Em mil dias de Governo Bolsonaro, 19 ministros já abandonaram o cargo

O presidente Jair Bolsonaro (Isac Nóbrega/Presidência)

Com informações do Infoglobo

BRASÍLIA – O presidente Jair Bolsonaro chegou ao poder com a promessa de montar uma equipe técnica e rejeitar o toma lá, dá cá com partidos tradicionais. Mil dias e cem crises depois, 19 ministros já deixaram o posto, o equivalente a uma baixa a cada 52 dias. Essa dança das cadeiras afetou áreas relevantes para o País, como Saúde e Educação — e gerou uma transmutação do Governo Bolsonaro.

Enfraquecido e com a popularidade em queda, o presidente abriu mão do seu discurso de campanha contra a velha política e entregou pastas e órgãos expressivos a caciques do Centrão, que, em troca, ofereceram uma base de apoio a Bolsonaro no Congresso.

PUBLICIDADE

As mudanças na estrutura do governo ocorreram à medida que surgiram conflitos externos, com Judiciário e Legislativo, e internos, provocados por embates entre alas opostas como a militar e a ideológica, que tornaram o Palácio do Planalto um ringue logo nos primeiros meses de governo.

A primeira baixa na equipe de Bolsonaro ocorreu apenas 48 dias após o início do governo — e foi precedida por uma crise conflagrada entre o filho e o homem de confiança do presidente. Coordenador da campanha que elegeu Bolsonaro, o advogado Gustavo Bebianno, então ministro-chefe da Secretaria-Geral, foi dispensando após travar um embate com o vereador do Rio de Janeiro Carlos Bolsonaro (Republicanos), filho do presidente. Desconfiado de Bebianno, Carlos coordenou uma ofensiva nas redes sociais contra o advogado. A fritura pública só terminou quando Bolsonaro decidiu romper com o antigo braço direito, morto em março de 2020.

Esse mesmo processo de desgaste também foi aplicado ao professor Ricardo Vélez (Educação), ao general Carlos Alberto dos Santos Cruz (Secretaria de Governo), ao médico Luiz Henrique Mandetta (Saúde) e ao ex-juiz Sergio Moro (Justiça e Segurança Pública).

‘Fábrica de crises’

Ex-ministros escanteados e substituídos por discordar do chefe do Executivo descreveram ao GLOBO a gestão Bolsonaro como uma fábrica de crises, que carece de planejamento estratégico e é movida pelo fanatismo de apoiadores radicais. O reflexo disso é que, com tantas trocas, sobretudo em áreas estratégicas, o governo se torna ingovernável.

Terceiro a ser demitido por Bolsonaro, Santos Cruz entrou na linha de tiro do núcleo ideológico ao mudar regras para a aplicação das verbas publicitárias da Secretaria Especial de Comunicação, então comandada por Fabio Wajngarten. Ele também barrou a nomeação de Léo Índio, primo dos filhos do presidente que atuaria como um homem de confiança de Carlos Bolsonaro. Não sobreviveu aos ataques da ala ideológica do governo e foi defenestrado do Planalto.

“Você não vê uma conversa equilibrada sobre os problemas que o País tem. Você vê shows permanentes. É o show de quinta (live), é o show do cercadinho (na porta do Palácio do Alvorada). Como esses shows permanentes colaboram para os problemas do Brasil? Como aquele 7 de setembro, que foi um show nacional, colaborou? Não havia soluções para os brasileiros que estão vivendo abaixo da linha da miséria nem era conversa para estimular o povo a se dedicar ao trabalho, à honestidade. Foi um show de brigas pessoais”, diz Santos Cruz.

Também crítico ao comportamento de Bolsonaro, Sérgio Moro deixou o Ministério da Justiça e Segurança Pública em abril de 2020 alegando não compactuar com interferências nas trocas de comando da Polícia Federal. Numa coletiva de imprensa que irritou Bolsonaro, Moro saiu atirando. Falou que o presidente tinha preocupação com inquéritos em curso no Supremo Tribunal Federal (STF).

Veja a matéria completa no site

PUBLICIDADE

O que você achou deste conteúdo?

Compartilhe:

Comentários

Os comentários são de responsabilidade exclusiva de seus autores e não representam a opinião deste site. Se achar algo que viole os termos de uso, denuncie. Leia as perguntas mais frequentes para saber o que é impróprio ou ilegal.