Emissão de CO2 terá segundo maior aumento da história em 2021 no mundo, diz agência

Em média, 150,9 mil km² foram tragados anualmente pelo fogo em todo o território nacional em 36 anos; uma Inglaterra a cada 365 dias. (© Revista Cenarium/Ricardo Oliveira)

Bruno Pacheco – Da Revista Cenarium

MANAUS – O relatório anual sobre a energia global da Agência Internacional de Energia (AIE), divulgado nessa terça-feira, 20, aponta que as emissões globais de gás carbônico (CO2) terão o segundo maior aumento da história em 2021. Segundo a agência, o aumento nas emissões será de 1,5 bilhão de tonelada. Ambientalistas alertam que essa alta está ligada, principalmente, ao desmatamento e a queima de combustíveis fósseis.

“O aumento da concentração de gases que produzem o aquecimento global, entre eles o carbono, está relacionado ao nosso modo de viver e produzir. Atividades como queimadas crescentes de combustíveis fósseis e o desmatamento estão entre as principais causas do aumento que experimentamos atualmente”, destacou o ambientalista mestre em Ecologia, Carlos Duringan, da Wildlife Conservation Society (WCS) Brasil.

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A emissão de CO2, segundo especialistas, resulta em consequências que prejudicam o meio ambiente e os seres vivos. Isso ocorre por conta do lançamento descontrolado do gás carbônico na atmosfera, que junto com outros gases, são responsáveis pelo efeito estufa, fenômeno que resulta na elevação da temperatura do planeta Terra.

Relatório

De acordo com o estudo da AIE, a alta da emissão está ligada, principalmente, pela recuperação na demanda de carvão. A estimativa é ainda mais preocupante quando essa demanda ocorre no setor de energia. Ainda segundo o relatório, o crescimento do carvão deve aumentar este ano em 60%, mais do que todas as energias renováveis ​​juntas.

A pesquisa diz ainda que a demanda global de energia deve aumentar 4,6% em 2021, o que representa uma alta maior do que a contração de 4% em 2020 e 0,5% acima dos níveis de 2019. Conforme a agência, quase 70% do aumento projetado na demanda global de energia ocorre em mercados emergentes e economias em desenvolvimento, onde a demanda deverá aumentar para 3,4% acima dos níveis de 2019. O uso de energia em economias avançadas deve ficar 3% abaixo dos níveis anteriores à Covid-19.

O levantamento diz ainda que, apesar de um aumento anual esperado de 6,2% em 2021, a demanda global de petróleo deve permanecer cerca de 3% abaixo dos níveis de 2019 e, ainda, que a demanda por energias renováveis ​​cresceu 3% em 2020 e deve aumentar em todos os setores-chave (energia, aquecimento, indústria e transporte) em 2021. Já a eletricidade renovável, aponta o estudo, deve crescer mais de 8% este ano. Confira o estudo aqui.

O que é preciso para diminuir a emissão de CO2?

O ambientalista e engenheiro agrimensor, Ricardo Ninuma, afirma que para diminuir a emissão desse poluente a curto prazo, é necessário reduzir o uso de energia elétrica e transportes a motor, com o uso de energias renováveis, tais como tecnologia solar, motores movidos a álcool e elétricos, reduzir a produção de resíduos poluentes, além de conservar as florestas.

O ambientalista Ricardo Ninuma é engenheiro agrimensor há quase 40 anos (Arquivo Pessoal/Reprodução)

Segundo ele, atualmente, os principais fatores para a emissão de CO2 são as altas produções de energia elétrica, transportes a motor, aumento dos resíduos sólidos e, mais propriamente no Brasil, o desmatamento e o setor agropecuário com a criação de gados.

“As pessoas precisam aperfeiçoar os conhecimentos ambientais para ajudar na descarbonização [que se refere à redução e eliminação da emissão de gás carbônico nas atividades das pessoas e empresas em geral], evitando o uso excessivo de atividades poluentes e colaborando para diminuir as principais causas ao aquecimento global”, salientou.

Carlos Durigan reforça, também, que, para a redução da concentração de gases danosos na atmosfera, é preciso reduzir as emissões. “Isso implica em reduzir o uso de combustíveis fósseis e também conservar nossas florestas. E ainda, no caso das florestas, sua conservação não só diminui nossa emissão, mas sua restauração ajuda a diminuir o carbono da atmosfera, uma vez que as florestas retiram carbono da atmosfera no seu desenvolvimento, acumulando-o na sua biomassa vegetal”, ponderou.

Carlos Durigan é ambientalista, geógrafo e mestre em Ecologia, vive e atua na Amazônia há 20 anos (Arquivo Pessoal/Reprodução)

Para o ambientalista da WCS Brasil, o alerta sobre o aumento das emissões globais de gás carbônico tem sido dado pela ciência. O Painel Intergovernamental sobre Mudanças Climáticas (IPCC), segundo ele, lidera os estudos sobre a questão das mudanças climáticas e tem ajudado os países signatários da Convenção do Clima a estabelecerem metas para a redução das emissões.

“Infelizmente, muitos políticos negam a ciência e conduzem muita gente a desacreditarem destes alertas e a promoverem um caminho contrário do bom senso. Há décadas estes alertas são emitidos e muitos esforços têm sido empreendidos, mas os avanços ainda são irrelevantes se comparados às ações degradantes que promovem as mudanças que já estamos experimentando. Mais do que nunca, precisamos que a sociedade global pressione seus governantes a tomarem atitudes que de fato possam mudar este cenário negativo pelo qual já passamos”, finalizou.

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