradores da Lava-Jato devolvessem gastos considerados irregulares com diárias e passagens. A Corte considerou que o modelo de força tarefa, em que havia o pagamento de diárias pela permanência dos profissionais em Curitiba, gerou dano aos cofres públicos. Dallagnol pode ser condenado a reembolsar os gastos solidariamente, já que foi responsável pelo modelo da operação.

Cenário eleitoral

O quadro das intenções de voto para a presidência nas eleições de 2022 continua favorável a Lula, segundo a última pesquisa da Genial/Quaest, empresa de inteligência de dados que faz análise das redes sociais e pesquisas de opinião pública.

O petista lidera em todos os cenários (entre 46% e 48%, a depender do cenário), vencendo em primeiro e segundo turnos. Já o presidente Jair Bolsonaro (PL) permanece em segundo lugar (23% a 27%), mas é derrotado em qualquer situação de segundo turno. Porém, após quedas sucessivas de popularidade, Bolsonaro recuperou pontos na disputa presidencial.

Moro se consolida na terceira colocação (10% a 11%), se descolando de Ciro Gomes (PDT), que varia entre 5% e 8%.

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