Embaixador brasileiro diz que senadores dos EUA estão ‘mal informados’ sobre Bolsonaro

Embaixador Nestor José Forster Junior durante sabatina no Senado para assumir chefia da Embaixada do Brasil em Washington (Jorge William/Agência O Globo)

Com informações do Infoglobo

BRASÍLIA – O embaixador brasileiro nos Estados Unidos, Nestor Forster Junior, enviou uma carta à Comissão de Relações Exteriores do Senado americano rebatendo a manifestação de senadores democratas sobre riscos à democracia no Governo Bolsonaro. Na carta dirigida ao democrata Robert Menendez, presidente da comissão, o diplomata brasileiro diz que o político está mal informado sobre a situação do Brasil e o governo do presidente Jair Bolsonaro.

Na terça-feira, quatro senadores haviam chamado a atenção do presidente Joe Biden para a “deterioriação” do estado de direito brasileiro sob o comando de Bolsonaro, pedindo para que o líder americano advertisse seu par brasileiro para “sérias consequências”, caso haja uma ruptura democrática no país antes das eleições de 2022.

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A correspondência entregue ao secretário de Estado, Antony Blinken, expressava também temores a respeito das alegações “cada vez mais perigosas” de Bolsonaro sobre as eleições de 2022, nas quais ele planeja se candidatar à reeleição. A carta é assinada por Dick Durbin, número dois na liderança do Partido Democrata no Senado, Robert Menendez, presidente da Comissão de Relações Exteriores da Casa, Ben Cardin, da mesma comissão, e Sherod Brown, da Comissão de Agricultura e Florestas.

“Lamento observar que o senhor parece estar mal informado sobre o estado das instituições democráticas brasileiras”, rebateu o diplomata brasileiro em sua mensagem aos deputados. Forster destacou ainda que em recente entrevista à imprensa Bolsonaro deixou claro que não há risco de um golpe de Estado no Brasil. “Em entrevista a um semanário brasileiro em 24 de setembro, o presidente Bolsonaro mais uma vez rejeitou as narrativas conspiratórias ao afirmar que no Brasil ‘a chance de um golpe é zero'”, completou.

O diplomata disse ainda que os dois países seguem sendo parceiros e se ofereceu para conversar com os senadores americanos sobre a relação entre Brasil e EUA.

“Prezado presidente Menendez,

Tive a oportunidade de ler sua carta sobre o Brasil dirigida ao Secretário de Estado, co-assinada com outros três senadores e publicada ontem, 28 de setembro, no site da Comissão de Relações Exteriores do Senado. Em sua carta, o senhor corretamente destacou que o Brasil é uma das maiores democracias e economias do mundo e um tradicional e forte aliado dos Estados Unidos no Hemisfério Ocidental. No entanto, lamento observar que o senhor parece estar mal informado sobre o estado das instituições democráticas brasileiras.

Após quase três décadas como deputado, o presidente Jair Bolsonaro foi eleito em outubro de 2018, com 55% dos votos válidos (57,7 milhões de votos). Sua eleição sinalizou o claro desejo do povo brasileiro e de nossas instituições de lutar contra a corrupção e defender os princípios do Estado de Direito, responsabilidade e transparência consagrados na Constituição Brasileira. A vibração e a vitalidade das instituições democráticas brasileiras contrastam fortemente com os regimes autoritários do hemisfério, que preocupam nossos dois governos.

Em entrevista a um semanário brasileiro em 24 de setembro, o presidente Bolsonaro mais uma vez rejeitou as narrativas conspiratórias ao afirmar que no Brasil “a chance de um golpe é zero”.

Eu não poderia concordar mais com sua afirmação de que “os Estados Unidos se beneficiam agora mais do que nunca de uma forte parceria com o Brasil”. De fato, estamos trabalhando muito com nossos amigos americanos em questões tão cruciais como as mudanças climáticas, um desfecho exitoso da COP26, no combate à pandemia (mais de 90% da população adulta brasileira já recebeu a primeira dose e 55% estão totalmente imunizados), defendendo princípios democráticos em nossa região e além (o Brasil já acolheu mais de meio milhão de venezuelanos, 265.000 dos quais já permaneceram no país). Brasil e EUA continuam avançando em áreas-chave como defesa, espaço (o Brasil foi o primeiro país latino-americano a aderir ao programa Artemis) e energia limpa e renovável, da qual o Brasil é líder mundial, com quase metade de todos sua energia e 85% de sua eletricidade vêm de fontes renováveis. O Brasil e os Estados Unidos são potências agrícolas e continuam a promover uma agricultura sustentável de base científica, que desempenha um papel fundamental na segurança alimentar em todo o mundo.

Fico a sua disposição para continuar nosso diálogo sobre como promover o Brasil-EUA. relações para o benefício mútuo de nossos povos”, disse.

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