Em protesto na COP26, Bolsonaro e outros líderes mundiais são chamados de ‘criminosos do clima’

Ativistas com máscaras de líderes mundiais, apresentados como criminosos climáticos, em protesto em Glasgow, na Escócia, onde acontece a COP26 (Ana Estela de Sousa Pinto/Folhapress)
Com informações da Folha de S. Paulo

GLASGOW (ESCÓCIA) – O presidente do Brasil, Jair Bolsonaro (Sem partido), virou alvo de protesto durante a Marcha do Clima promovida na tarde desta sexta-feira, 5, por entidades de jovens, entre elas a Fridays For Future, da ativista sueca Greta Thunberg.

Além de alguns gritos de “Fora, Bolsonaro!”, ele foi citado por indígenas brasileiros e de países sul-americanos como uma ameaça às suas comunidades e um dos principais responsáveis pela destruição da Amazônia, em discursos feitos na praça George, no centro de Glasgow .

O presidente brasileiro também virou personagem de uma performance, em que supostos policiais arrastavam pela praça uma fileira de ativistas com máscaras de líderes acorrentados uns aos outros.

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Ativistas com máscaras de líderes mundiais, acorrentados e apresentados como criminosos climáticos, desfilam durante protesto contra a crise climática, em Glasgow, na Escócia, em que acontece a COP26; estavam representados o ex-presidente dos EUA Donald Trump, o presidente chinês, Xi Jinping, Bolsonaro, o primeiro-ministro da Austrália, Scott Morrison, o líder russo, Vladimir Putin, o magnata da mídia Rupert Murdoch, e o premiê indiano, Narendra Modi.
Ativistas com máscaras de líderes mundiais, apresentados como criminosos climáticos, em protesto em Glasgow, na Escócia, onde acontece a COP26 (Ana Estela de Sousa Pinto/Folhapress)

“Criminosos do clima passando! Criminosos do clima passando!”, gritavam os agentes fictícios enquanto faziam desfilar as figuras do ex-presidente dos EUA Donald Trump, o presidente chinês Xi Jinping, presidente Bolsonaro, o primeiro-ministro da Austrália Scott Morrison, o líder russo Vladimir Putin, o magnata da mídia Rupert Murdoch, e o premiê indiano Narendra Modi.

“Não há consciência envolvida nas ações de Bolsonaro, no momento. Ele faz apenas o que é conveniente para si mesmo, para seus seguidores e, talvez, para os que o controlam”, disse o canadense Philip McMaster, da Associação Ações Vitais para o Desenvolvimento Sustentável, um dos participantes da marcha, que reuniu milhares de pessoas.

A imagem de vilão climático do governo brasileiro na manifestação contrasta com o discurso da delegação do Brasil a 2,5 km dali, no centro de convenções em que acontece a COP26: a de que o País melhorou suas metas de corte de emissões e combate ao desmatamento.

Greta Thunberg fala diante de manifestantes em Glasgow (Russell Cheyne/Reuters)

Nas salas de reuniões de acesso restrito do edifício cercado por barreiras e catracas, o governo do Brasil antecipou de 2030 para 2028 sua promessa de zerar o desmatamento ilegal, adiantou para 2050 o ano em que pretende alcançar a neutralidade de carbono, assinou declaração sobre florestas e acordo para a redução da emissão de metano e prometeu um corte de emissões maior que o de 2020 — embora ambientalistas digam que não há avanço em relação a 2015.

Ofertas e anúncios, porém, não valem nada para os ativistas, como mostram o discurso de Greta, os vários que a precederam e cartazes empunhados pelos participantes da marcha: “Chega de blá-blá-blá!” foi uma das frases mais ouvidas no protesto.

“Esta COP é apenas um evento de relações públicas, com lindos discursos e anúncios de promessas, mas não há ação. É um festival de ‘greenwashing’ (fachadas ambientais, sem resultados concretos) do norte global. Uma celebração do blá-blá-blá, enquanto os mais vulneráveis estão se afogando”, disse Greta em seu discurso.

Da esq. para a dir., as estudantes de medicina Beth, 21, Marina, 22, Lizzy, 20 e Maria, 21, que querem que o currículo médico inclua o ensino sobre a crise climática, capaz de provocar pandemias, em marcha do clima em Glasgow
Da esq. para a dir., as estudantes de medicina Beth, 21, Marina, 22, Lizzy, 20 e Maria, 21, que desejam que o currículo médico inclua o ensino da crise climática (Ana Estela de Sousa Pinto/Folhapress)

O pedido de menos promessa e mais ação vinha também da plateia. “Aja! Ou o diagnóstico será terminal”, dizia a faixa segurada por quatro estudantes de medicina com uniformes hospitalares.

“Os líderes precisam parar de falar e tomar medidas práticas”, disse a alemã Marina, 22, que protestava ao lado de três colegas da Faculdade de Medicina da Universidade de Glasgow.

Uma de suas principais reivindicações é que o currículo de medicina inclua a crise climática, porque ela está conectada a crises de saúde, disse a romena Maria, 21. “Pensem no impacto que teve a Covid, multipliquem por dez e entendam que o futuro está em risco”, afirmou a inglesa Beth, 21, de Leeds.

Também entre elas, a imagem do Brasil era a de um País com a natureza em risco. “Há uma grande biodiversidade que precisa ser protegida por todos nós”, disse a galesa Lizzy, 20, de Cardiff.

Opinião semelhante têm as estudantes de geografia escocesas Rosie, 21, e Mhairi (pronuncia-se Vári), 20, que segurava uma placa “Estão queimando a Amazon errada”. “A Floresta Amazônica é um recurso muito precioso para ser perdido. O mundo, o Brasil, a Colômbia e todos nós temos que protegê-la”, diz Mhairi.

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