Empatia e engajamento de famosos por ‘causa indígena’ gera influência positiva

Para ativistas do movimento indígena, a influência positiva é essencial para "furar a bolha" na luta por direitos (Reprodução/Instagram)
Bruno Pacheco – Da Cenarium

MANAUS – Um povo historicamente silenciado, os indígenas vêm cada vez mais ganhando visibilidade e adeptos na luta contra preconceitos e em busca por direitos. Para ativistas do movimento, a empatia e o engajamento de famosos em defesa dos povos tradicionais geram influência positiva e são essenciais para “furar a bolha” e alcançar lugares inimagináveis.

A temática ganhou força na última segunda-feira, 9, no Dia Internacional dos Povos Indígenas, com uma publicação da atriz da Rede Globo, Christiane Torloni, ao compartilhar imagens, no perfil pessoal do Instagram, demonstrando empatia, carinho e respeito aos povos originários, chamando a atenção para o extermínio indígena e desmatamento de terras isoladas.

“Enquanto tantos querem passar a boiada e meter fogo nos povos isolados, eu abraço a todos os parentes, meus amigos indígenas amados ❤️ os Xerentes, Carós, Charruas, Guaranis, Caiapós, Tupiniquis, Xavantes, Bororos, Guajajaras, Ianomâmis, Pataxós, Aimorés, Potiguaras e todos os outros”, escreveu a artista, em publicação no Instagram.

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Atriz publicou a foto em sua rede social no Instagram (Reprodução)

A mensagem ganhou comentários de gratidão de internautas, que parabenizaram a atriz pelo posicionamento, principalmente, numa data que destaca a importância da inclusão dos povos indígenas na sociedade e de resguardar seus direitos, cultura e identidade.

“Isso sim é verdadeiro sentido de amor incondicional, respeito e patriotismo aos nossos irmãos, raízes e identidade!!! Gratidão por este abraço tão representativo a cada um deles! Que cada vez possamos protegê-los mais e mais, assim como compreendermos o quão têm a nos ensinar!”, escreveu uma jovem, na rede social.

Um outro internauta afirma que respeitar os povos indígenas significa respeito por toda a humanidade e pelo futuro. “Os povos indígenas merecem respeito e seus espaços, suas terras intactas. Respeitar os povos indígenas significa respeito pela humanidade e pelo futuro”, disse o homem.

Empatia

Segundo especialistas, ter empatia pode se resumir em “se colocar no lugar do outro”, ou seja, a capacidade de se identificar com a causa de outra pessoa. Na psicanálise, há três tipos de empatia: a emocional, quando é possível sentir e compartilhar do que o outro sente, colocando-se no lugar do outro; a empatia cognitiva, caracterizada por se comunicar melhor e entender o pensamento do outro; e a empatia compassiva, quando a pessoa empática ajuda o outro efetivamente.

A terapeuta e psicanalista amazonense, Samiza Soares, reforça é a capacidade psicológica de sentir o que sentiria outro indivíduo, caso estivesse na mesma situação vivenciada por ele, tentando compreender sentimentos e emoções e experimentar o que o outro sente. De acordo com a especialista, esse sentimento começa a surgir no indivíduo a partir dos quatro anos de idade, quando criança passa a associar as emoções aos sentimentos dos outros.

A especialista salienta que a empatia leva as pessoas a ajudarem umas às outras, estando intimamente ligada ao altruísmo – amor e interesse pelo próximo – e à capacidade de ajudar. Para Samiza, a empatia também ajuda a compreender melhor o comportamento alheio em determinadas circunstâncias e a forma como outra pessoa toma as decisões.

“Um exemplo de empatia seria o caso de racismo, por exemplo. Ao ver ou saber que uma pessoa sofreu racismo, você pode ter empatia por ela, tentando entender o que ela sentiu ao sofrer com o episódio. Mesmo que o caso de racismo não seja diretamente com você, o sentimento de se colocar no lugar do outro e acolher a dor sofrida por ele são manifestações de empatia. Sendo assim, o antônimo da empatia seria a indiferença ao que o outro sofre. Na minha visão, a empatia é a capacidade que uma pessoa tem de compreender e sentir o que uma pessoa está passando ou passou”, destaca a psicanalista.

Para indígena articuladora da Rede de Jovens Comunicadores da Coordenação das Organizações Indígenas da Amazônia Brasileira (Coiab), Alana Manchineri, do povo Manchineri, do Estado do Acre, empatia é uma palavra bem complicada de entender quando lê ou escuta, mas o significado dela é descoberto, imagina-se que ela deveria existir em todo o mundo.

Natural do Estado do Acre, Alana é articuladora da Rede de Jovens Comunicadores (Arquivo Pessoal/Reprodução)

“Empatia, para mim, significa se colocar no lugar do outro, mesmo que de certa forma não seja possível, tentar pensar como o outro estaria se sentindo, o que poderia estar passando, quando se olha por meio do olhar do outro”, destacou Alana.

A jovem destaca que, pela popularidade e influência, os famosos têm o poder de estimular a geração de empatia sobre as causas indígenas.

“Ter pessoas famosas contribui para nós conseguirmos furar a bolha, é nítido que essas pessoas têm uma visibilidade enorme e por meio dessa visibilidade podemos chegar com nossas causas a lugares que dificilmente alcançaríamos. Por sua fama e sua influência, [os famosos] podem estimular a empatia sobre nossas causas. Como não pensar em algo que um cantor favorito está falando?”, refletiu a indígena Alana Manchineri.

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