Com informações do Infoglobo
BRASÍLIA – O embaixador brasileiro nos Estados Unidos, Nestor Forster Junior, enviou uma carta à Comissão de Relações Exteriores do Senado americano rebatendo a manifestação de senadores democratas sobre riscos à democracia no Governo Bolsonaro. Na carta dirigida ao democrata Robert Menendez, presidente da comissão, o diplomata brasileiro diz que o político está mal informado sobre a situação do Brasil e o governo do presidente Jair Bolsonaro.
Na terça-feira, quatro senadores haviam chamado a atenção do presidente Joe Biden para a “deterioriação” do estado de direito brasileiro sob o comando de Bolsonaro, pedindo para que o líder americano advertisse seu par brasileiro para “sérias consequências”, caso haja uma ruptura democrática no país antes das eleições de 2022.
A correspondência entregue ao secretário de Estado, Antony Blinken, expressava também temores a respeito das alegações “cada vez mais perigosas” de Bolsonaro sobre as eleições de 2022, nas quais ele planeja se candidatar à reeleição. A carta é assinada por Dick Durbin, número dois na liderança do Partido Democrata no Senado, Robert Menendez, presidente da Comissão de Relações Exteriores da Casa, Ben Cardin, da mesma comissão, e Sherod Brown, da Comissão de Agricultura e Florestas.
“Lamento observar que o senhor parece estar mal informado sobre o estado das instituições democráticas brasileiras”, rebateu o diplomata brasileiro em sua mensagem aos deputados. Forster destacou ainda que em recente entrevista à imprensa Bolsonaro deixou claro que não há risco de um golpe de Estado no Brasil. “Em entrevista a um semanário brasileiro em 24 de setembro, o presidente Bolsonaro mais uma vez rejeitou as narrativas conspiratórias ao afirmar que no Brasil ‘a chance de um golpe é zero'”, completou.
O diplomata disse ainda que os dois países seguem sendo parceiros e se ofereceu para conversar com os senadores americanos sobre a relação entre Brasil e EUA.
“Prezado presidente Menendez,
Tive a oportunidade de ler sua carta sobre o Brasil dirigida ao Secretário de Estado, co-assinada com outros três senadores e publicada ontem, 28 de setembro, no site da Comissão de Relações Exteriores do Senado. Em sua carta, o senhor corretamente destacou que o Brasil é uma das maiores democracias e economias do mundo e um tradicional e forte aliado dos Estados Unidos no Hemisfério Ocidental. No entanto, lamento observar que o senhor parece estar mal informado sobre o estado das instituições democráticas brasileiras.
Após quase três décadas como deputado, o presidente Jair Bolsonaro foi eleito em outubro de 2018, com 55% dos votos válidos (57,7 milhões de votos). Sua eleição sinalizou o claro desejo do povo brasileiro e de nossas instituições de lutar contra a corrupção e defender os princípios do Estado de Direito, responsabilidade e transparência consagrados na Constituição Brasileira. A vibração e a vitalidade das instituições democráticas brasileiras contrastam fortemente com os regimes autoritários do hemisfério, que preocupam nossos dois governos.
Em entrevista a um semanário brasileiro em 24 de setembro, o presidente Bolsonaro mais uma vez rejeitou as narrativas conspiratórias ao afirmar que no Brasil “a chance de um golpe é zero”.
Eu não poderia concordar mais com sua afirmação de que “os Estados Unidos se beneficiam agora mais do que nunca de uma forte parceria com o Brasil”. De fato, estamos trabalhando muito com nossos amigos americanos em questões tão cruciais como as mudanças climáticas, um desfecho exitoso da COP26, no combate à pandemia (mais de 90% da população adulta brasileira já recebeu a primeira dose e 55% estão totalmente imunizados), defendendo princípios democráticos em nossa região e além (o Brasil já acolheu mais de meio milhão de venezuelanos, 265.000 dos quais já permaneceram no país). Brasil e EUA continuam avançando em áreas-chave como defesa, espaço (o Brasil foi o primeiro país latino-americano a aderir ao programa Artemis) e energia limpa e renovável, da qual o Brasil é líder mundial, com quase metade de todos sua energia e 85% de sua eletricidade vêm de fontes renováveis. O Brasil e os Estados Unidos são potências agrícolas e continuam a promover uma agricultura sustentável de base científica, que desempenha um papel fundamental na segurança alimentar em todo o mundo.
Fico a sua disposição para continuar nosso diálogo sobre como promover o Brasil-EUA. relações para o benefício mútuo de nossos povos”, disse.
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