Em RO, ambientalistas e agricultores buscam recuperação de áreas de preservação permanente

Com mais de 200 nascentes, 70% de todas as APPs no entorno do rio precisam de reparação ambiental (Reprodução/Rogério Aderbal) 

Iury Lima – Da Revista Cenarium

VILHENA (RO) – Apostando na agroecologia, em busca de uma parceria com agricultores de pequenas propriedades rurais do interior de Rondônia, ambientalistas da Associação Ecológica Guaporé – Ecoporé, pretendem reflorestar matas ciliares degradadas no entorno do Rio Pirarara, localizado no município de Cacoal, na Região do Café, a 480 quilômetros de Porto Velho. 

O Pirarara é um dos principais afluentes do Rio Ji-Paraná, também conhecido como Machado. Sua bacia hidrográfica é distribuída por mais de 13,2 mil hectares, algo superior a 170 campos de futebol, de acordo com o diagnóstico socioambiental feito pela Promotoria de Justiça de Cacoal. Dentro desta área, estão 204 nascentes, além de 1.357 hectares de Áreas de Preservação Permanente (APPs), ou seja, uma extensão superior a 19 campos de futebol juntos, sendo que 70% de tudo isso precisa de reparação ambiental. 

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Agricultores familiares e demais produtores rurais que tenham propriedades no entorno da bacia, podem, por meio do preenchimento de um formulário, integrar a força-tarefa de recomposição florestal e de limpeza das águas. “Eles se cadastram e recebem as mudas e os materiais para fazer isolamento da área. A contrapartida é a mão de obra para plantar e cuidar do perímetro”, informou a organização.

A bacia hidrográfica do Rio Pirarara é distribuída por mais de 13,2 mil hectares, algo superior a 170 campos de futebol (Reprodução/Universidade Federal de Rondônia – UNIR)

Em entrevista à CENARIUM, o engenheiro florestal da Ecoporé e coordenador do projeto Águas do Pirarara, Leonardo Ribas Amaral, explica que o objetivo inicial é recuperar ao menos 30 hectares de APPs, “tanto de nascentes quanto de cursos d’água”.

“Teremos, ainda, assistência técnica especializada e doação de 50 mil mudas, além de material de isolamento para evitar fontes de degradação. O projeto tem abrangência, principalmente, na sub-bacia do Rio Pirarara e seu entorno, no município de Cacoal, visando atender agricultores e agricultoras e propriedades rurais do município“, explicou Amaral sobre a iniciativa que conta com atividades programadas para todo o decorrer de 2022.

O engenheiro florestal da Ecoporé e Coordenador do Projeto Águas do Pirarara (Iury Lima/Cenarium)

Benefícios no campo e na cidade

Ainda de acordo com a associação, cerca de 180 propriedades rurais estão localizadas no entorno do rio. Por isso, convidá-los ao reflorestamento e à limpeza do Pirarara é uma forma de apoiar os agricultores, visto que melhorando a produção hídrica, aumenta-se a produtividade das lavouras e melhoram-se as condições de abastecimento de água para o consumo aos quase 100 mil cacoalenses.

O Rio Pirarara tem 204 nascentes e mais de 19 campos de futebol em Áreas de Preservação Permanente (Reprodução/Ecoporé)

Financiamento

Logo nesta primeira fase, também serão pagos os serviços ambientais de 50 hectares de áreas de nascentes com vegetação florestal nativa conservada.

Os recursos para a execução do projeto são do Fundo de Reconstituição de Bens Lesados (FRBL) do Ministério Público de Rondônia (MP/RO). A iniciativa foi escolhida pelo MP/RO, entre outros projetos selecionados no edital de 2020 para trabalhos na área de Meio Ambiente e Sustentabilidade.

Por meio de nota, o Ministério Público informou à CENARIUM que serão destinados R$ 460.800,00, visto que o órgão do Judiciário considera a iniciativa como “medida necessária para evitar um colapso na captação e no fornecimento de água nas regiões rural e urbana, garantindo água de qualidade”. 

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