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Em Roraima, garimpeiros fazem novo ataque ao povo Yanomami e trocam tiros com policiais federais
Participantes do Fórum de Lideranças Yanomami e Ye’kwana formam frase no centro da maloca (Victor Moriyama/ISA)
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12 de maio de 2021
Marcela Leiros – Da Revista Cenarium
MANAUS – Garimpeiros, que atuam ilegalmente dentro da Terra Indígena (TI) Yanomami em Roraima, voltaram a promover novo ataque nessa terça-feira, 11. Desta vez, agentes da Polícia Federal (PF) que estavam na comunidade indígena Palimiu, às margens do rio Uraricoera, trocaram tiros com os garimpeiros, de acordo com a Articulação dos Povos Indígenas do Brasil (Apib).
Este foi o segundo ataque em menos de 48 horas e o quarto em cerca de 15 dias. Os policiais federais foram à comunidade a pedidos dos indígenas para apurar o ataque de garimpeiros ilegais contra os yanomami que ocorreu na segunda-feira, 10. Na ocasião, três garimpeiros morreram e um indígena foi ferido. De acordo com representantes dos yanomami, os ataques são uma retaliação à apreensão de combustível usados no garimpo ilegal dentro da área de conservação.
Risco de massacre
Os conflitos entre indígenas do povo Yanomami e garimpeiros já foram alvo de ações judiciais e pedidos de providências do Ministério Público Federal (MPF/RR) e da Apib. Nessa terça-feira, a Associação requereu novamente ao Supremo Tribunal Federal (STF) a retirada de invasores da Terra Indígena (TI) Yanomami. Assim como os indígenas residentes no local, a Apib vê o sério risco de genocídio.
A petição protocolada solicita que “a União informe quais medidas estão sendo tomadas para fiscalização da TI Yanomami” e ainda reitera “a necessidade de se determinar a retirada de invasores, com urgência, da TI Yanomami, ante a iminência de um genocídio e a escalada de disseminação de malária e Covid-19 na referida TI por garimpeiros ilegais”. A Apib afirma que se o STF não tomar providências para assegurar a vida dos indígenas da TI Yanomami se soma à negligência do Executivo diante de mais um genocídio indígena.
O MPF/RR alerta sobre os conflitos desde 2020. No ano passado, a Justiça Federal, a pedido do órgão, determinou a adoção imediata de um plano emergencial de ações para conter o avanço da doença na Terra Indígena e o combate ao garimpo ilegal, assim como a retirada dos infratores da Terra Indígena. Em nota, o MPF informou que aguarda informações oficiais de agentes de campo para adotar as medidas cabíveis, dentro dos procedimentos já existentes sobre garimpo ilegal em terras indígenas.
Exploração desenfreada
A atividade garimpeira na região se intensifica desde 2020, quando houve um aumento de 30% na degradação ambiental na região, de acordo com o relatório “Cicatrizes na floresta”, do Instituto Socioambiental em parceria com Hutukara Associação Yanomami e Wanassedume Associação Ye’kwana.
Monitoramento aponta que as bacias de ao menos quatro rios da TI Yanomami -Mucajaí, Uraicoera, Catrimani e Parima – estão entre as mais afetadas. Os garimpeiros tomaram o Porto do Arame, localizado no rio Uraricoera, ponto estratégico na TI Yanomami, uma vez que é o meio de acesso ao território. Os garimpeiros passaram a controlar o fluxo do ponto, chegando até a cobrar pedágio dos próprios indígenas.
Outro problema que chega com a invasão do garimpo no território é a disseminação de Covid-19 e surtos de malária, colocando em risco sanitário as comunidades. Houve um salto de mais de 250% de casos de Covid-19, de acordo com a Apib.
Veja o vídeo divulgado pela Apib:
A reportagem da CENARIUM entrou em contato com a Polícia Federal para saber mais detalhes da ação e das providências que serão tomadas, mas não obteve retorno até a publicação desta matéria.
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