Em nota publicada, Bolsonaro descarta obrigatoriedade em caso de vacinação em massa da população

As advogadas Leila Loureiro e Noemy Titan escrevem na petição que, na atual cotação do dólar, o valor total do auxílio que deveria ter sido recebido pela cliente é de R$ 5.540 (Reprodução/ Internet)

Mencius Melo – Da Revista Cenarium

MANAUS – Uma nota publicada nas redes sociais da Secretaria de Comunicação do Governo Federal (Secom), hoje, 01 de setembro, abriu mais uma polêmica sobre os desdobramentos da pandemia do novo Coronavírus no Brasil.

No comunicado, o governo alega que está “gastando bilhões para salvar vidas e preservar empregos…”. Na sequência uma frase em aspas leva a assinatura do presidente Jair Bolsonaro (sem partido).

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Nela está contida a seguinte informação: “Ninguém pode obrigar ninguém a tomar vacina”. E logo abaixo outra frase completa: “O governo do Brasil preza pelas liberdades dos brasileiros”.

Nota em que o governo prioriza que “ninguém é obrigado”, ao invés da importância da vacinação para a população (Reprodução/Internet)

A declaração em tom de campanha, causou polêmica e está incendiando o debate nas redes sociais. De um lado estão os que acreditam que a nota desestimula ainda mais a população a se proteger e de outro estão os que defendem que isso é uma escolha individual.

Para a coordenadora estadual de imunização da Fundação de Vigilância Sanitária (FVS), o comunicado não apresenta novidades. “O governo alega que está gastando bilhões com vacina e tem que gastar mesmo, isso é normal”, comentou Izabel.

A técnica prosseguiu. “Temos uma cultura em que as pessoas acreditam que vacina é só para crianças, mas, longe disso, temos vacinas para adolescentes, idosos, gestantes, indígenas, enfim…”, elencou.

Para ela, a declaração não ajuda. “A campanha de vacinação contra a influenza não chegou a todos e está se arrastando, porque isso é uma questão de conscientizar as pessoas da importância”, declarou.

Izabel ainda faz um paralelo. “No Brasil, Covid é ‘gripe’ e quando uma declaração dessa chega às pessoas, atrapalha e põe todo um trabalho a perder”, lamentou.

Questão política

Para o juiz constitucionalista Cássio Borges, não há o que fazer do ponto de vista jurídico, para ele a questão é intrinsecamente política. “O presidente gasta o dinheiro público com pesquisas ou vacinas e não faz campanha para divulgar vacinação? O que podemos fazer?”, questionou.

Para o deputado Serafim Corrêa, o presidente pode tentar negar, mas o fato é que o povo irá aos postos se vacinar, caso o medicamento seja ofertado (Reprodução/Internet)

De acordo com o magistrado, o tema cai no debate de opiniões. “Honestamente, não vejo como responsabilizá-lo juridicamente por isso. Essa atitude me parece estar restrita à política, ou seja, ao julgamento político”, sentenciou.

Cássio Borges crítica no entanto, os argumentos e as posições negacionistas que jogam iniciativas positivas como as campanhas de vacinação, no limbo da desinformação. “Opiniões como essas derivam do negacionismo típico dos ‘olavistas’, que são apologistas da ignorância”, resumiu.

Importância da vacinação

O deputado estadual Serafim Corrêa (PSB), em entrevista à REVISTA CENARIUM, comentou sobre a mais nova polêmica governamental. “As vacinas devem ser ofertadas na rede pública de saúde de todo o Brasil e com campanhas de esclarecimento da importância da vacinação, como é feito com a gotinha amiga, vacina contra a gripe etc…”, opinou.

De acordo com o parlamentar, é óbvio que obrigar a população a se vacinar não procede, mas, com o devido estímulo, isso ocorrerá livremente. “Não precisa prender ninguém e levar ao posto. Isso vai acontecer naturalmente”, assegurou.

Questionado sobre o negacionismo contido no posicionamento do presidente, Serafim foi cético. “Ele tenta fazer isso, mas não conseguirá. O povo brasileiro irá normalmente aos postos de saúde com a oferta da vacina. Não creio que o discurso dele encontre eco na população”, finalizou.

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