Em Roraima, Justiça determina retomada das operações para retirada de garimpeiros da TI Yanomami


24 de maio de 2022
Em Roraima, Justiça determina retomada das operações para retirada de garimpeiros da TI Yanomami
A medida foi resultado de ação movida pelo MPF que solicitava a retomada das operações policiais para retirada de invasores que promovem o garimpo ilegal na terra indígena (Reprodução)
Com informações da assessoria

RORAIMA – A Justiça Federal, em Roraima, expediu decisão, nesta segunda-feira, 23, que volta a obrigar a União, o Instituto Brasileiro do Meio Ambiente e dos Recursos Naturais Renováveis (Ibama) e a Fundação Nacional do Índio (Funai) a se articularem para atuação no combate a ilícitos ambientais na Terra Indígena Yanomami (TIY), em Roraima.

A medida foi resultado de ação movida pelo Ministério Público Federal (MPF) que solicitava a retomada das operações policiais para retirada de invasores que promovem o garimpo ilegal na terra indígena. O pedido apontava que os órgãos do governo federal vinham desrespeitando decisões judiciais anteriores que impuseram a retirada de todos os garimpeiros da TIY, sob pena de R$ 1 milhão.

Na ação, o MPF solicitava que o Ministério da Saúde retomasse os atendimentos na região de Homoxi. A comunidade ficou conhecida, nacionalmente, depois que imagens mostraram o posto de saúde com ameaças estruturais, devido a uma cratera de garimpo que se abriu ao lado da construção, e após os garimpeiros terem tomado a pista de pouso utilizada pela Secretaria de Saúde Indígena para atendimento.

O órgão também pleiteava a reativação do posto de fiscalização da Funai na Serra das Surucucus, região habitada por mais de seis mil indígenas de recente contato. O local foi palco de intensa ocupação garimpeira entre as décadas de 1970 e 1980, quando então se noticiava a organização de uma “operação de guerra” voltada a difundir o garimpo e transformar a região em uma nova Serra Pelada, região do Pará. Como no passado, a Serra das Surucucus assiste a uma nova invasão garimpeira.

Diligências do MPF demonstraram o avanço do garimpo em diversas regiões da TI Yanomami. No leito do Rio Uraricoera foram constatados os maiores acampamentos e as mais complexas estruturas de apoio ao garimpo, com diversos canteiros, acampamentos e corrutelas. Na oportunidade, observou-se a existência de garimpo a apenas 300 metros da pequena comunidade de Aracaçá, onde foram colhidos relatos de aliciamento de indígenas para o trabalho de mineração ilegal e de exploração sexual de mulheres por garimpeiros.

Responsabilidades

Na decisão, a Justiça estabelece que deve ser criada uma equipe interinstitucional formada por forças de comando e controle suficientes para contenção dos ilícitos ambientais e socioambientais da região. Essa equipe deve permanecer no local até que haja extrusão de todos os infratores ambientais.

O poder público também fica obrigado a destruir ou inutilizar todos os produtos, subprodutos e instrumentos de garimpo. Na ação, o MPF explicava que o Ibama e a Funai não vinham cumprindo esse dever, e os equipamentos acabavam sendo descobertos em novas atividades de apoio ao garimpo ilegal.

A Justiça estabeleceu, ainda, que a Força Nacional permaneça na região para garantir a reabertura da Unidade Básica de Saúde de Homoxi e do posto de fiscalização de Surucucus. Segundo o MPF, a reabertura da nova base de proteção é essencial para tentar impedir o não retorno de garimpeiros ilegais à região.

Plano emergencial

Na decisão, a Justiça determina, ainda, a apresentação de um novo plano emergencial de ações para monitoramento de todo o território Yanomami, combate a ilícitos ambientais e extrusão de infratores ambientais de todos os pontos de garimpagem ilegal já identificados, tendo em vista que ficou claro que o anterior não está sendo seguido. A pena para desrespeito a esse item é de R$ 500 mil por dia.

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