Embaixadora da Espanha vê movimento social em carta ao Congresso do Brasil

A preservação do meio ambiente brasileiro é atualmente o maior entrave para a ratificação do acordo entre o Mercosul e a União Europeia (Pedro Ladeira/FolhaPress)
Com informações da CNN Brasil

A União Europeia está atenta aos passos do Brasil na preservação do meio ambiente. Na quarta-feira, 5, um grupo de empresários europeus enviou uma carta aberta ao Congresso Nacional, ameaçando paralisar a compra de alimentos brasileiros, caso o projeto de lei de regularização fundiária seja aprovado.

Em entrevista à CNN, a ministra de Assuntos Exteriores da Espanha, Arancha González Laya, disse que há um movimento social por trás do documento encaminhado aos parlamentares. “Para o futuro, a sustentabilidade vai ser uma fonte de competitividade para a empresa. Aquela que não assumir esse compromisso de sustentabilidade será penalizada. Não porque o governo quer, mas porque os cidadãos vão penalizar seu consumo”, afirmou a embaixadora. 

Os autores da carta afirmam que o crescente desmatamento, a redução de verbas para órgãos ambientais e o projeto de lei contradizem os compromissos assumidos pelo presidente Jair Bolsonaro na Cúpula do Clima 2021. Durante o encontro global, Bolsonaro disse que pretende eliminar o desmatamento ilegal até 2030 e reduzir em 50% as emissões dos gases que causam o efeito estufa. “Agora precisamos ver a tradução completa desse compromisso que, creio, vai em uma boa direção”, afirmou a ministra espanhola. 

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Esforços insuficientes 

A preservação do meio ambiente brasileiro é atualmente o maior entrave para a ratificação do acordo entre o Mercosul e a União Europeia. Um dos motivos para o encontro, em Brasília, da representante do governo espanhol com chanceler brasileiro foi a renovação do compromisso de assinatura do acordo.

Área desmatada na região amazônica do estado do Pará (Ueslei Marcelino/ Reuters)

Em nota divulgada pelo Itamaraty, nessa sexta-feira (07), o governo brasileiro ressalta que “o instrumento trará dinamismo, transparência, previsibilidade e segurança jurídica ao ambiente de negócios entre os dois blocos”.

Para a ministra, o acordo é uma oportunidade para construir um compromisso sério na luta contra o desmatamento. Em coletiva após o encontro com o ministro Carlos França, no Palácio do Itamaraty, a chanceler disse que a Espanha apoia a ratificação do acordo entre os blocos e que a resolução apresenta o “melhor capítulo de sustentabilidade até o momento”. Ela afirmou, porém, que os esforços ainda não são suficientes.

O bloco europeu pretende criar um instrumento adicional no acordo, para oficializar que os produtos importados pelos europeus não possam ser resultantes de devastação ambiental. “Encontramos uma situação em que temos que detalhar e dar mais precisão a esse capítulo de sustentabilidade, sobretudo a um tema importante como o desmatamento”.

A preocupação dos europeus em garantir que compromissos ambientais sejam cumpridos no Brasil acontece em meio a um agravamento da  crise de desmatamento no país. O Instituto Nacional de Pesquisas Espaciais (Inpe), registrou, na sexta-feira (7), 580,55 km² devastados na Amazônia. Foi o mês de abril com a maior área desmatada na série histórica do levantamento.

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