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Em pesquisa inédita, Fiocruz RO vai analisar efeitos da vacinação contra a Covid-19 com imunizantes diferentes
A Fiocruz Rondônia busca comprar se é segurou ou não vacinar contra a Covid-19 com doses de imunizantes diferentes. (Daiane Mendonça/Reprodução)
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26 de junho de 2021
Iury Lima – Da Revista Cenarium
VILHENA (RO) – A Fundação Oswaldo Cruz (Fiocruz) procura participantes para integrar uma pesquisa inédita, realizada em Rondônia, que visa estudar a resposta imune de pessoas vacinadas contra a Covid-19 com doses iguais e doses alternadas entre imunizantes de duas farmacêuticas diferentes, processo que fica conhecido como intercambialidade inadvertida.
A Fiocruz aposta na pesquisa a possibilidade de respostas para os governantes e o Ministério da Saúde (MS), como a eficácia e a segurança (ou a falta delas) da vacinação com doses de imunizantes feitos por laboratórios diferentes. O estudo deve durar um ano, com previsão de resultados completos apenas para 2022.
Além de entender a reação dos imunizantes após as duas aplicações, o grupo de mulheres cientistas à frente do projeto inédito também vai analisar como o vírus se comporta no organismo de pessoas imunizadas, em casos em que o voluntário contraiu a Covid-19 após a vacinação completa.
A Pesquisa
A iniciativa inédita no País vai analisar os resultados de amostras de sangue e de “swab”, com material genético coletado da nasofaringe dos voluntários – o teste para detectar a presença do vírus Sars-Cov-2, causador da Covid-19 -, durante o período de 12 meses, em intervalos alternados.
Para isso, a Fiocruz deve separar todos os participantes em três grupos diferentes: no primeiro grupo, ficam as pessoas que tomaram a 1ª dose de CoronaVac e a 2ª de AstraZeneca; no segundo, ficam aqueles que receberam duas doses iguais de CoronaVac; e, no terceiro grupo, os voluntários que foram imunizados com duas doses de AstraZeneca.
Para a instituição, vista como uma das mais sérias do País, as análises vão permitir “pesquisar e desenvolver métodos que ajudem no entendimento da resposta imunológica em relação às diferentes vacinas e a presença de infecção por Sars-Cov-2 em indivíduos vacinados. Para isso serão realizados rastreio e monitoramento de pessoas vacinadas, que por meio de testes laboratoriais combinados, indicarão o padrão de resposta imunológica dos diferentes grupos estudados”.
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Contribuindo com a pesquisa, o Governo de Rondônia, por meio da Secretaria de Estado da Saúde (Sesau-RO), mobiliza profissionais de saúde vacinados para integrarem o time de pacientes voluntários. No mesmo ritmo, a Fiocruz Rondônia abre a participação para todos aqueles que tiverem interesse de fazer parte do estudo.
“Essa pesquisa tem duração de um ano, e essa duração de um ano diz respeito as nossas coletas. Como a gente está coletando agora as amostras de AstraZeneca/AstraZeneca (quem tomou as duas doses iguais do imunizante), então a gente vai começar a contar, agora, a partir deste período, que é o último grupo. Somente no ano que vem, em 2022, lá por agosto, setembro, é que a gente teria, então, a finalização da nossa pesquisa com todas as determinações que nós faremos ainda”, explicou a Doutora, Pesquisadora em Saúde Pública e Especialista em Imunologia, Juliana Pavan Zuliani, da Fiocruz Rondônia.
Além da Drª Juliana, o estudo também é coordenado por outras três pesquisadoras, as doutoras Soraya Santos e Deusilene Vieira, de Rondônia, e Adriana Valochi, da Fiocruz Rio de Janeiro. Cada uma delas conduz um grupo de alunos de doutorado de biologia experimental, que também integram a pesquisa.
Intercambialidade inadvertida
Apesar da recomendação do Ministério da Saúde (MS) para que a vacinação contra a Covid-19 no Brasil seja feita utilizando duas doses do mesmo laboratório farmacêutico para cada pessoa imunizada, o País registrou casos de intercambialidade inadvertida, situação em que o vacinado recebeu duas doses de imunizantes diferentes.
Em Porto Velho, 90 profissionais da saúde foram vacinados desta forma, recebendo a primeira dose de CoronaVac e a segunda dose de AstraZeneca. Por isso, o 1º grupo de indivíduos da pesquisa envolve essas pessoas. Assim, será possível entender as reações, bem como a eficácia e a segurança de alternar a aplicação entre as doses das farmacêuticas. “Esse nosso estudo pode trazer respostas sobre a dúvida de que: será que se faltar uma vacina, eu posso administrar uma outra vacina de uma outra plataforma?”, destacou a Doutora Juliana Zuliani.
Segundo a cientista, “com a intercambialidade vacinal, será possível avaliar se os voluntários da pesquisa estão produzindo tanto anticorpos quanto levando a diferenciação em células de memória” e ressalta que tanto a Fiocruz do Rio de Janeiro como o Ministério da Saúde foram avisados desde o início do projeto de pesquisa. “Eles estão, da mesma forma como nós, ansiosos para saber qual será o resultado final. Para que a gente possa, também, dar uma resposta aos nossos governantes”, afirmou.
Voluntários
Ao todo, 120 participantes já colaboram com o estudo:
Imunização recebida
Tipo de voluntário
Quantidade
1 dose de CoronaVac e 1 dose de AstraZeneca
Profissional da saúde
60
2 doses de CoronaVac
População em geral
40
2 doses de AstraZeneca
População em geral
20
Fonte: Fiocruz Rondônia
“Existe uma resposta individual, por isso é que a gente precisa analisar e associar esses resultados. Vamos fazer uma correlação entre os grupos e uma associação individual, também”, explicou a doutora e pesquisadora Soraya Santos.
Para participar como voluntário, basta fazer contato por e-mail ou por telefone com a Fiocruz Rondônia: [email protected] ou (69) 99279-9070. O contato será respondido, também, por mensagem, informando o agendamento da coleta de material genético e regras a seguir no procedimento.
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