Em homenagem às vítimas da Covid-19, velas são acendidas durante protesto no Amazonas

O ato foi marcado pelo choro e comoção da população que perdeu amigos e familiares para o novo coronavírus (Caroline Viegas/Revista Cenarium)

Bruno Pacheco – Da Revista Cenarium

MANAUS – Em homenagem as mais de 523 mil de vítimas da Covid-19 por todo o País, participantes do protesto deste sábado, 3, contra o presidente Bolsonaro (sem partido), na Praça da Saudade, em Manaus, acenderam velas e cantaram músicas em memória de entes queridos. O ato foi marcado pelo choro e comoção de quem perdeu amigos e familiares para o novo coronavírus.

Manifestantes acenderam velas e chamaram Bolsonaro de assassino (Caroline Viegas/Revista Cenarium)

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A homenagem contou com a leitura de nomes de pessoas que foram a óbito em decorrência da Covid-19. Com os braços estendidos e a feição triste, estava a professora de História, Beatriz Calheiro, de 31 anos, que foi aos prantos enquanto tocava a música “Mudaram as Estações”, de Cássia Eller. Ela contou à reportagem da CENARIUM que participou do movimento em tributo à amiga, Gabriela Cativo, que morreu por Covid-19 no início deste ano, durante o pico da segunda onda da pandemia no Amazonas.

Gabriela Cativo, amiga de Beatriz, que morreu de Covid-19 no início do ano (Bruno Pacheco/Revista Cenarium)

À época, o sistema de saúde público e privado do Estado estava em colapso com a falta de oxigênio e de leitos clínicos e de Unidades de Terapia Intensiva (UTIs). Para Beatriz, a amiga poderia ter sido salva, se o governo federal não negasse a compra de vacinas e não fosse omisso com a crise da pandemia.

“Ela era minha amiga desde a escola. Nós nos conhecemos num curso de teatro, depois estudamos juntas na escola pública e, na juventude, militamos no movimento estudantil na Universidade Federal do Amazonas (Ufam). Tínhamos uma história não só pela cultura e pela arte, mas também pela militância no movimento social”, lembrou Beatriz.

Gabriela era uma jovem que estava noiva, mas foi contaminada pela Covid-19 e não resistiu às complicações da doença. Beatriz comenta que a amiga tinha uma vida inteira pela frente e sonhos a realizar, mas que foram interrompidos pela morte precoce.

“Nós sabemos que foi um duplo genocídio: no Amazonas e no Brasil, e a gente entende que o governo federal precisa ser ocupado por pessoas que cuidam da vida e da nossa população, por isso somos fora Bolsonaro”, desabafou Beatriz.

Cartejane Silveira Quintelo, de 42 anos, é industriário e diretor do Sindicato dos Plásticos (SinPlas). Ele perdeu a irmã para a Covid-19 no mês de dezembro do ano passado. Segundo o trabalhador, a irmã tinha comorbidade e era do grupo de risco.

Cartejane Silveira perdeu a irmã para a Covid-19 em dezembro do ano passado (Bruno Pacheco/Revista Cenarium)

“Ela teve um infarto fulminante. Minha irmã era obesa e contraiu a doença. Em dezembro de 2021, ela foi infectada pelo vírus e, por conta das complicações, não resistiu”, lembrou.

Quintelo reforça que a Covid-19 é uma doença traiçoeira e que a única forma de combate existente no momento é a vacinação. Para ele, é preciso que toda a população leve mais a sério as medidas sanitárias e que os governantes avancem na imunização das pessoas.

“É preciso que toda população seja imunizada o quanto antes, e que os governantes adotem todas as medidas necessárias para conseguir mais vacinas e avançar com a aplicação delas. É como os pesquisadores dizem, se a gente fazer a prevenção, tomar vacina, a probabilidade é amenizar isso tudo”, concluiu.

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