Em Manaus, nível do rio Negro atinge nova marca histórica de 30,02 metros

Nesta quarta-feira, 16, o nível do rio Negro subiu dois centímetros. (Gabriel Abreu/Revista Cenarium)
Gabriel Abreu – Da Revista Cenarium

MANAUS – O nível do rio Negro subiu mais três centímetros nesta quarta-feira, 16, alcançando a maior cota da história, com 30,02 metros. O nível do rio dá sinais do fenômeno conhecido na região como “repiquete”, que ocorre quando o rio desce e sobe novamente. O Negro ficou estável por oito dias na marca de 30 metros e na segunda-feira, 14, baixou um centímetro, dando sinal da vazante, mas voltou a subir.

Segundo Luna Gripp, pesquisadora do Serviço Geológico do Brasil (CPRM), as previsões apresentadas consideram um nível de 80% de probabilidade, podendo variar em torno de 2 cm, para cima ou para baixo, ao redor do valor médio previsto. Como o nível dos rios já se encontra próximo a esses valores, as previsões indicam, portanto, a estabilidade das águas.

A pesquisadora ressalta que as pequenas variações observadas no nível dos rios ao longo dos últimos dias, da ordem de 1 ou 2 cm, são praticamente irrelevantes se comparadas à magnitude dos rios analisados e não afetam significativamente os impactos associados ao evento de inundação que já estão instalados.

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“Há uma grande probabilidade de que o fenômeno de inundação em 2021 esteja chegando ao fim, mas mesmo com os rios estabilizados, a redução dos níveis é lenta e gradual”, afirma a pesquisadora.

Ou seja, os impactos associados às inundações atuais devem se estender ainda pelas próximas semanas. Sobre a possibilidade de repiquete, a pesquisadora afirma que no cenário atual não há nada que indique grandes possibilidades de ocorrência do fenômeno.

“Considerando as previsões de chuvas e as precipitações observadas até agora, além do comportamento dos rios nas cabeceiras, é improvável que venhamos a ter um repiquete como o que ocorreu em 2009”, explica Luna.

Chuvas

A cheia histórica de 2021 foi consequência do alto volume de chuvas no início do ano que segundo o meteorologista do Sistema de Proteção da Amazônia (Sipam) Renato Senna, se deu pela condição do Oceano Atlântico de neutralidade no sul e aquecimento no norte. “Isso faz com que seja deslocada a Zona de Convergência Intertropical, que é a zona preferencial de formação de nuvens, em direção ao norte da bacia”, afirma o meteorologista.

Outro fator, somado ao deslocamento da formação de nuvens, é o fenômeno La Niña, que leva as áreas de precipitação a se concentrarem ao norte. Recentemente, o La Niña se encerrou e o Atlântico entrou numa condição de normalidade. “Portanto, espera-se que as chuvas reduzam em quantidade, principalmente na bacia do Solimões. Na bacia do rio Negro elas vão entrar numa condição de normalidade, mas ainda vai continuar chovendo bastante”, afirma Renato Senna.

Auxílio Enchente 2021

Por conta dos estragos causados pela inundação severa, moradores de 15 bairros de Manaus estão recebendo do Governo do Amazonas o Auxílio Estadual Enchente 2021. São seis mil cartões e seis mil cestas básicas.

A previsão do Governo do Amazonas é que aproximadamente 120 mil famílias sejam atingidas com a subida das águas neste ano. Em todo o Estado, já foram distribuídos 30 mil cartões do Auxílio Enchente. Até o momento, são 50 municípios em situação de emergência, segundo o Centro de Monitoramento e Alerta (Cemoa). Assim como ocorre em Manaus, as ações da Operação Enchente foram levadas para diversas cidades.

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