Em manifestação, delegados da PF prometem paralisações por reajuste
04 de maio de 2022
Ações são respostas ao governo por sinalizar reajuste linear de 5% a todas as categorias e inviabilizar reestruturação das carreiras de segurança (Reprodução)
Com informações da Folhapress
BRASÍLIA – A Associação Nacional dos Delegados de Polícia Federal (ADPF) decidiu, em assembleia dos seus associados, pedir a renúncia do ministro da Justiça, Anderson Torres, após o governo de Jair Bolsonaro não cumprir promessa de reajuste e reestruturação das carreiras federais de segurança.
Os delegados também prometem paralisações parciais e progressivas, cujas datas ainda serão definidas, e a associação liberou seus associados para que entreguem cargos de chefia ou se neguem a aceitar novas lotações.
As medidas aprovadas na assembleia realizada na segunda-feira, 2, e terça-feira, 3, são mais um capítulo da crise entre os policiais federais e o Governo Bolsonaro.
“É importante destacar que a segurança pública foi a maior bandeira de campanha do Governo Bolsonaro e o destacado trabalho das forças de segurança vem sendo utilizado, indevidamente, pelo presidente, como instrumento de marketing para a sua reeleição”, diz a ADPF, em nota divulgada nesta manhã.
Ato de policiais federais, em frente ao novo prédio da PF, cobra reestruturação da carreira prometida por Jair Bolsonaro (Gabriela Bilo/Folhapress)
“Foram aprovadas, ainda, ações de mobilização e conscientização da população durante as atividades administrativas, como controle imigratório, de armas, de produtos químicos e segurança privada, realizadas pela PF”, informa a associação.
Os policiais criticam o reiterado descumprimento das promessas feitas pelo presidente Jair Bolsonaro.
No ano passado, o presidente chegou a prometer que faria a reestruturação da PF e R$ 1,7 bilhão foi reservado no orçamento.
Como mostrou a Folha, os policiais federais têm subido o tom das críticas ao Governo Jair Bolsonaro após o governo sinalizar a concessão de aumento de 5% a todas as carreiras federais, o que descartaria a reestruturação prometida às categorias federais da segurança pública.
Desde que o aumento começou a ser noticiado e não foi desmentido pelo governo, as entidades representativas dos delegados, peritos e agentes federais passaram a se reunir para debater qual será a resposta a ser dada.
Além da reestruturação, os policiais citam as perdas com o aumento da alíquota de contribuição criada pela reforma da Previdência e a PEC Emergencial, aprovada em março de 2021 com apoio da base do governo, que prevê um gatilho para congelamento de salário e proibição de progressão na carreira e novas contratações, sempre que houver decretação de estado de calamidade ou quando a relação entre despesas correntes e receitas correntes alcançar 95%.
Em todos os casos, afirmam os policiais, havia a promessa do governo de deixar os policiais de fora e, na última hora, o acordo não foi cumprido.
Os policiais lembram que, além das promessas de Bolsonaro, no dia 28 de março, o ministro Anderson Torres garantiu, em uma reunião com as entidades, que a reestruturação seria realizada.
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