Em parceria com Marcelo Rosenbaum, ribeirinhos criam coleção inspirada em lendas amazônicas

Inspirada nas histórias da floresta, coleção de bancos artesanais estão à venda pela rede social whatsapp (Reprodução/Divulgação - FAS)

Da Revista Cenarium *

MANAUS – Bancos artesanais de madeira inspirados nas histórias e lendas da Amazônia têm gerado renda para comunidade. Esse é o objetivo da coleção “Esse dito Bicho” lançada nesta semana, pelo “Projeto Amazonas Sustentável”, desenvolvido pela Fundação Amazonas Sustentável (FAS), em parceria idealizada com Petrobras, Instituto “A Gente Transforma”, do arquiteto Marcelo Rosenbaum para comunidade de Terra Preta, localizada na Reserva de Desenvolvimento Sustentável (RDS) Rio Negro (1).

O arquiteto Marcelo Rosenbaum e os ribeirinhos de Terra Preta, em uma imersão de histórias e contos da mata (Reprodução/Divulgação – FAS)

O trabalho foi conduzido através da tecnologia chamada Design Essencial, que consiste na imersão do Instituto “A Gente Transforma” com a comunidade, para identificar potenciais artesãos e possibilitar o resgate de seus saberes ancestrais e criação coletiva, inspirada em no imaginário cultural amazônico.

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Durante 10 dias foi proposto para 17 homens da comunidade, sem qualquer experiência em esculpir, o desenvolvimento de produtos em madeiras, resíduos do manejo da Floresta Amazônica, que carregassem em si um pouco da história e cultura da região.

Harmonia com a floresta

Segundo o coordenador do projeto na FAS, Gil Lima, a proposta foi baseada na essência da economia circular, com o foco especial em um conjunto de soluções que contribuam positivamente para uma nova geração de renda aos moradores da comunidade de Terra Preta.

De baixo impacto ambiental, a proposta incentiva o uso sustentável da biodiversidade, promovendo conservação do meio ambiente e desenvolvimento social local, além de cuidar das pessoas que cuidam da floresta.

Cobra grande, onças, pássaros encantados, cabe tudo no imaginário criativo dos amazônidas (Reprodução/Divulgação – FAS)

As peças em madeira foram criadas a partir das incríveis histórias da floresta repassadas por gerações. “Numa grande roda de contação de histórias, com a colaboração de todos, os desenhos dos objetos de madeira foram surgindo a partir do lápis de um artesão. Os bancos juntam fragmentos de imagens desse universo compartilhado”, comentou Gil Lima.

O Banco “Lili-Pé Melado” traz as representações da Lili, uma cobra gigante que surgiu no Rio Negro após um terremoto e o “Pé-melado” conta a história de um par de pés que caminha a noite pela lama da comunidade e já foi ouvido por vários artesãos.

O “Banco de Duas Cabeças” traz em si a história do avô de Sérgio, um dos artesãos, que se transformava em porco; o “Banco do Matin” é um pássaro encantado sem penas e feito só de ossos, que possui um assovio arrepiante e já perseguiu alguns dos homens.

Histórias encantadas de Terra Preta

A Cobra Lili

Uma cobra preta que sempre aparece, deixando imensas marcas na terra do barranco. Estimam que tenha entre 7 e 8 metros de comprimento e muitos já a viram boiando no rio. Para alguns, a cobra surgiu há 30 anos saindo de uma fenda após um terremoto na região.

O caçador perverso

Um caçador perverso atirou em uma Guariba que carregava um filhote, ignorando o gesto que o animal fazia com a mão para se proteger. Após o tiro, todos os demais macacos do bando desceram da árvore e o atacaram. O homem ficou transtornado e morreu em 3 dias.

Padre sem Cabeça

A entidade é vista sempre na mata convidando as pessoas que passam para fumar.

O rio e a floresta amazônica são fontes inesgotáveis de histórias encantadas para os povos que nela habitam (Reprodução/Internet)

Pequena comunidade

A comunidade de Terra Preta está localizada na Reserva de Desenvolvimento Sustentável (RDS) Rio Negro, na margem norte do rio a 80 km de Manaus, aproximadamente 5 horas de barco.

Seu nome vem do solo escuro e fértil que permeia a Bacia Amazônica. O local não faz parte do roteiro turístico do Rio Negro e possui como principal atividade econômica a extração da madeira e o monitoramento da floresta.

A pequena comunidade de aproximadamente 230 pessoas possui quatro igrejas e apenas uma escola que atende aos alunos do ensino fundamental ao médio.

Rosebaum e seu instituto

O “Instituto A Gente Transforma” coopera para reconquistar autoestima de comunidades que permanecem à margem da sociedade, por meio de ações que retomam saberes ancestrais e trazem benefícios concretos para o indivíduo e suas comunidades: liberdade, autonomia e prosperidade.

Marcelo Rosenbaum é brasileiro, Professor Honoris Causa de arquitetura e está à frente da Rosenbaum Arquitetura e Design há mais de 20 anos. Fundador do Instituto A Gente Transforma, que desenvolveu a tecnologia social, intitulada Design Essencial. Os produtos são comercializados pela empresa Dpot Objeto por meio do Whatsapp (11) 99907-3189.

(1) Comunidade a 80 km de Manaus.

(*) Com informações da FAS

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