Em meio à pandemia, vetos ao Orçamento cortam recursos para saúde, educação e obras

A diferença é que os programas e ações bloqueados podem voltar a ser autorizados em 2021, o que não ocorre no caso de veto (Evaristo Sá/AFP)
Com informações da F. de São Paulo

MANAUS – Os vetos do presidente Jair Bolsonaro (sem partido) ao Orçamento de 2021 retiram dinheiro das áreas de saúde, educação e também para obras. Para garantir verba a despesas obrigatórias, como aposentadorias, o governo teve que abrir espaço no Orçamento, num valor de aproximadamente R$ 29 bilhões.

Desse total, cerca de R$ 20 bilhões foram na forma de vetos, e R$ 9 bilhões na forma de bloqueio, o que deixa os gastos em suspenso e só serão liberados se houver dinheiro para o pagamento ao longo do ano. A diferença é que os programas e ações bloqueados podem voltar a ser autorizados em 2021, o que não ocorre no caso de veto.

Apesar de a crise sanitária do coronavírus atingir recordes no País, a verba para a saúde não foi poupada. A pasta perdeu R$ 2,2 bilhões em recursos vetados. Não houve, porém, bloqueio nesta área.

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No caso do Ministério da Educação, foram vetados R$ 1,1 bilhão. O bloqueio na pasta foi de R$ 2,7 bilhões.

O ministro que mais perdeu verba foi Rogério Marinho (Desenvolvimento Regional). Foram vetados R$ 8,6 bilhões e bloqueados R$ 800 milhões. Marinho havia sido o titular que mais ganhou dinheiro após mudanças no Orçamento promovidas pelo Congresso.

As alterações, no entanto, cortaram previsão de despesas obrigatórias, como aposentadorias e seguro-desemprego, que ficaram abaixo do suficiente para garantir os pagamentos até o fim do ano. Isso abriu uma arrastada negociação entre o Palácio do Planalto, Ministério da Economia e Congresso.

A solução costurada para destravar o Orçamento de 2021 envolveu uma combinação entre vetos a emendas parlamentares e recursos de programas de ministérios, além de um esforço do governo para enxugar ao máximo os gastos com o funcionamento da máquina pública.

De acordo com o secretário especial de Fazenda do Ministério da Economia, Waldery Rodrigues, os cortes oficializados nesta sexta-feira, 23, não geram risco ao funcionamento da máquina pública.

“Entendemos que, neste momento, não corremos risco de termos parada em nenhum dos ministérios”, disse.

Os técnicos do governo afirmaram que, com a reorganização do Orçamento, serão relançados o Pronampe, que concede crédito emergencial a pequenas empresas, e o programa que permite corte de jornada e salário de trabalhadores, com compensação parcial paga pelo governo. Eles não apresentaram previsão para o lançamento.

Com o veto parcial ao Orçamento aprovado pelo Congresso, Bolsonaro seguiu a orientação do ministro Paulo Guedes (Economia).

O Legislativo, por sua vez, também obteve vitórias na negociação, pois o veto às emendas desejado pela equipe econômica foi enxugado nas negociações. Emendas são recursos direcionados por deputados e senadores a projetos de suas bases eleitorais

Guedes queria um veto mais amplo às emendas. Mas o acordo exigiu então que o governo também faça uma redução nas despesas para o funcionamento dos ministérios, por exemplo, cortando gastos administrativos.

Também foi vetada a autorização para criação de cargos na Polícia Militar e no Corpo de Bombeiros do Distrito Federal, que são custeados pela União. A sanção, com vetos, ao Orçamento de 2021 foi publicada na edição desta sexta-feira, 23, do Diário Oficial da União, mas com a data desta quinta-feira, 22.

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