Em três meses, Amazonas registrou 90 casos de violência sexual infantil

18 de maior - Dia Nacional do Combate à Exploração Sexual de Crianças e Adolescentes (PCDF/Divulgação)
Isabella Rabelo – Da Revista Cenarium

MANAUS (AM) – Nos três primeiros meses de 2024, o Estado do Amazonas registrou 90 casos de violência contra crianças e adolescentes. Os dados são do Painel de Indicadores Criminais da Secretaria de Segurança Pública do Amazonas (SSP-AM). Os números indicam um aumento de 54% em relação ao mesmo período de 2023.

No ano passado, houve um crescimento de 37% nos casos de estupro de menores de 8 anos, conforme dados divulgados pelo Anuário Brasileiro de Segurança Pública. Manaus registrou 451 casos durante o ano passado, segundo dados da SSP-AM.

O Dia Nacional do Combate à Exploração Sexual de Crianças e Adolescentes, designado ao dia 18 de maio, foi instituído no Brasil em 2000, visando conscientizar e sensibilizar a sociedade sobre a importância da proteção infantil e reforçar as iniciativas de luta e justiça contra esse crime.

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A data faz alusão ao caso da menina Araceli Cabrera Crespo, ocorrido em 1973. A criança tinha apenas 8 anos quando foi violentada e assassinada após sair de casa para ir à escola. Apesar da condenação inicial dos suspeitos em 1980, o julgamento foi anulado pelo Tribunal de Justiça do Espírito Santo. Em 1993, o caso prescreveu sem que ninguém fosse responsabilizado.

Estima-se que a cada hora, três crianças são vítimas de violência sexual no Brasil. Mais de 60% das vítimas de estupro no País têm até 13 anos. Segundo dados do Sistema de Informação de Agravos de Notificação (Sinan), 64,3% dos abusos contra crianças e 48,8% contra adolescentes foram praticados por familiares, amigos ou conhecidos.

Caso

A ativista e influenciadora digital Ana Luisa Hickmann compartilhou em suas redes sociais seu depoimento afirmando ter sido vítima de abuso sexual durante a primeira infância. Na postagem, Ana relatou ter sofrido a violência de um tio, que, na época, era uma pessoa muito próxima da família.

“Eu sou uma sobrevivente de abuso infantil. Fui alvo de quem deveria me proteger. Eu tinha quatro anos, como a maioria também – que tem de 4 a 6 anos. Não tinha o conhecimento necessário para poder identificar que aquele tipo de toque não correspondia ao cuidado e sim ao abuso. E isso é muito confuso para uma ‘pessoinha’ dessa idade”, declarou.

A criadora de conteúdo reiterou que, apesar de ser uma lembrança dolorosa, usa a sua experiência para honrar as vítimas que vivenciaram o crime e não puderam sobreviver, além de dar voz aos casos que foram silenciados. 

“Minha dor se tornou uma missão. Cada lembrança dolorosa me impulsiona a lutar por justiça e proteção. A dor que uma vez me paralisou agora é o combustível que me mantém em movimento, transformando o sofrimento em ação”, escreveu.

Alerta

É essencial ressaltar a importância de que os governantes e a população se mobilizem para prevenir e denunciar qualquer episódio ou suspeita de exploração sexual contra crianças, ou adolescentes. A educação sexual também é elemento fundamental no combate ao crime.

Segundo orientações do conselho tutelar, é importante estar atento a sinais como mudanças repentinas de comportamento, medo ou relutância em ficar perto de pessoas específicas, problemas para dormir ou pesadelos, e comportamentos sexuais inapropriados para a idade.

A denúncia pode ser realizada por meio do Disque 100, canal da Secretaria Nacional de Direitos Humanos (SDH) que funciona 24 horas por dia. A ligação é gratuita e a identidade do denunciante é mantida em sigilo.

Leia mais: Homem é preso em flagrante por abuso sexual infantil no Pará
Editado por Aldizangela Brito
Revisado por Gustavo Gilona
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