Em janeiro, Amazônia e Cerrado tiveram alertas de queda no desmatamento
10 de fevereiro de 2024
Área alvo de grilagem próxima à vila de Alter do Chão (PA), conhecida como Ponta de Pedras. Parte da mata na região foi desmatada (Pedro Ladeira/9.set.2022/Folhapress)
Da Revista Cenarium*
SÃO PAULO (SP) – Os alertas de desmatamento tiveram queda em janeiro tanto na Amazônia, que vem de uma tendência de redução, quanto no Cerrado, que vinha batendo recordes mensais no desmate há quatro meses consecutivos.
Os dados são do sistema Deter, do Instituto Nacional de Pesquisas Espaciais (Inpe) e foram divulgados na sexta-feira, 9.
Em janeiro, foram perdidos 118,8 quilômetros quadrados (km²) de vegetação nativa na Amazônia, queda de 29% em relação ao registrado no mesmo mês do ano passado, quando o índice ficou em 166,5km².
No Cerrado, foram registrados 295,9km² de desmate, neste ano, redução de 33% frente a janeiro de 2023, em que a taxa chegou a 440,5km². Desde julho de 2023, este é o primeiro mês em que os números no bioma apresentam melhora em relação ao mesmo período do ano anterior.
Em janeiro, os índices também melhoraram na comparação com dezembro, com queda de 32% na Amazônia e 35% no Cerrado.
Fronteira agrícola no cerrado da Bahia (Marcio Sanches/WWF Brasil)
O início do ano, normalmente, tem melhora nos números de desmatamento, já que a temporada de chuvas, em ambas as regiões, dificulta a derrubada da mata. A maior incidência de nuvens também dificulta a captura de imagens pelos satélites que alimentam o Deter.
No Cerrado, a cobertura de nuvens registrada pelo Inpe chegou a 39%, enquanto na Amazônia ficou em 31%. Assim, é possível que áreas desmatadas que não tenham sido registradas, agora, venham a ser contabilizadas nos próximos meses.
O Deter mapeia e emite alertas de desmate com o objetivo de orientar ações do Instituto Brasileiro do Meio Ambiente e dos Recursos Naturais Renováveis (Ibama) e outros órgãos de fiscalização. Os resultados representam um alerta precoce, mas não são o dado fechado do desmatamento.
Os números oficiais são de outro sistema do Inpe, o Prodes, mais preciso e divulgado anualmente.
Em novembro, os dados do Prodes mostraram que, de agosto de 2022 a julho de 2023, foram perdidos 9.001km² de floresta amazônica, uma redução de 22,3% na comparação com o período anterior. No mesmo período, o cerrado perdeu 11.011,6km² de vegetação nativa, representando uma alta de 3%.
O primeiro mês de 2024 foi marcado pela paralisação dos servidores ambientais, que pedem reestruturação da carreira da categoria. A reivindicação de um novo plano de carreira, aumento de salário e melhores condições de trabalho foi escalando durante o ano passado, até iniciar em 2024 já com paralisações localizadas.
Os servidores reclamam que, apesar de a preservação do meio ambiente estar no centro do discurso do presidente Lula (PT), a carreira não foi valorizada, mesmo após anos de sucateamento e ataques durante a gestão de Jair Bolsonaro (PL).
Ainda não está certo o tamanho da adesão à paralisação, nem o impacto desta sobre a política ambiental do governo federal.
Segundo levantamento da Associação Nacional de Servidores Ambientais (Ascema), em janeiro foram aplicados 470 autos de infração pelo Ibama, redução de 70% em relação à média de 2023, quando foram registrados cerca de 1.566 autos por mês.
Também houve queda de 52% na emissão de licenças ambientais em janeiro na comparação com a média mensal do ano passado.
No início do mês, foram registradas, ainda, diversas desistências de servidores que haviam manifestado interesse de atuar em operações de fiscalização na Amazônia e na Terra Indígena Yanomami (TIY). Segundo documento do Ibama, de 87 pessoas que se prontificaram, inicialmente, para atuar, apenas quatro confirmaram, após a declaração de paralisação, a disposição para ir a campo.
A última mesa de negociação, realizada no dia 1° de fevereiro, terminou sem acordo. Uma nova reunião entre o governo e a categoria deve ser realizada em 16 de fevereiro.
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