Em RO, Parque Estadual de Guajará-Mirim sofreu desmatamento avaliado em R$ 80 milhões

11 mandados de busca e apreensão foram expedidos contra os integrantes da organização criminosa. (Rodrigo Lemos/Reprodução)

Iury Lima – Da Revista Cenarium

VILHENA (RO) – Uma investigação do Ministério Público do Estado do Rondônia (MP-RO) apontou que o Parque Estadual de Guajará-Mirim, localizado no Estado, sofreu danos ambientais que ultrapassam a soma de R$ 80 milhões antes de perder cerca de 50 mil hectares (dos mais de 216 mil), por decisão do governador Marcos Rocha (sem partido). O desmatamento teria sido realizado por um grupo criminoso que atua na área. 

O parque é uma das Unidades de Conservação (UCs) reduzidas pela Lei Complementar nº 1.089/2021, publicada em maio deste ano. A UC teve território redefinido junto da Reserva Extrativista Jaci-Paraná, que perdeu quase 90% de sua área total, restando apenas matas ciliares. Foi a maior redução de reservas ambientais já aprovada por algum Estado brasileiro. O caso tramita na Justiça.

Desmatamento já ocorria dentro do Parque Estadual de Guajará-Mirim antes da redução que o deixou com apenas 166 mil hectares. (Rodrigo Lemos/Reprodução)

Operação “Bico Fechado”

Depois das investigações que tiveram início em 2020, motivadas pela confirmação da existência de uma organização criminosa atuando no desmatamento, o Ministério Público desencadeou nessa quarta-feira, 9, a Operação “Bico Fechado”, com o objetivo de combater a ocupação, comércio e exploração ilegal dos recursos naturais do parque estadual e também da região conhecida como “Bico do Parque”, mata em volta da área delimitada, que funciona nesses locais, geralmente, como amortecedor da destruição ao redor.

A ação visa cumprir 11 mandados de busca e apreensão em Nova Mamoré (RO), a 280 quilômetros de Porto Velho, e na própria capital, para desfazer o grupo e o esquema. Para isso, a operação conta com o apoio da 2ª Promotoria de Justiça de Guajará-Mirim, do Grupo de Combate ao Crime Organizado (Gaeco) e da Polícia Civil. 

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O MP ainda não divulgou o balanço oficial da operação, mas contabiliza, até agora, mais de R$ 80 milhões em danos ambientais. 

Embates antigos

Em maio do ano passado, a polícia caiu em uma emboscada realizada por criminosos, enquanto fiscalizava o Parque Estadual de Guajará-Mirim, na região do município de Nova Mamoré.

De acordo com o boletim de ocorrência feito por agentes da Polícia Militar Ambiental, policiais militares e civis adentraram à mata por suspeita de desmatamento e loteamento de terras para a criação de gado.

Os agentes encontraram pontes caídas, árvores derrubadas para dificultar o acesso e chegaram a passar uma noite na floresta. No dia seguinte, foram emboscados por cerca de 60 pessoas encapuzadas, que ameaçavam queimar as viaturas. Houve confronto armado e uso de spray de pimenta para dispersar os criminosos, mas ninguém se feriu.

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