Em SP, mulher é acusada de racismo por não permitir que enfermeiro negro aplique vacina

Os dados constam de nova versão do cronograma divulgado pela pasta (Reprodução/Maurício Bazilio/SES)

Com informações do Portal UOL

SÃO PAULO- A família de uma idosa da cidade de Taquaritinga, no interior de São Paulo, se recusou a permitir a vacinação por um enfermeiro negro durante campanha de imunização contra o coronavírus. O caso aconteceu ontem, num posto de vacinação drive thru do Ginásio de Esportes Antônio Dambrósio, que fica no Jardim Taquarão. O município tem pouco mais de 55 mil habitantes.

A assessoria de imprensa da Prefeitura de Taquaritinga confirmou o ato e explicou como teria ocorrido o racismo. “Ele se aproximou do carro para a vacinação e a filha que falou: ‘não se aproxime da minha mãe’. Ele pegou os documentos para fazer as anotações, entregou para outro profissional e voltou ao posto de atendimento para o próximo. Ele não percebeu que era um caso de racismo”, explica Andrei Fernandes Amorim, um dos funcionários da assessoria.

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Segundo testemunhas do incidente, acredita-se que a filha agiu a pedido da mãe para evitar o trabalho do profissional. A reportagem apurou ainda que pouco depois do caso, o enfermeiro – que não teve sua identidade divulgada para preservá-lo – levou tempo para perceber o que havia acontecido e somente depois de algum tempo é que concluiu tratar-se de um caso de racismo.

Apoio

“Ele comentou com os colegas e todo mundo concordou tratar-se de racismo. O enfermeiro recebeu todo o apoio dos funcionários e da Secretaria de Saúde”, informou a assessoria da prefeitura.

Embora todos tenham afirmado se tratar de um típico caso de racismo, não houve registro de Boletim de Ocorrência porque não houve identificação de quem seria a idosa e a filha. “Por tratar-se de um drive thru, são dezenas de carros que passam por ali, fica difícil identificar”, segue a explicação da assessoria.

Até o momento, o enfermeiro não registrou boletim de ocorrência sobre caso (Reprodução/Mauro Pimentel / AFP)

A prefeitura confirmou que está trabalhando na identificação. “Estamos olhando as câmeras de segurança para tentar identificar o veículo e, por tratar-se de uma cidade pequena, creio ser possível descobrir. A partir daí iremos tomar as medidas cabíveis”, conclui o funcionário da comunicação da prefeitura.

Identificação

Ao UOL, um funcionário da Secretaria de Saúde que não quis se identificar confirmou que o caso abalou o enfermeiro e revoltou outros funcionários, mas que a postura dos chefes teria acalmado a situação porque a vítima teria se sentido protegida. “Ele está se sentindo seguro e bastante querido por todos. É um doce de pessoa e é uma pena que tenha acontecido”.

A Prefeitura de Taquaritinga confirmou ao UOL que seguirá investigando o caso e deverá soltar nota oficial apenas depois que tiver maiores detalhes sobre o ocorrido. A reportagem entrou em contato com a Delegacia Civil da cidade e confirmou que não há registro de crime de racismo, mas explicou que não é necessário a vítima identificar o suspeito.

“Quanto mais elementos houver sobre a autoria vai ajudar na investigação, mas não é obrigatória a identificação”, explica um investigador da cidade, que já tinha conhecimento do caso e que preferiu não se identificar. Segundo ele, não há informações se a prefeitura pretende registrar o caso.

Taquaritinga já iniciou a vacinação de idosos a partir de 77 anos e aplicou 4.502 doses até a manhã de hoje, o que equivale a 7,84% da população, índice superior à média brasileira, que está abaixo de 4%.

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