Região Norte tem maior queda de renda e aumento de despesas na pandemia, diz estudo
16 de abril de 2022
Renda per capita em Manaus é menor do que em outras cidades do país (Ricardo Oliveira/Cenarium)
Bruno Pacheco – Da Revista Cenarium
MANAUS — Uma pesquisa divulgada nessa quinta-feira, 14, revelou que o Norte foi a região do Brasil que mais sentiu os impactos da pandemia do coronavírus. Após dois anos de Covid-19, 41% da população nortista entrevistada pelo estudo “Pandemia e os Impactos Financeiros” disse que a renda diminuiu e 62% afirmaram ter mais despesas. O levantamento foi realizado pelo Serasa, em parceria com o Instituto Opinion Box, e é a consolidação de uma análise comparativa entre os resultados obtidos em fevereiro de 2021 e fevereiro de 2022.
De acordo com o estudo, outros 35% da população da Região Norte informaram à pesquisa que não tiveram alteração na renda e 24% que tiveram aumento. Para a economista Denise Kassama, vice-presidente Conselho Federal de Economia (Cofecon), a pandemia ajudou a piorar um cenário que já não era dos melhores.
41% da população nortista entrevistada pelo estudo disse que a renda diminuiu e 62% afirmaram ter mais despesas (Ricardo Oliveira/Cenarium)
Segundo Denise, a pesquisa do Serasa com o Opinion Box corrobora com um dado recente do Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE), que mostra que Manaus, capital do Amazonas, tem a segunda pior renda do País, dentre as capitais, perdendo apenas para São Luís, capital do Maranhão.
“Inegavelmente, temos que considerar que a renda média do brasileiro caiu e a pandemia ajudou a piorar um cenário que já não era dos melhores. O custo de vida na Região Norte é de fato elevado, devido à logística que encarece os valores. Com os frequentes altas dos preços dos combustíveis, este custo se eleva também”, comentou a especialista.
A vice-presidente do Cofecon salienta que, considerando a baixa densidade demográfica do Amazonas, assim como as distâncias e os modais utilizados, os preços tendem a se elevar ainda mais e o custo de vida da população acaba não sendo acompanhado por um aumento de renda.
“O custo de vida aumenta, mas, infelizmente, a renda não acompanha. Assim vemos este triste cenário de desemprego e aumento dos indicadores de pobreza e extrema pobreza na nossa região”, lamentou a economista Denise Kassama.
Impactos da pandemia no Brasil
Segundo a pesquisa, houve aumento na disposição para empreender para os entrevistados de todo o País. Os brasileiros buscaram renda por conta própria, reduzindo o uso do dinheiro vivo (em espécie), substituindo pelo Pix. A pesquisa revela ainda que o Brasil passou a priorizar gastos em casa, como TVs por assinatura, além de reduzir investimentos com lazer externo.
O estudo mostra que a renda diminuiu para um terço da população brasileira (34%), mas para outros 41% não houve alteração. Entre os que registraram aumento de renda no País, houve um crescimento de oito pontos percentuais quando comparado 2021 com 2022. No ano passado, eram 17% e, atualmente, são 25% com mais renda. Assim como na Região Norte, o número de pessoas no Brasil que verificaram aumento nas despesas com a pandemia foi de 50%, em 2021, para 63%, em 2022.
Apesar do aumento de gastos e a queda da renda, mais brasileiros voltaram a pagar as contas em dia. Em 2021, o percentual de pontualidade desse dado saiu de 46% para 51%, em 2022, quando o País completou dois anos de pandemia. O Norte, por outro lado, não vivenciou o mesmo. Segundo a pesquisa, somente 38% da população nortista entrevistada afirmaram que realizam pagamento das contas em dia e 39% dentro do vencimento e outras em atraso.
Os demais dados são: 51% dos entrevistados no País disseram ter cortado os gastos desnecessários em 2022, enquanto que na Região Norte a porcentagem foi de 46%. No Brasil, 67% disseram que agora dão mais importância em ter dinheiro guardado, 62% admitiram ter aprendido a cuidar melhor do dinheiro e 54% perceberam que gastavam muito com o que não precisavam.
O levantamento revela que, na Região Norte, os números se assemelham: 71% dos nortistas disseram que agora dão mais importância em ter dinheiro guardado, outros 70% admitiram ter aprendido a cuidar melhor do dinheiro e 61% perceberam que gastavam muito com o que não precisavam.
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