Em meio à operação da PF no Rio Madeira, balsas são vendidas a partir de R$ 65 mil nas redes sociais

O valor mais elevado de uma balsa de garimpo encontrado pela reportagem, no site OLX, foi de R$ 200 mil. (Reprodução/Facebook)

Bruno Pacheco – Da Revista Cenarium

MANAUS – Em meio à operação da Polícia Federal (PF) no Rio Madeira, no interior do Amazonas, balsas de garimpo são vendidas nas redes sociais com preços que variam entre R$ 65 mil e R$ 200 mil, apesar da estrutura precária. Mesmo sendo alvo de atuação dos agentes federais, as embarcações podem ser facilmente encontradas em sites e plataformas de vendas.

No Facebook, a reportagem da REVISTA CENARIUM encontrou um homem anunciando uma balsa de madeira com seis metros de largura, contendo duas caixas (termo usado por garimpeiros para designar o compartimento da balsa onde eles trabalham).

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Segundo o anúncio, a embarcação foi construída em 2021 e tem dois motores da marca Buffalo de 22hp, 25 metros de mangueira usada para encontrar ouro no fundo do rio, além de um motor de rabeta 15hp. Na internet, um motor de 22hp chega a custar entre R$ 7 mil e R$ 22 mil.

Com uma estrutura de madeira e um maquinário pesado, a balsa tem espaço ainda para servir como dormitório e para os garimpeiros cozinharem a própria refeição. O “vendedor” da embarcação pede R$ 70 mil, mas afirma que fecha “negócio” por um carro ou moto.

R$ 200 mil

No site OLX, plataforma on-line que permite ao usuário vender e comprar produtos variados, é possível encontrar, na ferramenta de busca, balsas de garimpo pelo valor mínimo de R$ 65 mil. Na descrição, o vendedor diz que a embarcação tem 9,5 metros de altura por 6,2 metros de largura, um motor de 23hp, uma caixa de 7,5 metros de altura por dois metros de largura.

Preço mínimo de uma balsa de garimpo no site OLX é de R$ 65 mil. (Reprodução/OLX)

O valor mais elevado encontrado pela reportagem no site OLX foi de R$ 200 mil. Segundo o anúncio de venda, a balsa mede 12 metros de altura por 7 metros de largura. “Balsa completa, com caixa e flutuação novas em madeira. Equipamento e motorização novos e revisados, funcionando e produzindo perfeitamente”, diz a descrição.

Nas imagens, é possível ver que a embarcação tem três mangueiras usadas para encontrar as pedras preciosas, além de três compartimentos de dois andares.

Balsa é vendida por R$ 200 mil no site de vendas OLX. (Reprodução/OLX)

Garimpo

A atuação do garimpo ilegal vem sendo acompanhada pela imprensa, desde a semana passada, quando mais de 600 balsas garimpeiras foram flagradas no Rio Madeira, no interior do Amazonas. Sem licença ambiental ou qualquer fiscalização de órgãos como a Polícia Federal (PF) ou Instituto Brasileiro do Meio Ambiente e dos Recursos Naturais Renováveis (Ibama), a atividade crescia a cada dia, mesmo com o risco à saúde das pessoas que utilizam a água do rio.

Desde sábado, 27, a PF junto ao Ibama vêm executando a Operação Uiara, palavra que tem origem na língua tupi e que significa “Mãe da Água”. Ao todo, três pessoas foram presas e 131 balsas utilizadas no garimpo ilegal foram apreendidas e destruídas.

Veja também: Em operação contra o garimpo na Amazônia, três pessoas são presas e 131 balsas destruídas

Além das “balsas-dragas”, maquinários, mercúrio e ouro foram apreendidos pelos agentes, em quantidades não informadas. Vídeos divulgados pelos garimpeiros e captados por moradores também mostram momentos da operação com as balsas incendiadas no Paraná do Maracá, um dos braços do Madeira.

A REVISTA CENARIUM vem acompanhando in loco o dia a dia desses garimpeiros, que afirmam estarem apenas em busca do sustento de suas famílias. “Vi no garimpo uma forma de garantir a renda para minha família”, declarou o garimpeiro e ex-comerciante Sadir da Costa Oliveira, de 38 anos.

Veja também: Garimpeiros da Amazônia esquecem degradação ambiental e dizem que cobiça pelo ouro é saída para o sustento

No domingo, 28, um dia após os agentes da Operação Uiara incendiarem as balsas no trecho entre os municípios de Autazes (a 120 quilômetros de Manaus) e Nova Olinda do Norte (a 133 quilômetros de Manaus), as embarcações foram abandonadas sob protestos de garimpeiros contra a ação.

Em um dos cartazes deixados pelos garimpeiros, donos das balsas, eles afirmam que não são bandidos e que só querem o direito de trabalhar. “Não somos bandidos. Só queremos o direito de trabalhar… já que exercemos nossos deveres”, diz o cartaz.

Leia mais: ‘Não somos bandidos’, dizem garimpeiros que insistem em ficar no Rio Madeira após operação da PF

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