Em poucas horas, Brasil atrai US$ 5,5 bilhões para fundo de florestas lançado em Belém
Por: Ana Cláudia Leocádio
06 de novembro de 2025
BELÉM (PA) – O Fundo de Florestas Tropicais para Sempre (TFFF, na sigla em inglês) conseguiu, durante o almoço oferecido pelo presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT) nesta quinta-feira, 6, em Belém (PA), aportes iniciais de US$ 5,5 bilhões de uma meta inicial de US$ 10 bilhões. O fundo é a principal proposta brasileira para garantir soluções concretas durante a realização da 30ª Conferência das Nações Unidas sobre Mudança do Clima (COP30), que começa no próximo dia 10 e termina dia 21 deste mês na capital paraense. A expectativa é de que esse número aumente nessa sexta-feira, 7, durante reunião bilateral de Lula com os representantes da Alemanha.
O presidente brasileiro fez a leitura da criação oficial do fundo, durante almoço oferecido na Cúpula dos Líderes da COP30. Ao final, os ministros da Fazenda, Fernando Haddad, do Meio Ambiente e Mudança do Clima (MMA), Marina Silva, e dos Povos Indígenas (MPI), Sonia Guajajara, anunciaram os nomes dos países que farão aportes financeiros, de fato. O Brasil já havia informado que contribuirá com US$ 1 bilhão para o TFFF.

O maior valor foi anunciado pelo ministro do Meio do Clima e do Meio Ambiente da Noruega, Andreas Bjelland Eriksen, país que entrará com US$ 3 bilhões, o que reforça a parceria que mantém com o Brasil com doações ao Fundo Amazônia. A diferença é que o TFFF não será um fundo com doações, mas de investimentos públicos e privados, cuja diferença entre a taxa de juros para quem investe e para quem toma, será o recurso utilizado para remunerar os países que conservam suas florestas tropicais. A Indonésia aportará outro US$ 1 bilhão e, a França, EUR 500 milhões, o que atinge os US$ 5,5 bilhões.
Para que o fundo se torne operacional, segundo Haddad, são necessários US$ 25 bilhões, que podem chegar a longo prazo. Segundo o secretário de Clima, Energia e Meio Ambiente do Ministério das Relações Exteriores (MRE), Maurício Lyrio, 53 países apoiaram a declaração de Lula que oficializou a criação do fundo.
Destes, Alemanha, Armênia, Austrália, Áustria, Bélgica, Canadá, China, Dinamarca, emirados Árabes, Finlândia, França, Irlanda, Japão, Mônaco, Noruega, Países Baixos, Portugal, Reino unido, Suécia e União Europeia são potenciais investidores e não têm florestas tropicais. O restante foram alguns que serão beneficiados pelo fundo.

Ao todo, o TFFF deve chegar a 73 países que detêm 1 bilhão de hectares de florestas tropicais. O Brasil é dono de um terço desse tipo de vegetação, que além da Amazônia inclui uma parte da Mata Atlântica.
O desenho do TFFF projeta em US$ 125 bilhões o volume de recursos para que possa remunerar em 4 dólares o hectare de floresta preservada, conforme detalhou o subsecretário de Assuntos Econômicos e Fiscais do Ministério da Fazenda, João Paulo Resende. A expectativa, frisou, é de se chegar a esse valor em três anos. Antes, o fundo pode até remunerar quem mantém a floresta em pé, mas em valor inferior a US$ 4 dólares.
Os ministros de Lula disseram estar entusiasmados com os resultados alcançados nesse primeiro dia de Cúpula dos Líderes da COP30 e não quiseram colocar prazos para alcançar as metas e comemoraram ter atingido mais de R$ 50% do valor inicial.
Fernando Haddad afirmou que o governo sempre trabalhou com a possibilidade de conseguir US$ 10 bilhões até o final do mandato do País na COP30, que só termina no final de 2026. A expectativa é de que, nos próximos meses, após conhecerem os detalhes sobre o TFFF, os chefes de Estado comecem a aportar recursos, inclusive os países que serão os maiores beneficiados. “Já tivemos alguns anúncios e outros que serão feitos nos próximos anos”, afirmou o ministro.
Para Marina Silva, tantos os recursos públicos quanto os privados terão retorno, primeiro que serão remunerados pelas taxas de juros operadas pelo fundo e, depois, porque contribuirão pela preservação das florestas.

Sobre o fundo
TFFF: Tropical Forest Forever Fund (Fundo de Florestas Tropicais para Sempre)
- Meta total: US$ 125 bilhões
- Meta operacional: US$ 25 bilhões
- Meta no mandato da COP30: US$ 10 bilhões
- Valor já alcançado: US$ 5,5 bilhões
- Origem dos recursos: público e privado
- Objetivo: remunerar em R$ 4 dólares o hectare de floresta tropical preservada
- Países beneficiados: 73
- Volume de florestas tropicais: 1 bilhão de hectares
