Início » Sociedade » Em Manaus, indígenas reivindicam vila sustentável e vacinação contra a Covid-19
Em Manaus, indígenas reivindicam vila sustentável e vacinação contra a Covid-19
O cacique China, presidente da Associação dos Artesãos e Agricultores Indígenas Urbanos e Rurais do Amazonas (Ricardo Oliveira/Revista Cenarium)
Compartilhe:
25 de maio de 2021
Marcela Leiros – Da Revista Cenarium
MANAUS – Um grupo de indígenas formado por 240 famílias de diversas etnias está vivendo em condições precárias, em Manaus, e reivindica por um espaço para construir uma “vila sustentável” na capital amazonense. Organizadas pela Associação dos Artesãos e Agricultores Indígenas Urbanos e Rurais do Amazonas (Aaaiuram), as famílias acampam há 35 dias na área externa da Secretaria de Estado de Administração Penitenciária (Seap), na zona Norte, e também denunciam a falta de vacinação contra a Covid-19.
Além das moradias, o projeto elaborado pela Aaaiuram pede ainda que a área destinada sirva também para a construção de barracas e eventual comercialização de artesanatos, comidas típicas, medicina tradicional e turismo, como trilhas e danças culturais.
De acordo com o presidente da Associação, cacique China, já foi solicitado ao Governo do Amazonas uma área para construção da “vila sustentável”. “Estamos aqui há 35 dias e elaboramos um miniprojeto, que é uma vila sustentável indígena. Nós solicitamos essa área para implantarmos o nosso projeto. Nós queremos um espaço para nossa moradia e também para fazer nossas barracas, como comidas típicas”, disse o indígena da etnia Kokama.
PUBLICIDADE
China lembrou ainda que aguarda um retorno das autoridades estaduais e que deseja sair do local apenas para ser realocado em um lugar mais digno. “Não somos invasores, estamos aqui com 240 famílias. Talvez, se nós tivéssemos o sonho de invadir, nós estaríamos invadindo, mas nós não temos esse sonho. Estamos com um movimento indígena diferente. Hoje as nossas armas são o documento, nosso diálogo com o governo e qualquer autoridade que chega aqui”, pontuou ele.
Pandemia afeta renda
Das etnias Tikuna, Kokama e Tukano, os indígenas são originários de Tapauá, Fonte Boa, Tefé, Codajás, Benjamim Constant, São Gabriel da Cachoeira e Tabatinga, no interior do Estado.
Atualmente, morando aglomerados em um espaço de cerca de 28 m² e vivendo de doações, vieram a Manaus buscando condições mais dignas de sobrevivência após passarem dificuldades devido à pandemia.
“A pandemia começou em 2020 e a gente não podia chegar à cidade para buscar um recurso, não chegava uma cesta básica, principalmente os filhos que nós temos para estudar não têm internet. E se nós virmos aqui, aparecer e dizer o que está faltando, também é uma política pública que a gente está construindo e levando para os parentes que está lá. A gente não tem para quem vender a nossa produção. Hoje sem o nosso artesanato, nas cidades pequenas, a gente não sobrevive”, disse China.
Vacinação
Junto à reinvindicação da “vila sustentável”, os indígenas também pedem mais orientação quanto ao plano de vacinação e aos direitos garantidos de imunização dos povos originários. Eles questionam principalmente a burocracia para obter a imunização.
À CENARIUM, a conselheira fiscal da Aaaiuram, Lídia Kokama, indicou que os indígenas aldeados do movimento têm dificuldades para serem vacinados. O Distrito Sanitário Especial Indigena (Dsei) teria orientado a Associação a incluir os indígenas em outros grupos prioritários como faixa etária ou comorbidades.
“A nossa maior dificuldade na verdade é por questões de nós não sermos de base [aldeados], então não estamos sendo atendidos nessa questão da vacina. Mas a gente vem também pedir que olhem para nosso lado, nós estamos aglomerados e não estamos recebendo essa vacinação. Estamos de certa forma vulneráveis a doenças”, disse Lídia.
Esclarecimentos
De acordo com o coordenador do Dsei Manaus, Januário Neto, houve uma reunião com os indígenas nessa segunda-feira, 24, onde ficou acordado que o Distrito vai orientá-los no processo de vacinação, junto à Secretaria Municipal de Saúde (Semsa). Por não serem de comunidades da capital amazonense, eles não são cadastrados nas comunidades atendidas pelo Dsei Manaus e esse seria o motivo da dificuldade em imunizá-los.
A reportagem entrou em contato também com o Governo do Amazonas sobre a reivindicação da “vila sustentável”, mas não obteve retorno até a publicação desta matéria.
Os comentários são de responsabilidade exclusiva de seus autores e não representam a opinião deste site. Se achar algo que viole os termos de uso, denuncie. Leia as perguntas mais frequentes para saber o que é impróprio ou ilegal.
Este site usa cookies para que possamos oferecer a melhor experiência de usuário possível. As informações dos cookies são armazenadas em seu navegador e executam funções como reconhecê-lo quando você retorna ao nosso site e ajudar nossa equipe a entender quais seções do site você considera mais interessantes e úteis.
Cookies Estritamente Necessários
O cookie estritamente necessário deve estar ativado o tempo todo para que possamos salvar suas preferências de configuração de cookies.
Se você desativar este cookie, não poderemos salvar suas preferências. Isso significa que toda vez que você visitar este site, precisará habilitar ou desabilitar os cookies novamente.