Em Manaus, cientistas de 30 países pedem ação global pela Amazônia na COP30


Por: Fred Santana

22 de outubro de 2025
Em Manaus, cientistas de 30 países pedem ação global pela Amazônia na COP30
A biomédica Helena Nader, presidente da ABC (Erikson Fernandes/ABC)

MANAUS (AM) – Reunidos em Manaus (AM), representantes das Academias de Ciências de 30 países emitiram um alerta unificado: o mundo está à beira de um ponto crítico e a COP30 não pode terminar sem decisões concretas. O encontro, encerrado nesta quarta-feira, 22, na sede do Instituto Nacional de Pesquisas da Amazônia (Inpa), lançou um alerta contundente: a COP30 precisa marcar um ponto de virada na agenda climática mundial.

No encerramento, foi divulgado um documento alertando que o futuro da estabilidade climática global depende diretamente da preservação das florestas tropicais e da cooperação internacional em prol da ciência, da biodiversidade e das comunidades locais. “Sem florestas tropicais vivas, funcionais e socialmente integradas, a estabilidade climática global será impossível de sustentar”, afirmam os cientistas.

“A ciência está pronta – mas precisa ser ouvida”

Na declaração, as academias reforçam que o mundo vive um momento decisivo e que a ciência está pronta, mas enfrenta a falta de vontade política e de cooperação efetiva. “O conhecimento acumulado oferece base sólida para agir – mas as ações têm sido lentas, fragmentadas e descoladas da urgência que a situação exige”, diz o texto.

O apelo também denuncia os impactos já visíveis da mudança climática, que vão desde o aumento das temperaturas médias até secas, enchentes e incêndios mais intensos. “Esses fenômenos já não são projeções, mas realidades vividas na América do Sul, na África e na Ásia”, destacam.

Para os cientistas, é urgente interromper a extração e o uso de combustíveis fósseis, deter o desmatamento tropical e investir em restauração ecológica. “O clima já mudou – e precisamos adaptar nossas cidades e áreas rurais ao novo contexto para minimizar os impactos sobre nossas populações”, afirmam.

Encontro aconteceu na sede do Instituto Nacional de Pesquisas da Amazônia (Divulgação)
Biodiversidade no centro da agenda global

O documento reforça que a biodiversidade precisa deixar de ser um tema periférico nas negociações climáticas e ocupar o núcleo da agenda da COP30, conectando o Acordo de Paris ao Marco Global de Biodiversidade de Kunming–Montreal. Para isso, propõe reforçar a infraestrutura científica e promover novas gerações de pesquisadores, incluindo jovens, povos indígenas e comunidades tradicionais.

“As ações necessárias vão além da conservação ambiental: incluem o fortalecimento da infraestrutura científica nas regiões tropicais, a proteção dos direitos territoriais e culturais dos povos indígenas e a transição para economias sustentáveis, baseadas no conhecimento e impulsionadas pela inovação”, destaca a declaração.

Os representantes ressaltam que as tecnologias e o conhecimento já existem, mas o desafio é transformar as evidências em decisões concretas. “O que falta é vontade política, cooperação internacional efetiva e compromisso global de longo prazo”, apontam.

O evento em Manaus contou com a presença de academias dos oito países amazônicos (Brasil, Bolívia, Colômbia, Equador, Guiana Francesa, Guiana, Suriname e Venezuela) e outras 16 das Américas, além de China, Austrália, França, Japão, Portugal e Senegal. A iniciativa buscou reforçar a mensagem de que “a oportunidade representada pela COP30 não pode ser perdida”.

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Editado por Jadson Lima

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