Em marca histórica, empresas captam mais de R$ 100 bilhões no mercado brasileiro no primeiro trimestre

Nos primeiros três meses deste ano, as captações de renda variável e renda fixa somaram R$ 102 bilhões (Rahel Patrasso/Reusters)

Com informações do O Globo

SÃO PAULO – Mesmo com a economia brasileira ainda patinando por conta dos efeitos negativos da pandemia de Covid-19, o mercado de capitais brasileiro teve o melhor primeiro trimestre da história em termos de captações de recursos, tanto na Bolsa quanto na renda fixa, por meio da emissão de títulos pelas empresas.

Nos primeiros três meses deste ano, as captações de renda variável e renda fixa somaram R$ 102 bilhões. No ano passado, no mesmo período, esse total foi de R$ 83,8 bilhões e em 2019 de R$ 61,1 bilhões.

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“Tivemos uma boa recuperação e o total captado é o melhor da série histórica iniciada em 2011. Especialmente na renda variável, em que o primeiro trimestre é desafiador, tivemos destaque”, disse José Eduardo Laloni, vice-presidente da Associação Brasileira das Entidades dos Mercados Financeiro e de Capitais (Anbima), durante apresentação dos dados de 2021.

Ofertas iniciais de ações

Desde janeiro, houve 16 operações de oferta iniciais de ações, o chamado IPO (do inglês Oferta Pública Inicial), além de ofertas secundárias de ações (follow ons) que captaram R$ 33,4 bilhões, frente aos R$ 31,2 bilhões do ano passado e aos R$ 5,1 bilhões de 2019.

Laloni observa que as empresas que estão buscando sócios na Bolsa são de setores e tamanhos diversificados, já que alguns IPOs movimentaram mais de R$ 1 bilhão, mas também R$ 200 milhões. Segundo ele, esse movimento mostra que não só grandes companhias podem ir ao mercado de capitais.

Os fundos de investimento ainda têm a maior participação na oferta de ações, ficando com 49,7% do total, enquanto as pessoas físicas respondem por 7,1%. O que chama a atenção é que o investidor estrangeiro também voltou a comprar ações de companhias brasileiras e ficou com 34,2% das ofertas.

A maior parte dos recursos captados com ações (R$ 20,9 bilhões) foi para o caixa das empresas, segundo a Anbima, o que sinaliza intenção de se capitalizarem e direcionar esse dinheiro a novos investimentos.

Na renda fixa, que além de debêntures, incluem títulos como Certificado de Recebíveis do Agronegócio (CRAs) e Certificado de Recebíveis Imobiliários (CRIs), entre outros papéis, as empresas captaram R$ 68,6 bilhões, também a melhor marca da série histórica.

No mercado externo, que complementa as captações domésticas, as emissões de bonds no período somaram US$ 7,6 bilhões, quase se igualando aos US$ 8 bilhões captados ano passado.

A situação fiscal ruim do País não afetou esse movimento, disse Laloni, embora essas turbulências são sempre pontos de atenção. Ele lembrou que empresas estatais como Petrobras, Eletrobras e Banco do Brasil são emissoras de papéis de renda fixa e de ações.

“É importante que o mercado continue enxergando essas empresas como praticantes de boa governança para que elas continuem se financiando com qualidade”, disse Laloni.

Intervenções do Planalto

Neste ano, o governo interveio na Petrobras, após aumentos sucessivos dos combustíveis, e trocou o comando da empresa. No Banco do Brasil, após críticas públicas do presidente Jair Bolsonaro, o presidente do banco, André Brandão, pediu demissão. Na Eletrobras, o presidente da estatal também decidiu sair já que o processo de privatização não avançou.

Para o segundo trimestre, as perspectivas da Anbima ainda são positivas para as captações. Mesmo com o recrudewscimento da pandemia, neste início de ano, Laloni observa que o mercado de capitais esta num momento bom, num cenário de juros baixos que estimula essas operações.

“Os investidores estão saindo de suas formas tradicionais de investimento e migrando para produtos mais sofisticados tanto na renda fixa quanto na variável tendo como pano de fundo os juros baixos. Mesmo que a taxa de juros suba até 5%, o aplicador vai procurar mais retorno que a Selic”, disse Laloni.

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