Em um ano, Manaus piora resultado e aumenta rombo nas contas públicas


Por: Ana Cláudia Leocádio

24 de junho de 2025
Em um ano, Manaus piora resultado e aumenta rombo nas contas públicas
O prédio da Prefeitura de Manaus, David Almeida e cédulas de real (Fotos: Reprodução/Semcom; Agência Brasil | Composição: Lucas Oliveira/Cenarium)

MANAUS (AM) – Ao lado de Rio Branco (AC), Manaus está entre as duas cidades da Amazônia Legal que aumentaram o déficit das contas públicas, de 2023 para 2024, segundo levantamento do portal Poder360 com dados do Tesouro Nacional. A capital do Amazonas, sob gestão do prefeito David Almeida (Avante), saiu de um rombo de R$ 10,6 milhões, em 2023, para R$ 120,8 milhões, no ano passado, um aumento de mais de 1000%.

As informações constam no Sistema de Informações Contábeis e Fiscais do Setor Público Brasileiro (Siconfi), ferramenta do Tesouro Nacional, que recebe e analisa informações contábeis, financeiras e orçamentárias de municípios, estados e do governo federal.

Manaus faz parte do grupo de 19 capitais que fecharam o ano de 2024 com déficit primário, que é quando se gasta mais do que arrecada em determinado período e não considera os juros da dívida pública. Em todo o país, 2.978 prefeituras fecharam o ano nessa condição, das quais 2.826 apresentaram piora nos resultados. Conforme o levantamento do Poder360, 2.592 prefeituras melhoraram suas contas, seja com aumentos de superávit (739), retrações no déficit (822) ou reversões (1.031).

Capital2023 (R$ mi)2024 (R$ mi)Situação
Rio Branco-83,5-208,8Aumentou déficit
Macapá-281,1-172,7Reduziu déficit
Manaus-10,6-120,8Aumentou déficit
São Luís401,7285,6Reduziu superávit
Cuiabá165,1335,3Superávit
Belém-545,2-110,9Reduziu déficit
Porto Velho126,8252,3Reduziu déficit
Boa Vista140,5190,9Tem superávit
Palmas-5,574,4Saiu do vermelho
Fonte: Tesouro Nacional/Poder360: Valores corrigidos pela inflação a preços de maio de 2025

Na Amazônia Legal, além da capital amazonense, a capital do Acre, Rio Branco, também aumentou o déficit, de um ano para outro, em 150%, saindo de R$ 83,5 milhões para R$ 208,8 milhões, no ano passado. Fazem parte ainda do grupo das deficitárias, as prefeituras de Macapá (AP), Belém (PA) e Porto Velho (RO), com a diferença de que conseguiram reduzir consideravelmente a disparidade entre arrecadação e despesas.

Macapá reduziu o rombo de R$ 281,1 milhões para R$ 172,7 milhões. A queda em Porto Velho foi significativa, de R$ 126,8 milhões para R$ 35,2 milhões, em um ano. Desempenho parecido teve Belém, que até 2023 era a mais deficitária entre as capitais da Amazônia, com R$ 545,2 milhões, que caíram para R$ 110,9 milhões, no ano passado.

A sede da Prefeitura de Manaus (AM) (Reprodução/Semcom)

As prefeituras de Boa Vista (RR), Cuiabá (MT) e São Luís (MA), ao contrário, fazem parte do grupo das superavitárias, com dinheiro sobrando no caixa. Boa Vista, por exemplo, aumento de R$ 140,5 milhões para R$ 190,9 milhões, enquanto Cuiabá saiu de um excedente de R$ 165,1 milhões para R$ 335,3 milhões, em 2024.

A capital do Maranhão foi a única que reduziu o superávit, que era de R$ 401,7 milhões, em 2023, e caiu para R$ 285,6 milhões, ano passado. O destaque entre as capitais da Amazônia, foi Palmas (TO), que saiu de um déficit de R$ 5,5 milhões, em 2023, para um superávit de R$ 74,4 milhões, em 2024.

A CENARIUM entrou em contato com a Prefeitura de Manaus para obter informações sobre que fatores levaram o município a elevar o rombo fiscal primário, em um ano, mas ainda não recebeu resposta.

Empréstimos

Desde 2021, a Prefeitura de Manaus já recebeu autorizações para contrair empréstimos que totalizam R$ 4,2 bilhões. Em março deste ano, o vereador Rodrigo Guedes (PP) apresentou um pedido de instalação de Comissão Parlamentar de Inquérito (CPI) para investigar o destino de R$ 1,75 bilhão em empréstimos já recebidos pela Prefeitura de Manaus para projetos de infraestrutura urbana. O pedido não prosperou.

No dia 2 de maio deste ano, o prefeito David Almeida (Avante) sancionou a lei que autoriza o Município a contrair mais R$ 2,5 bilhões em empréstimos, parte também destinada para infraestrutura urbana e amortização da dívida pública, entre outros setores.

Leia mais: Haddad avalia medidas para reduzir rombo nas contas públicas
Eidtado por Adrisa De Góes

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