Em RR, indígenas denunciam falta de estrutura em escola estadual de comunidade na TI Raposa Serra do Sol

Indígenas recuperando o telhado da Escola, afetado por conta das chuvas na região (Reprodução)
Gabriel Abreu – Da Revista Cenarium

BOA VISTA (RR) – Não é de hoje que as condições das escolas indígenas na Amazônia são mostradas na REVISTA CENARIUM. Nesta quarta-feira, 27, o Conselho Indigenista de Roraima enviou denúncia mostrando as condições da escola municipal e estadual da Comunidade Indígena Homologação, Terra Indígena Raposa Serra do Sol, município de Normandia, distante 186 quilômetros de Boa Vista.

Segundo a denúncia, o espaço foi construído pelos próprios indígenas e durante o período de chuvas a parede do único local que atende alunos desabou e prejudicou o andamento das aulas. Os alunos foram transferidos para uma sala do posto de saúde, que atenderá alunos da rede municipal de 1° período ao 5° ano e da rede estadual de 7° ano ao ensino médio.

O Governo de Roraima informou que aguarda autorização da Fundação Nacional do Índio (Funai) para iniciar as obras do prédio da Escola Estadual Indígena Arlindo Gastão de Medeiros, localizada na Comunidade da Homologação, que fica localizada no município de Normandia. Na nota diz ainda que o Estado aguarda o repasse do Ministério da Educação e Cultura que destinou recursos na ordem de R$ 676,7 mil para a construção do prédio. A nota não informou quando essas obras iniciam, enquanto isso, as crianças vão ter que estudar no prédio provisório.

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Quem registrou as condições da escola foi o tuxaua Nelino Galé. A unidade atende alunos do município e do Estado. O relato de Galé é que a própria comunidade construiu a escola e que os pais dos alunos têm tentado melhorar o acesso à comunidade colocando pedras para que os veículos não atolem na passagem pelo igarapé e assim ajudar alunos de comunidades vizinhas. Porém, mesmo diante de tantos esforços, isso não tem sido suficiente e, por isso, cobra uma solução urgente. A estrada que dá acesso à escola está em condições precárias por conta da falta de manutenção.

“É muito difícil nossa situação, nós temos a escola estadual e municipal no mesmo local. Tem vários locais improvisados onde os professores estão dando aula, seja do Estado ou do município. Onde está o recurso destinado para a construção de escolas?”, questionou o tuxaua Nelino.

Professor desde 1993, Telmo Ribeiro, do povo Macuxi, e referência na educação indígena, disse que a situação desta escola é o descompromisso do poder público. “Da mesma forma existem dezenas e dezenas de escolas que passam por essa situação. Mas, em meio de comunicação, o gestor público estadual diz que educação é prioridade, é de qualidade; os fatos mostram que não é assim”, declarou.

Em meio ao descaso com a educação escolar indígena, os pais de alunos se reúnem e constroem pequenas casinhas para que o professor possa exercer a função. “Em todos esses anos, mostramos resistência a esse descaso com nossas crianças que estão enfrentando o desafio. Enquanto houver esperança haverá resistência”, finalizou o professor.

A Escola Estadual Indígena Arlindo Gastão de Medeiros atende 49 estudantes do 6° ano do ensino fundamental e médio. Já a Escola Municipal Indígena Damásio José Raimundo também atende 49 alunos do 1° ao 5° ano. Segundo o CIR, ambas necessitam de medidas urgentes para que as crianças e adolescentes possam continuar estudando na educação formal e tendo o seu direito à educação, à dignidade e à cidadania respeitados.

(*) Matéria Atualizada em 28/07/2022 as 10:37.

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