Em pauta na COP26, clima desregulado na Amazônia tem modificado tamanho de pássaros

Patinho-de-coroa-dourada, ave encontrada na floresta Amazônica. (Cameron Rutt/ Reprodução)

Victória Sales – Da Revista Cenarium

MANAUS – O estudo publicado pela revista ‘Science Advances’, na sexta-feira, 12, apontou que o aquecimento global e a mudança climática está afetando o tamanho dos pássaros da Amazônia. A pesquisa foi liderada por pesquisadores brasileiros e estrangeiros, juntamente com o Projeto de Dinâmica Biológica de Fragmentos Florestais, do Instituto Nacional de Pesquisas da Amazônia (Inpa).

O projeto foi analisado com dados morfométricos coletados nos últimos 40 anos. O estudo mostra ainda que pesquisas feitas com pássaros migratórios já haviam alertado para o impacto do clima, quando se trata do tamanho de uma ave. Naquele período, não foram associados os dois fatores para o questionamento sobre o processo migratório, com os fatores de impacto, como por exemplo, a perda do habitat e a caça.

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Dados

No estudo mais recente sobre o assunto, os pesquisadores concentram as análises em 77 espécies de aves não-migratórias da floresta Amazônica e, coincidentemente, o resultado foi o mesmo, o que resultou que os pássaros estão cada vez menores por conta da mudança no clima e o aquecimento global. O estudo foi realizado no Centro de Biodiversidade da Amazônia, próximo a Manaus, que na época esquentou 1,65ºC, na estação seca e, 1,0ºC, no período chuvoso.

De acordo com os pesquisadores que estiveram à frente do estudo, todas as 77 espécies apresentaram massa média menor desde o início dos anos 1980. O aumento no tamanho das asas das aves também chamou a atenção dos pesquisadores, que um terço das espécies, chegando a 69%, apresentaram asas mais longas.

“As mudanças morfológicas sazonais e de longo prazo sugerem uma resposta às mudanças climáticas e destacam suas consequências generalizadas, mesmo no coração da maior floresta tropical do mundo”, afirmam os pesquisadores. Atribuímos esses resultados a pressões para aumentar a economia de recursos sob aquecimento”, afirmaram os pesquisadores.

Os estudiosos destacam, ainda, que “ambas as mudanças morfológicas sazonais e de longo prazo sugerem uma resposta às mudanças climáticas e destacam suas consequências generalizadas, mesmo no coração da maior floresta tropical do mundo”.

“O alongamento das asas é mais difícil de explicar usando a teoria existente. Asas mais longas são interpretadas como um análogo temporal da regra de Allen, onde extremidades pronunciadas do corpo melhor descarregam o calor, mas esta explicação assume que asas mais longas refletem ossos de asas mais longas, ao invés de, simplesmente, penas mais longas (que não dissipam o calor)”, explicaram os pesquisadores.

COP26

Brasil e países industrializados se uniram e firmaram uma meta estabelecida na Conferência das Nações Unidas sobre as Mudanças Climáticas (COP26) para conter o limite da temperatura em 1,5ºC, ainda neste século. O posicionamento do Brasil em apoiar a meta é uma forma de qualificar o governo para que assim possa receber recursos de comunidades financeiras internacionais. A iniciativa defende o limite da temperatura até 2100.

Pela primeira vez, os países precisarão revisar e contribuir com compromissos voluntários de redução de emissões de gases poluentes. Atualmente, nenhum grande emissor tem Contribuições Nacionalmente Determinadas (NDCs) em equilíbrio com a meta estabelecida de 1,5ºC. De acordo com o relatório da Organização das Nações Unidas (ONU) as NDCs, até agora, garantem um aumento de 16% nas emissões.

Desmatamento e queimadas na Floresta Amazônica (Edilson Dantas/Agencia O Globo)
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