Empenho por florestas na COP26 de quase US$ 12 bilhões é considerado ‘grande êxito’

Ministro britânico Zac Goldsmith com o príncipe Charles na COP-26; Reino Unido promete 300 milhões de libras para esforços na Amazônia (Phil Noble/AFP)
Com informações do Infoglobo

GLASGOW, Escócia — O compromisso político para parar o desmatamento e reverter a degradação florestal em 2030, que envolve quase US$ 12 bilhões, 124 países e perto de 90% das florestas mundiais, está sendo considerado um dos grandes êxitos da Conferência sobre Mudanças Climáticas da ONU, a COP-26, que acontece desde domingo em Glasgow.

O acordo político foi costurado pela presidência britânica da COP-26. Os Estados Unidos, a China, a União Europeia, o Brasil e a Indonésia são alguns dos países que assinaram o compromisso baseado em um mix de recursos públicos e privados.

“Este é um encontro histórico que resulta na mobilização de recursos para proteger as florestas ao redor do mundo”, celebrou o presidente da Colômbia Iván Duque Márquez, em Glasgow.

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Duque anunciou que o País não irá esperar até 2030 para cumprir a meta da Convenção de Biodiversidade de ter 30% do território transformado em área de proteção em 2030.

“Faremos isso em 2022”, prometeu ele, adiantando que está criando uma estratégia de conservação para a Amazônia.

O vice-ministro de Meio Ambiente da Alemanha, Jochen Flasbarth, resumiu o desafio global em relação às florestas. “Temos que reduzir a degradação, parar o desmatamento e investir em restauração e regeneração”.

Já o ministro do Meio Ambiente britânico, Zac Goldsmith, pontuou ser inquestionável a importância das florestas para o clima.

“É impossível exagerar a importância das florestas para o clima. Sem os grandes biomas, que estão sob ameaça, não temos chance de limitar o aquecimento em 1,5.C, não temos chance de atingir a meta de neutralidade de carbono e não temos chance de enfrentar a mudança do clima. Qualquer caminho que não inclua a natureza é um caminho questionável”, disse o ministro, em Glasgow.

“Enquanto falamos, a devastação continua a uma taxa assustadora. Perdemos 30 campos de futebol de florestas a cada minuto”, seguiu. “Reverter o desmatamento é, sem dúvida, um dos grandes desafios que temos.”

Segundo Goldsmith, a soma combinada dos compromissos “é genuinamente significativa e representa um ponto de virada para as florestas”.

Uma boa parte dos recursos vem da filantropia e da Coalizão Leaf, lançada este ano entre o Reino Unido, a Alemanha, a Noruega e um grupo de grandes empresas. O objetivo é proteger florestas tropicais. Estas fontes contribuem com recursos de US$ 7,2 billhões.

Outro acordo mira ajudar países da bacia do Congo, na África. A soma dos compromissos é de mais de US$ 1,5 bilhão.

“É uma das mais importantes regiões do mundo em biodiversidade”, detalhou o Goldsmith. “Também temos importantes compromissos para aumentar o apoio a países ambiciosos na proteção da Amazônia. O Reino Unido se comprometeu com £ 300 milhões para apoiar os melhores esforços na Amazônia, tomando por base a liderança que vimos na Colômbia.”

Uma parte dos recursos será destinada aos povos indígenas — cerca de US$ 2 bilhões.

“Não só por uma questão de justiça, mas também porque o apoio a povos indígenas e comunidades é provavelmente a maneira mais custo-efetiva e mais eficiente de proteger o ecossistema. Eles estão fazendo isso há gerações”, seguiu o ministro britânico.

Goldsmith também disse que há mais US$ 1 bilhão para um novo programa da Coalizão Leaf, através de mercados de carbono.

“Este pacote de apoio às florestas é significativo, sem sombra de dúvida, mas temos que reconhecer que os incentivos para destruir as florestas são 40 vezes maiores do que os incentivos para protegê-las”, disse.

Goldsmith mencionou ainda um esforço de 28 países que buscam promover uma “transformação sistêmica” entre países produtores e consumidores. A intenção é “romper a conexão entre a produção de commodities agrícolas e o desmatamento, como o Reino Unido está fazendo, via legislação. Estes países representam 3/4 deste comércio”.

(A jornalista viajou à Escócia a convite do Instituto Arapyaú)

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